Capítulo 19

303 4 0
                                    


Anastasia

Eu amo Halloween quando gosto da minha fantasia.
Apesar de Nate e eu não termos comprado nada, eu sabia o que queria
quando acordei na manhã seguinte na cama dele.
Quando abri os olhos, Henry estava sentado no pé da cama com uma
cara de culpado. Nate estava em pé ao lado dele, de cueca, os braços
cruzados e uma expressão de pai irritado.
— Fala — ordenou.
Henry se mexeu, desconfortável, girando o celular nas mãos.
— Me desculpa, Anastasia.
— Pelo quê?
Eu olho para Nate, que ainda está com aquela mesma expressão rígida, o
que é um pouco excitante.
— Me desculpa por ter feito você ficar com vergonha das suas
experiências sexuais e pelo jeito como come frango. Volume é algo relativo,
acho, e você é bem mais silenciosa do que a Kitt…
— Ok, ok, cala a boca, chega — interrompeu Nate, tirando-o da cama e o
empurrando até a porta. — Cai fora.
De nós três, eu que senti mais vergonha, e isso me desperta uma sede de
vingança contra esse homem superprotetor que fez essa cena toda.
Nate parecia tranquilo quando voltou para a cama, o corpo imenso me
cobrindo ao deitar entre minhas pernas. Eu ainda pensava no quanto estava
irritada quando ele começou a se esfregar em mim e a beijar meu pescoço.— Como você consegue pensar em sexo depois de acabar de me
envergonhar na frente do seu melhor amigo?
Ele parou na hora e moveu a cabeça para que eu pudesse ver sua
expressão confusa.
— Primeiro, estou sempre pensando em sexo com você… Ai —
resmungou. — Não me belisca. Desculpa se você se sentiu envergonhada,
não era minha intenção. Não gostei do que ele falou pra você. Quero que
você se sinta confortável aqui.
— Eu me sinto confortável aqui… Mas não agora. Agora eu quero me
esconder para sempre.
O sorriso dele foi de orelha a orelha.
— Isso me deixa feliz, tirando a parte de querer se esconder. Sinto muito
por você estar envergonhada, mas ele não pode falar o que quiser só porque
é fofo.
— Ele é mesmo fofo — concordei. — Adoro ele, Nathan, e, tipo, isso está
virando um problema. Eu quero apertar ele até seus olhos saltarem. Não
quero que Henry ache que arrumou confusão por minha casa.
— Ele é muito adorável. — Nathan beijou a ponta do meu nariz, me
distraindo por um segundo. — Mas, se ele não aprender, um dia vai
realmente magoar alguém. Eu me preocupo em como ele vai ficar sozinho
depois que nos formarmos, então preciso ensinar algumas coisas pra ele.
— Por mais que não goste de acordar e ver a cara de culpado do Henry,
gostei dessa sua postura de pai preocupado e sexy.
— Nem brinca, Anastasia. — Sua postura inteira mudou e ele voltou a se
esfregar em mim. — Porque eu te engravido agora mesmo e você vai passar
o resto da vida ensinando minipatinadores teimosos que nem a Brady.
— Sai fora — respondi, brincando, empurrando o peito dele e ignorando
seu choramingo. — Preciso tomar meu anticoncepcional.
Ele riu, saindo de cima de mim e se sentando sobre os calcanhares, os
quase dois metros de altura apoiados nas coxas grossas e definidas. Eu
deveria receber um prêmio por saber o quanto Nathan é gostoso quando
está pelado e ainda conseguir sair de seu quarto. Juntar a motivação para
tirá-lo de cima de mim foi descomunal. Até meus ovários estão gritando.Quando chego em casa depois do trabalho no sábado, Lola está pelada no
meu quarto, vasculhando meu guarda-roupa.
— Ei, gata — cumprimenta ela. — Como foi o trabalho?
Jogo minha bolsa no chão e me sento ao pé da cama.
— Bem, obrigada. Não que eu não goste de ver a sua bundinha linda, mas
por que você está pelada no meu quarto?
— Estou saqueando seu guarda-roupa. Preciso de algo pra vestir hoje à
noite.
O Honeypot está organizando uma grande festa de Halloween e, graças à
nossa vizinha favorita, temos ingressos.
Os rapazes pediram para nos encontrarmos lá porque querem que suas
fantasias sejam surpresa, o que é ótimo para mim, já que a minha também é.
Eu checo a hora no meu celular e vejo uma mensagem de JJ dizendo que
está a caminho.
— JJ está trazendo minha fantasia.
— Você deveria esperar na porta — diz ela, pegando um vestido verdeesmeralda
do cabide e colocando na frente do corpo. — Se Aaron encontrar
um jogador de hóquei neste apartamento, é capaz de atear fogo no prédio
inteiro.
Lola tem razão.
— Ele ainda não está aqui. Não sei onde está. Não me atende.
As coisas com Aaron estão piores do que nunca. Somos amigos há tanto
tempo que eu me acostumei com as mudanças de humor dele. Um hora ele
sai dessa, pede desculpa e passa algumas semanas sendo especialmente legal.
Faz uma semana que ele descobriu que eu fiquei com Nathan e ainda está
puto, mas não consigo entender o motivo. Nate me deixou no rinque ontem
de manhã, mas Aaron chegou tarde e nem falou comigo. No treino da tarde,
quando percebeu que eu não ia embora com Nathan, seu humor pareceu
melhorar um pouco.
Me dá vontade de gritar toda vez que alguém fala que é porque ele está
apaixonado por mim, mas ninguém me escuta, por mais que eu diga que
não. Quando digo “alguém”, quero dizer todo mundo no time de hóquei do
Nate, incluindo ele mesmo.Minha teoria é que Aaron nunca aprendeu a dividir as coisas, e isso ainda
vai piorar.
Encontrar nossos amigos em uma balada cheia de gente deveria ser
impossível.
Bom, seria mesmo, se não houvesse um grupo de figuras amarelas na
área VIP quando olhamos do mezanino.
JJ é o primeiro a nos ver chegando em meio à multidão. A julgar pelo seu
olhar empolgado, está prontíssimo para o que vem pela frente. Ele cutuca o
cara ao lado dele, que chama o outro, até termos doze caras vestidos em
pijamas de minions nos encarando.
O último minion está sem capuz; é Bobby. Ele toca no ombro de Nate e
interrompe a conversa dele com Robbie.
Nate está vestindo calças pretas, uma jaqueta com zíper e um cachecol
listrado no pescoço. Ele agarra o peito de Robbie, sem tirar os olhos de mim.
Robbie está vestindo um jaleco branco, uma camiseta amarela e óculos de
armação grossa, e meus poderes de dedução movidos a vodca me dizem que
os meninos estão vestidos de Meu malvado favorito.
O olhar de Nathan continua fixo em mim até chegarmos na cabine e
pararmos na entrada. Começa nos meus pés, subindo pelas botas, que vão
até as coxas. Sei que chegou na parte em que mostro mais pele quando o
vejo engolir em seco, o pomo de adão subindo e descendo, e ele umedece os
lábios.
Seus olhos sobem pelas minhas coxas, passam pela borda da camisa dos
Titans e pelo cinto que marca minha cintura, então passam pelos seios até
encontrarem os meus. Ele solta o ar pela boca e passa uma das mãos no
rosto.
É uma experiência intimidadora ter tantos caras me encarando, mas é
tarde demais para desistir. JJ está sorrindo mais do que todo mundo e
começa a comemorar.
— Dá uma voltinha, Tasi!
Jogo o cabelo por cima do ombro e giro devagar, parando por dois
segundos quando fico de costas. É tempo suficiente para o riso e as palmascomeçarem, e ao me virar, o rosto de Nathan está gélido.
As juntas das mãos estão brancas de tanto apertar o copo. Ele ainda não
disse nada, então não tenho confirmação, mas acho que é porque ele não
esperava que eu me vestisse de JJ pro Halloween.
— Você tinha razão, isso é hilário. Ele parece muito puto — diz Lola,
sorridente, quando entramos na cabine.
Estou prestes a me juntar a ela quando uma muralha de músculos me
para.
— Vem comigo.
Não sei se posso dizer que estou andando, pois meus pés não tocam o
chão.
Nate está, de um jeito bem gentil, me arrastando pela multidão, mas não
disse para onde vamos. Não falou nada. Mesmo quando está com raiva, seu
toque é suave, e ele usa o corpo como um escudo humano para atravessar o
mar de Coringas e Coelhinhas da Playboy, o que facilita bastante.
Pelo menos a minha fantasia é original.
Nate murmura um “valeu” para um segurança assustador enquanto entra
em um corredor escuro. Ele para na frente de uma porta preta e acena com a
cabeça.
— Entra.
Talvez seja aqui que ele vai me matar, e vou me tornar assunto para os
podcasts de true crime para sempre. Cruzo os braços e balanço a cabeça.
— Só se for à força.
— Como quiser.
Estou de cabeça para baixo, pendurada no ombro dele, antes que consiga
reagir. Nate passa por uma porta, depois por outra, até que finalmente me
coloca de pé.
Olho ao redor e percebo que estamos em um banheiro chique.
— Você não gosta de fazer xixi sozinho? Podia ter pedido com jeitinho —
provoco.
— Tira isso, Anastasia.
É difícil não abrir um sorriso de Cheshire. Eu amo irritá-lo; entendo por
que os caras fazem isso, porque é tão fácil e divertido.— Tirar o quê?
Nathan anda na minha direção, e, a cada passo dele, dou um para trás,
até minhas costas encostarem na parede. A empolgação cresce quando me
concentro no rosto furioso dele e, por algum motivo masoquista, o ponto
entre minhas pernas está excitado e pulsando.
Ele coloca as mãos dos lados da minha cabeça e se abaixa para ficar na
minha altura.
— Tira a camisa do Jaiden ou vou arrancar ela de você.
— Você parece irritado, Nathan — provoco enquanto passo o dedo pelo
cachecol dele. Com seu rosto a poucos centímetros, esfrego o nariz no dele,
me deliciando com a sua respiração lenta quando sussurro: — Acho que
você precisa achar um jeito positivo de canalizar a sua raiva.
— Eu estou tão puto com você — responde ele com a voz ríspida, e
pressiona a boca na minha. Ele me levanta e me empurra contra a parede, e
se eu não estava molhada antes, agora já era.
Não sei no que me concentrar, nas mãos dele viajando pelo meu corpo ou
no seu quadril contra o meu. Ele está achando isso tão excitante quanto eu.
Está duro feito pedra, abaixando o zíper da calça, e quando rebolo, ouço um
gemido lhe escapar da garganta.
Eu deveria estar no controle desta situação. Não estou, nem de perto.
Estou carente e desesperada, gemendo quando seus dentes arranham meu
pescoço.
— Última chance, meu bem. Quem de nós dois vai tirar?
— Mas JJ é meu jogador favo…
Eu mal termino a frase e Nate abre meu cinto, deixando-o cair no chão.
Ele puxa minha camisa pela cabeça em um único movimento e a joga do
outro lado do banheiro.
Cada centímetro do meu corpo parece queimar; é sufocante,
enlouquecedor. Não estou nem bêbada, mas me sinto intoxicada por ele, seu
toque, seu cheiro. É inacreditável; porra, o homem está vestido de Gru, mais
um toque dele e estou prestes a explodir.
Ele olha para o meu corpo e bufa. Agora que arrancou minha primeira
fantasia, consegue ver meu minúsculo uniforme de animadora do Titans.Ele segura meu queixo entre o polegar e indicador.
— O quanto você gosta de conseguir andar?
Aperto as pernas na cintura dele, a excitação prestes a explodir.
— Não faço questão.
— Que bom.
O barulho seguinte é uma mistura de gemidos e sons, um cinto abrindo,
um pacote sendo aberto, até ele estar protegido e começar a me provocar
com a cabeça do pau.
Eu sei o que está fazendo: quer que eu implore por ele, mas vai ficar
querendo, porque eu não imploro por nada.
— Deixa eu colocar a camisa de novo para você ver o nome do JJ
enquanto me…
Eu não termino a provocação, porque ele mete o pau inteiro de uma vez,
com força, roubando todo ar dos meus pulmões.
Os dedos de Nate apertam minha bunda, e ele me segura firme para me
comer com ainda mais força, e a partir daí, não tem mais jeito.
Cada movimento é tão delicioso e punitivo quanto o último. O barulho
de pele se chocando ecoa ao nosso redor, e ele morde minha boca enquanto
geme e grunhe, me forçando mais contra a parede.
O orgasmo vem do nada e me atinge como um trem descarrilhado, mas
ele não para, nem mesmo desacelera.
Ele me deixa gritar em seu peito e agarrar seus ombros, e quando
finalmente paro de tremer, passa o braço por baixo da minha perna e a leva
até seu ombro, depois faz o mesmo com a outra.
Estou dobrada ao meio, e ele me segura apenas com as mãos. Que homem
é esse? Só consigo pensar: Graças a Deus, sou flexível, e ele é forte.
— Que bocetinha apertada, Anastasia. Toda minha — diz ele contra a
minha boca. — Acha que vai me irritar, é? Acha que não sei que porra de
joguinho é esse? É no meu pau que você goza. Mesmo quando usa o nome
de outro cara nas costas… É o meu nome que você grita.
Cada palavra faz eu me segurar com mais força, o ângulo, a frustração, o
controle, ele está acabando comigo. Estou rebolando e me chocando contraele. Cada célula do meu corpo está tensa e pronta para ele me desintegrar
inteira.
Eu tento me segurar, não dar a ele a satisfação de pensar que esse
discursinho tem algum efeito sobre mim, mas quando ele me chama com
um grunhido contra o meu pescoço é tão erótico que meu corpo me trai.
Juro que vejo estrelas. Meu corpo tensiona, derrete e pega fogo porque é
tão bom; nem sei mais o que estou sentindo.
Os movimentos dele ficam mais irregulares, os gemidos mais altos, e
quando a boca dele atinge a minha, ele desacelera, tremendo e xingando
enquanto ejacula em mim, preenchendo a camisinha.
A testa dele encosta na minha, e então Nate me solta, e eu fico de pé
muito, muito trêmula. Nossas respirações estão pesadas; ele planta um beijo
na minha testa e respira fundo.
— Gostei da sua fantasia de animadora de torcida.
— Hum.
Não é nem uma resposta. É só um som aleatório que parece um pouco
positivo. Ele não estava brincando quando perguntou sobre não poder
andar, mas não mencionou nada sobre não conseguir nem falar.
O braço de Nathan está na minha cintura, e quando olho para ele, vejo
um sorriso convencido no seu rosto. Quando chegamos na mesa, Nate joga
a camisa na cara de JJ.
— Espero que esteja preparado para patinar até cair no próximo treino,
seu merdinha.
Estou cheirando a sexo e com o cabelo bagunçado de quem acabou de
transar, mas não consigo me importar. Tentei me arrumar antes de sair do
banheiro, mas depois de alguns minutos tentando me pentear com os dedos,
desisti.
Os meninos estão nos encarando quando vamos pegar bebidas.
Todos, menos um.
— Você devia ter se vestido de minion que nem a gente — disse Henry ao
avaliar minha fantasia de cima a baixo, completamente desinteressado. —
Estaria muito mais confortável agora, e a gente não precisaria correr o risco
de ver a sua bunda.Ele tem razão, e ano que vem vou usar um pijama de minion. Nathan me
puxa para o colo dele, coloca uma bebida na minha mão e beija meu ombro.
— Ninguém vai ver a sua bunda, Allen — sussurra ele no meu ouvido, o
que faz meu corpo inteiro tremer. — Tenho certeza de que tem marcas das
minhas mãos nela.
Com o canto do olho, vejo Lo se aproximar da mesa e, quando me viro na
direção dela, Aaron está vindo ao seu lado, segurando o braço. Os olhos dela
se arregalam ao me ver, e ela me lança um olhar que, depois de dois anos de
amizade, entendo como um aviso de que vai dar merda.
Olho para Aaron e abro um sorriso caloroso, mas ele não corresponde.
— Ei! Que bom que está aqui. Tudo bem? — Meus olhos vão para o
braço que ele está segurando, e sinto náuseas quando percebo que não é
uma fantasia. — Aaron, o que aconteceu com o seu braço?
Ele semicerra os olhos e olha para mim com tanto ódio que mal consigo
respirar.
— Pergunta pro seu namorado, Anastasia.

Quebrando o Gelo- Hannah GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora