Capítulo 17

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Anastasia

É difícil ficar feliz por ter tido a melhor transa da sua vida quando o
cara com quem você fez isso é tão irritante.
— Olha o meu pescoço, Nathan! — grito ao ver meu reflexo no espelho
quando saímos do chuveiro. Eu nem pensei em olhar ontem à noite, mas as
marcas de chupão no meu pescoço estão grandes e fortes hoje. — Parece que
eu fui atacada por sanguessugas! Quem é você? A porra do Conde Drácula?
— Eu vou comprar um cachecol pra você quando for na Target — diz ele,
tranquilo, admirando seu trabalho. Eu o olho pelo espelho e percebo sua
expressão indisfarçável de orgulho. — Para de ser dramática.
— Parar de ser dramática? Se você me der um cachecol, vou te
estrangular com ele — respondo, pegando a toalha para me enxugar. —
Preciso dar aula para criancinhas hoje. Sabe no que as crianças reparam? Em
tudo.
— Você tem muita raiva no coração para alguém tão pequena e fofa —
ele me provoca, beijando as marcas horrorosas no meu pescoço.
— Eu te odeio.
— Não odeia nada.
A mão dele viaja pela minha barriga e me puxa para perto de si. A toalha
presa em seu quadril não ajuda a esconder o quanto ele quer que eu não vá
trabalhar. Com uma voz intensa, ele sussurra no meu ouvido:
— Eu quero você de novo.
— Hum. Dá pra ver.— Larga seu emprego pra gente voltar pra cama.
Por que bastam apenas algumas palavras para me deixar molhada?
Por que, por uma fração de segundo, eu considero fazer isso mesmo?
É isso que é ficar hipnotizada por pau?
— Nem todo mundo tem uma herança na manga, Hawkins — digo,
saindo do transe e me afastando dele, xingando baixinho.
Continuo ameaçando enchê-lo de marcas enquanto ele me leva até o
carro, ainda sorrindo como um idiota.
Ontem à noite foi uma loucura. Não sei se foi tensão sexual acumulada
ou a empolgação do jogo, mas o homem sabe como usar o pau para um bem
maior.
Acho que não dormi. Devo ter desmaiado de exaustão depois daquela
foda tão boa. Hoje de manhã, quando entramos no banho, comentei que
estava com dor entre as pernas e ele perguntou se poderia me beijar lá para
passar.
E fez mesmo isso. Duas vezes.
— Quer que eu suba? — pergunta ele quando nos aproximamos do meu
prédio para eu poder me trocar antes do trabalho.
Nego com a cabeça.
— Você vai me distrair. Não vou demorar.
O verdadeiro motivo é que não tenho energia para lidar com a reação de
Aaron se eu aparecer em casa com Nate, coberta de chupões no pescoço.
Por sorte, Aaron ainda está dormindo quando entro no apartamento. No
quarto, decido que a única roupa admissível para hoje é uma blusa de gola
rolê. Depois de ter coberto as monstruosidades no meu pescoço, desço para
encontrar Nate.
— Não conseguiria me concentrar se você fosse minha professora de
patinação. — Nate estica o braço e coloca a mão na minha coxa, e seus
dedos me acariciam até chegarmos no rinque. Quando ele estaciona do lado
de fora, se vira para mim com um olhar ansioso: — Posso assistir à sua aula?
— Nem pensar — respondo enquanto saio e pego minha bolsa. —
Obrigada pela carona.
— Tasi — grita ele quando fecho a porta. — Posso te ver mais tarde?Enfio a mão na bolsa e pego o planner, passando as páginas até o dia 23
de outubro. Trabalho, aulas, academia, jantar.
— Não, desculpa. Estou ocupada. Tchau, Nate.
— Tasi! — ele grita de novo e me faz parar de repente. — E amanhã?
Meus olhos passam para a página do dia 24 de outubro.
— Não. Ocupada. Tenho que ir, e se gritar comigo de novo, vou chutar o
seu carro. Não posso me atrasar, tchau!
Mal cheguei na portaria quando meu celular começa a vibrar.
NATE
Segunda?
Ocupada.
Terça?
Ocupada
Quarta? Você não tá me ajudando, Allen.
Você tem um jogo no Arizona.
Cacete. Como você sabe?
Lola Mitchell, especialista em hóquei.
Quinta? Você tem treino depois do nosso. Posso
te esperar?
Tenho que ir ao shopping na quinta comprar
uma fantasia de Halloween.
Eu também.
Que coincidência.
Vamos juntos.
Claro.
Coincidência. Até parece.
As crianças parecem estar com mais energia do que nunca hoje e, quando
chega a hora do meu intervalo de almoço, já estou exausta. Estou tentandodecidir o que comer quando meu celular vibra e o nome de Nate aparece na
tela.
NATE
Posso te buscar no trabalho?
Não precisa, eu pego um Uber.
Isso não faz sentido. Eu te busco.
Você não faz sentido.
Porque você me tirou o juízo.
Pqp.
Às 15h?
Sim, não se atrase!
Tem que me levar direto pra casa.
Sem enrolação. Palavra de escoteiro.
Até parece que você foi escoteiro.
Fui, mas fui expulso.
Por quê?
Eu acidentalmente taquei fogo no Robbie
quando a gente tinha oito anos
Como prometido, às 15h em ponto ele já estava me esperando no
estacionamento.
— Ei, piromaníaco — digo ao entrar pela porta do passageiro. Ele se
aproxima e segura meu rosto com uma das mãos, me cumprimentando com
um beijo que deixa meu corpo inteiro arrepiado.
Estou tentando não pirar. Eu não pensaria nada de mais se Ryan me
beijasse, e esse homem fez coisas obscenas comigo ontem à noite… e hoje de
manhã. Eu não deveria me preocupar com um beijo.
— Oi — diz ele, feliz, engatando a marcha e dando ré. — Falando em
fogo, me dá aqui esse planner, Allen.
Eu abraço a bolsa com força e dou um tapa na mão dele.— Não. Por que essa raiva toda?
— Porque essa coisa está acabando com a minha semana. Por que você é
tão ocupada? — A mão dele para na minha coxa e me distrai por um
instante. — O que você tanto tem para fazer que não sobra tempo pra mim?
Eu não me importo com a mão na coxa. O que acaba comigo são os
apertões e os carinhos. Essa porra está fazendo minha boceta gritar e não sei
se ela está pronta para as consequências de se tornar uma putinha cheia de
tesão… de novo.
— Sei lá, Nate. Talvez estudando para me formar na faculdade?
Treinando para realizar meu sonho de entrar no time olímpico de
patinação? Fazendo minhas tarefas? Comendo? Trabalhando? — Os dedos
dele apertam minha coxa de um jeito brincalhão, e eu me remexo. — Você
vai me ver antes e depois do treino, e estou livre nas quintas à noite. É
quando eu tenho tempo para tran… ficar com meus amigos.
Não diz “transar”, Tasi.
— Já que é para realizar seus sonhos, posso aceitar. Quando você
começou a ter uma vida tão planejada?
— Quando tinha nove anos.
— Nove?! — pergunta ele, surpreso. — Você tinha um planner
organizado por cores quando tinha nove anos?
— Não era bem assim. — É difícil decidir quando começar a se abrir para
uma nova amizade. Não é um segredo, não é algo que me deixe com
vergonha, mas mesmo assim. — Posso explicar se quiser, mas talvez seja
profundo demais para uma tarde de sábado.
Nate aperta minha coxa de novo e me olha quando paramos em um sinal
fechado. Ele acena com a cabeça.
— Eu gosto de ir fundo. — Ele fecha os olhos. — Não nesse sentido.
Ah, eu sei que sim, mas isso é outra conversa.
Se concentra, Anastasia.
— Ok, então. Eu sempre soube que fui adotada. Meus pais são
maravilhosos. Sempre quiseram tudo de melhor pra mim. — Bom começo.
— Eles me colocaram em todas as atividades extracurriculares possíveis,porque queriam me dar o melhor. Eu comecei a patinar e era muito boa, e
fui melhorando até alguém perceber: “Tá, ela é patinadora artística.”
Encaro minhas mãos e cutuco o canto das unhas.
— Eles me diziam como tinham orgulho de mim todo santo dia. Diziam
que eu ia ser uma patinadora famosa, que iria para as Olimpíadas.
A mão de Nate massageia minha perna de leve.
— Parece muita pressão para uma criança.
— Eu sentia uma pressão terrível que, agora que sou adulta, percebo que
era uma ansiedade forte. Mas amava patinar e queria ser a melhor para eles.
— Nate entrelaça os dedos com os meus. — Eu achava que não iriam mais
me querer se não fosse a melhor.
— Tasi… — Ele suspira.
— Vendo isso como adulta, sei que é ridículo, porque eles me amam
muito. Mas eu tinha medo de que me rejeitassem se não me saísse bem, e
isso se transformou em uma forte obsessão.
Ele não fala nada, e eu fico feliz por isso.
— Eu não sabia explicar como me sentia e acabava ficando chateada e
frustrada, então me colocaram na terapia. Por um bom motivo: eu estava
virando um monstro. O dr. Andrews me ensinou a comunicar melhor meus
sentimentos.
— E o planner?
— Começou como um exercício da terapia. Eu me sentia fora de
controle, o que é inacreditável para criança tão pequena. Eu tinha que sentar
com meus pais no domingo à noite e escrever o que tinha que fazer na
semana.
— Boa.
— Três categorias. O que eu tinha que fazer, o que gostaria de fazer se
tivesse tempo e o que eu ia fazer que não tivesse nada a ver com escola ou
patinação.
Me remexo no assento, me sentindo desconfortável, porque tenho certeza
de que estou falando demais, mas ele olha para mim e assente, me
encorajando a continuar.— Quando eu era pequena, era uma tabela ótima. Me ajudou a sentir que
podia fazer tudo sem surtar, e com o tempo, virou um planner.
— Então vo…
— Por favor, não me pergunte se eu sei quem são meus pais biológicos —
interrompo. — Estou muito feliz com meus pais e não tenho interesse algum
no passado.
— Não ia perguntar isso, Tasi. — Ele leva as costas da minha mão até a
boca e beija os nós dos dedos. — Ia perguntar se aquelas citações
motivacionais ridículas que você posta são coisa da terapia também, ou se
está só fingindo não ser a pessoa mais assustadora, mandona e
temperamental do planeta.
— Dá licença. Eu não sou temperamental nem mandona.
Rindo da minha expressão de choque, ele beija minha mão de novo.
— Acho que as evidências estão a meu favor. — Finalmente chegamos no
meu prédio, e ele estaciona em vez de só encostar no lugar de sempre. —
Obrigado por me contar tudo isso.
— Obrigada por ouvir. Sei que é… é muita coisa.
— Isso não me incomoda. Além do mais, eu gosto de saber quais são seus
pontos sensíveis. É importante pra mim poder apoiar meus amigos, e saber
desse tipo de coisa ajuda, acho. — Abro a boca para responder, e na mesma
hora ele a cobre com sua mão grande. — Não vai dizer que não somos
amigos. Somos, sim.
Eu mordo a palma da mão dele, fazendo com que ele a puxe de volta
enquanto ri.
— Não ia dizer isso. — Ele me encara com um olhar cético. — Tá, não era
a única coisa que ia dizer. Eu ia dizer que seus amigos passaram um bom
tempo me convencendo de que você é uma boa pessoa, então o que quer
que esteja fazendo está funcionando.
Um sorriso convencido toma conta do rosto dele.
— Você acabou de admitir que me acha uma boa pessoa? Você… me
elogiou?
— Meu Deus. Tchau. Obrigada pela carona.Nate não me deixa ir; em vez disso, ele se aproxima e me beija até eu
perder o ar.
E eu deixo. Por vinte minutos.
Passo toda a viagem de elevador até meu andar tentando controlar minha
expressão, porque nunca pareço tão feliz assim quando volto do trabalho.
Quando entro no apartamento, Aaron e Lola estão em casa, brigando por
alguma besteira, como sempre.
Sinto a ansiedade bater quando Aaron me vê e imediatamente fica com
uma expressão estranha. Eu largo a bolsa no chão e pego um copo para
beber água.
— E aí?
Ignorando meu cumprimento, ele se aproxima de mim e usa um dedo
para puxar o tecido que cobre meu pescoço. É isso que me faz perceber que
a blusa não está onde deveria. Merda.
— Você precisa falar para o Rothwell comer antes de chegar perto de
você, Tasi. — Ele bufa ao falar. — Tá parecendo uma qualquer. Não vou
patinar contigo nas seccionais se estiver assim.
— Deixa os peguetes dela em paz, Princesa do Gelo — grita Lola do sofá.
— Larga de encher o saco só porque você não está comendo ninguém e Tasi
finalmente se juntou ao grupo dos fãs de hóquei.
— Fãs de hóquei? — Ele olha para nós duas, atordoado, e meu coração
vai parar no estômago. — Você tá dando pro Nate Hawkins, é?
Lola arregala os olhos ao perceber o que fez.
— Não é da sua conta. — Não é mesmo da conta dele. Eu sou uma
mulher adulta e posso fazer o que quiser, mas isso não me impede de ter
certeza de que vou ouvir um sermão de Aaron, algo que realmente queria
evitar. Ao longo dos anos, aprendi quais batalhas posso ganhar com ele.
Aquelas nas quais ele já decidiu odiar alguém definitivamente não estão
nessa lista. — Nem vem.
— Por que você faz essas escolhas de merda? Caramba. Parece que você
não se res…
— Termina a frase — rosna Lo enquanto vem em nossa direção. —
Quero ver se tem coragem de terminar a merda dessa frase, Carlisle.Termina e vai ver quais são as escolhas que eu faço.
Ele bufa e revira os olhos, então sai pisando forte para o quarto,
resmungando alguma coisa sobre morar com mulheres.
Quando a porta se fecha, Lola se agarra em mim e me esmaga com um
abraço apertado.
— Desculpadesculpadesculpadesculpa.
— Uhum. Vai ter troco, Mitchell.
Quinta chega e Aaron, após cinco dias de birra, continua de birra, posso
confirmar. Ele mal falou comigo desde que cheguei em casa no sábado, e
tudo bem por mim, mas isso torna a convivência difícil.
Eu me mantive ocupada e, depois do que eu chamo de “mágica do
planner”, consegui me adiantar com as tarefas e ter um tempo livre no
domingo.
— Nada de celular. — Henry nem tira os olhos do caderno de desenho
enquanto briga comigo. — Ou eu vou tomar de novo.
Eu obedeço e guardo o celular no bolso de trás. Henry tem sido meu
colega de estudo a semana inteira, me fazendo companhia na biblioteca e
confiscando meu celular quando me distraio com mensagens de certos
jogadores de hóquei irritantes. Falo no plural porque JJ é quem mais me
manda mensagem.
Até agora, Henry não estudou muito também, porque prefere
procrastinar até o último segundo para depois estudar sobre pressão, mas ele
me desenhou como se eu fosse uma girafa, o que foi bem legal.
Estou terminando um trabalho quando ouço o lápis de Henry bater na
mesa da biblioteca.
— Você sabe que Nathan não te largaria, né?
— Quê?
— Ontem. Você disse que ficaria feliz de se apaixonar por mim, porque
eu não te largaria. Nathan também não.
Como na maioria das minhas conversas com Henry, suas palavras me
pegam desprevenida, como fica claro pela mistura de riso e engasgo que sai
da minha boca.— Era brincadeira, Hen.
Ontem, em troca de chocolate quente e marshmallows, Henry me deu
um relatório completo sobre como faria eu me apaixonar por ele caso Nate
fizesse besteira. Naturalmente, minha primeira reação foi dizer que eu não
teria problema algum em me apaixonar por ele e, de trouxa, falei que seria
impossível ele me abandonar, então era só me avisar quando sua hora
chegasse. Isso ficou na mente dele.
— Você não precisa mentir pra mim, Anastasia. Uma menina legal como
você não é solteira sem motivos; não precisa me contar, mas eu queria que
você soubesse que ele não te abandonaria. — Ele parece tão sincero quando
fala isso que quase me faz chorar. — Ele nunca me deixou na mão, e sou
apenas amigo dele. Ele te vê nua e isso é bem melhor. Antes que você diga
que não rolou, saiba que meu quarto é do lado do dele e você é bem
barulhenta quando goza.
Sinto o sangue deixar meu rosto.
— Bom saber… E, depois dessa, acho que é hora de irmos pro rinque.
Henry e eu guardamos as coisas e cruzamos o campus até a arena.
Conversamos um pouco sobre assuntos que não envolvem os sons que faço
quando tenho um orgasmo. Ser amiga de Henry é fácil; você sabe que ele
está falando a verdade, não tem mentira ou segundas intenções. Esta
semana, esse tipo de sinceridade tem sido um alívio por causa da tensão
com Aaron, e fico triste quando chegamos no rinque e ele se afasta.
Bem que ele poderia ser um patinador artístico, né?
Tento me concentrar no meu aquecimento e não no quanto Nathan fica
gato gritando instruções para o time. Quando entro no gelo, estou corada,
mas Aaron acaba com a minha graça na hora porque aquele humor de
merda dele é como uma nevasca forte.
— Ele está te distraindo, Anastasia. Você está desleixada. Para de
desperdiçar meu tempo se não vai se esforçar — reclama Aaron, apontando
para Nate, que nos assiste nas arquibancadas. Hoje é o dia em que eu e Nate
vamos ao shopping, e eu disse que ele poderia me assistir patinando. Na
hora que concordei, sabia que era um erro, já prevendo que Aaron seria um
babaca, mas ele pediu com tanto jeitinho que não consegui recusar.— Não estou distraída!
A única distração agora é a atitude de Aaron. Os movimentos dele estão
fechados e curtos, não estamos sincronizados e, quando ele se move para me
levantar, me aperta mais do que o normal. É desconcertante e irritante, e,
quando terminamos, sinto uma vontade de me trancar num quarto e chorar.
Assim que terminamos, ele corre para os vestiários e Nate vem andando
até mim. Eu nem preciso falar nada; esse treino terrível disse tudo.
Estávamos péssimos.
— Eu quebro a cara dele, se você quiser. — Ele segura meu rosto com
uma das mãos e me aconchego no seu calor.
— Se você machucar o Aaron, não vou poder competir nas seccionais
daqui a duas semanas.
— Entendido.
— Mas, se não nos qualificarmos e você, por acaso, acontecer de passar
com o carro por cima dele, aí não é problema meu.
— Entendido também. — Ele ri e se aproxima para beijar minha testa.
Tenho certeza de que Brady está em algum lugar, observando e me julgando,
mas quando abraço Nate e deixo a tranquilidade dele tomar conta de mim,
não consigo mais me importar com a opinião dela.
Eu faço minha respiração acompanhar a dele e na hora sinto menos
vontade de chorar.
— Obrigada por me esperar.
— Posso fazer uma sugestão pros nossos planos? — diz ele,
cautelosamente, enquanto ergue meu rosto. — Não quero atrapalhar o
planner, mas sinto que o seu humor agora justifica algumas mudanças.
Ele está sendo tão gentil comigo, tão cuidadoso, que sinto como se fosse
me quebrar. Ele se inclina para a frente, deixando o rosto a poucos
centímetros do meu, me esperando.
— Não vou te beijar até ouvir a proposta.
O sorriso dele é tão lindo que quase me destrói, mas eu aguento firme,
me concentrando em movimentar o ar para dentro e para fora dos meus
pulmões, de forma que continue parecendo um ser humano normal na
frente desse homem lindo de morrer.— Em vez de ir ao shopping, compramos comida para viagem no seu
restaurante favorito e procuramos as fantasias na internet. Você pode
dormir lá em casa porque comprei um monte de coisas pra você na Target
no sábado depois de te deixar no trabalho, e acho que vai ser bom ficar
longe do Aaron agora.
— Você supôs que iria conseguir convencer outra pessoa a passar a noite
contigo? — provoco, já me sentindo melhor.
— Você não tem noção da qualidade dessas paradas. A caixa do Henry
não é nada comparada com a minha. Você vai implorar para dormir lá.
— É um bom plano, Hawkins.
— É um ótimo plano. Eu até te levo para casa de manhã para trocar de
roupa, e depois para a sua aula. Deve ser o melhor plano do mundo.
Eu acabo com a distância entre nós e pressiono os lábios nos dele. É
difícil lembrar que estamos em público quando sua língua se enrosca na
minha. Ele se afasta.
— Isso é um sim?
— Sim.

Quebrando o Gelo- Hannah GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora