Capítulo 40

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Nathan

Quando Anastasia postou uma foto motivacional pela manhã dizendo
que “você decide se vai ter um bom dia ou não”, achei que era mais um
exemplo de minha namorada mal-humorada mentindo para a internet com
sua positividade falsa.
Mas aparentemente a véspera de Ano-novo a faz feliz, e agora estou
deitado, nu, na ilha da cozinha, as mãos estão amarradas acima da cabeça
com laços de presente de Natal.
Para ser sincero, não sei bem como vim parar nesta posição. Minha
namorada diz que é um gênio criativo, então, quando ela me disse para tirar
a cueca e me deitar no balcão, eu segui as ordens sem hesitação.
Fazer o quê? Sou muito influenciável.
Duvido que algum cara teria parado para questionar a situação se a
namorada estivesse usando seu uniforme, sem calcinha. Estou à disposição
das suas mãos talentosas e muito mandonas.
Consigo ouvi-la mexendo na geladeira.
— Tasi, o que você está fazendo?
— Paciência é uma virtude, Hawkins — responde ela, empolgada, e
mexendo no que parecem ser jarras de vidro.
— Não estou me sentindo muito virtuoso no momento, Anastasia —
resmungo, puxando os laços. — Muito pelo contrário.
Seus pés fazem um leve barulho no azulejo. Ela coloca o que foi pegar ao
meu lado, longe do meu campo de visão, sobe no balcão, depois monta emmim. Ela nem fez nada ainda e já estou duro, encostando de leve no
encontro das coxas dela. Se esfregando no meu pau, ela geme de leve, os
olhos brilhando quando me olha de cima a baixo. Seus olhos viajam pelo
meu corpo.
— Você é tão gostoso.
Tasi me chama de lindo o tempo todo, mesmo quando acabei de acordar.
No começo, estranhei. Não sei o que era no começo: eu meio que enfiei na
minha cabeça que sou eu quem deveria elogiá-la, e pode ter certeza de que
faço isso, sim, mas pelo visto eu gosto de ouvir também.
Não só de bonito: ela diz que sou gentil e inteligente, e muitas outras
coisas. Ouvir ela falar o quanto gosta de mim, como sou especial para ela, é
algo que nunca achei que poderia ter em um relacionamento.
Mas ouvir ela me chamando de gostoso enquanto estou amarrado e meu
pau duro se esfrega no meio das pernas dela é outro nível de “cacete, como
eu amo minha namorada”.
Pegando algo que não consigo ver, ouço o som de uma tampa abrindo. A
empolgação faz meu sangue ferver quando vejo a lata de chantilly na mão
dela. Ela aponta o bico para sua boca, revira os olhos e aperta.
— Mmmm.
Meus quadris se erguem, tocando onde ela está molhada. Sua boca
encontra a minha, e sinto o resto do creme na língua.
Ela se senta de novo, pega o chantilly e imediatamente o coloca no meu
abdômen. Antes que eu possa reclamar que está frio, a boca dela se
aproxima e ela lambe tudo do meu corpo, sorrindo quando vê meu pau
mexer.
Seus quadris se movem para a frente e para trás, me fazendo roçar por
suas dobras. Tento puxar os laços e tremo, impaciente, debaixo dela.
— Eu preciso entrar em você.
Ela faz um sinal de não e pega outro pote.
— Não até você implorar, Hawkins.
Estou prestes a reagir quando o alarme toca, avisando que a porta da
frente foi aberta.
— Nate? — grita Sasha, sua voz ecoando pela casa.Anastasia arregala os olhos, todo o sangue indo embora do rosto.
— O quê?!
Puxo as mãos até ficar livre, nos jogamos no chão, e eu visto a cueca às
pressas.
— Espera aí, Sash! — grito, puxando Tasi na minha frente. A porta da
cozinha se abre de supetão e Sasha olha para nós dois, nervosa.
— Eca! — ela grita. — Vocês estavam… Eca! Nate! Eu cozinho aqui! Meu
Deus!
Ela faz uma careta de nojo. Com a cabeça virada para o outro lado, ela
estremece.
— Você deve ser Tasi. Eu te daria um abraço, mas acho que vai ser
estranho.
Tasi se mexe, nervosa, a cabeça baixa para que o cabelo cubra as
bochechas vermelhas, mas ela acena com a mão.
Não é assim que eu queria que as duas mulheres mais importantes da
minha vida se conhecessem pela primeira vez.
— O que caralhos você está fazendo aqui, Sasha? Era pra você estar em
St. Barts.
— Eu te liguei e mandei mensagem, idiota. Você não respondeu. — Ela
bufa e cruza os braços, ainda olhando para o outro lado. — Você quer que
eu conte os detalhes da última traição do nosso pai, ou prefere deixar sua
namorada vestir uma calça, tipo, antes que o papai chegue com as malas?
Traição?
— Me dá cinco minutos. A gente já volta — eu prometo enquanto guio
uma Anastasia muito envergonhada pelas escadas que não vão deixá-la de
cara para o meu pai assim que ele entrar.
— Você é tão rico que tem duas escadas — sussurra Tasi.
— Eu vou ser mais humilde e comprar uma casa com apenas uma escada
para nós. Pode ser? — provoco, e aperto sua bunda quando ela quica na
minha frente ao subirmos as escadas. — Sinto muito por isso, amor. Não me
lembro da última vez que mexi no celular.
Chegamos no meu quarto e ela imediatamente acha a calcinha e a calça
jeans, depois amarra o cabelo em um rabo de cavalo. Eu a abraço por trás,envolvo sua cintura e enfio o rosto no seu pescoço, sentindo o cheiro de mel
e morango que amo.
Ela suspira e se derrete no meu peito, olhando para cima para me beijar.
— O seu pai vai me odiar, não vai?
Sinto a ansiedade nela — está em seu rosto, no corpo, no desespero do
beijo.
— Anastasia, me escuta. Você não precisa se preocupar com a opinião
daquele homem. Eu te amo e vou contar os minutos para ficarmos longe
dele.
— Então isso é um sim — diz ela, se soltando do meu abraço. Ela espera
na cama e me observa colocar uma calça jeans e um suéter. Eu odeio o fato
de ele estar aqui, de como conseguiu estourar nossa bolha de felicidade.
Vamos voltar para Maple Hills amanhã à noite, e estávamos muito perto de
ter a semana perfeita. Sem afogamentos, sem brigas, sem pais.
— Vai se trocar? — pergunto ao ver a camisa de hóquei.
— O seu pai já assistiu a algum jogo seu? — Ela me observa negar com a
cabeça. — Então não, não vou me trocar. Ok, vamos acabar com isso. E
Nate, eu também te amo.
Sasha está comendo salgadinho e vendo Criminal Minds na TV quando
descemos e entramos na sala de estar de mãos dadas.
— Ele foi pro resort — diz ela sem tirar os olhos da TV. — Quer que a
gente o encontre lá daqui a uma hora para almoçar.
Ótimo.
— Anastasia, essa é a Sasha, minha irmãzinha — digo, tentando cortar o
clima estranho. — Sash, essa é minha namorada, Tasi.
Eu finalmente tiro a atenção dela da série, mas me arrependo na mesma
hora quando ela ergue uma sobrancelha perfeitamente desenhada.
— Por que você está fingindo que não nos conhecemos? Eu peguei vocês
dois transando na cozinha, faz tipo, dez minutos…
— Meu Deus, Sasha — reclamo enquanto passo a mão pelo cabelo. —
Não era isso que estava acontecendo. Pode ficar de boa?
— Fala isso pra lata de chantilly, Nutella e calda de morango no balcão —
responde ela, rindo.Assim que ela lista os itens no balcão eu fico ainda mais irritado depois
de entender o que foi interrompido.
— Estou de boa. Agradeça por ter sido eu, e não o papai. — Ela se vira
para Tasi. — Eu sou legal, juro. Não estou te julgando… Bom, não além do
fato de estar namorando meu irmão idiota.
Eu me jogo no sofá na frente de Sasha, e Anastasia fica parada, sem saber
o que fazer. Eu bato no assento ao meu lado até ela se sentar, mas está
estranha, parecendo desconfortável. Eu odeio que se sinta desconfortável
depois de tudo de bom que passamos aqui.
— Por que vocês voltaram? Achei que só iam voltar depois de amanhã.
Por isso vamos embora amanhã.
— Que gentil — ela resmunga, abaixa o volume da TV e cruza as pernas.
— Não eram férias, era um retiro para condicionar meu corpo a “ser mais
forte” e, sei lá, alguma merda sobre ser uma atleta melhor. Eu passei no
máximo uma hora na praia. Ontem eu disse que, se ele não me trouxesse de
volta para casa, eu nunca mais ia esquiar, então ele comprou duas passagens
no próximo voo disponível.
Pelo bem dela, eu queria poder fingir surpresa, mas não estou; na
verdade, é esse tipo de merda que eu esperaria se não estivesse tão ocupado
nos últimos dias. Mas fui idiota de acreditar que ele tinha realmente seguido
meu conselho.
Meu pai sempre tem um propósito para tudo que faz. O almoço hoje é
outro plano. Afinal, por que ele iria querer conhecer alguém em um local
público quando a pessoa já está na casa dele?
— Qual é o humor dele hoje?
— O de sempre. Irritadiço, mandão e tenso. — Ela lança um sorriso
quase caridoso para Tasi. — Você tem experiência com pais prepotentes?
Tasi ri pela primeira vez desde que Sash chegou em casa.
— Meus pais são superlegais, sinto muito.
Sasha se senta e enche Tasi de perguntas sobre sua vida inteira e, em sua
defesa, Tasi responde tudo honestamente. Quando estamos a caminho do
resort, as duas já parecem ser melhores amigas. O fato de compartilharemalgo ajuda bastante; você poderia supor que esse assunto em comum é serem
prodígios esportivos, mas não, é o fato de gostarem de zoar comigo.
Eu não costumo ver muito Sasha sem meu pai por perto, e sinto muita
saudade dela. Sinto falta da pessoa que ela é quando ele não está por perto;
fico até um pouco triste por Anastasia que essa pessoa com quem ela acabou
de fazer amizade esteja prestes a desaparecer assim que meu pai se sentar na
mesa. Espero que ela entenda e saiba que não é pessoal.
— Tudo bem? — pergunto para Anastasia, olhando para nossas mãos
dadas que ela aperta até prender a circulação dos meus dedos. O maître nos
leva até a mesa favorita do papai e nos entrega os cardápios. Não estou
surpreso que ele esteja atrasado para um almoço que ele mesmo organizou.
— Vou querer uma taça de Dom Pérignon, por favor — diz Sasha
enquanto olha o cardápio.
O cara olha para mim, aterrorizado, claramente ciente de quem somos e
sem saber o que fazer. Eu o libero de sua agonia, puxo o cardápio de Sasha e
bato na cabeça dela com ele.
— Ela tem dezesseis anos. Traz um suco pra ela, sei lá.
— Ela vai beber água — diz uma voz grossa e familiar atrás de nós. —
Olá, Nathaniel — diz meu pai em um tom sério. — E quem é que temos
aqui?

Quebrando o Gelo- Hannah GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora