Capítulo 28

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Acordei com a claridade me cegando

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Acordei com a claridade me cegando. Maldita sacada enorme de frente para cama. Tinha chegado tão transtornada que nem lembrei de fechar as cortinas durante a madrugada. Abri meus olhos me espreguiçando, alonguei meus braços e pernas o máximo que conseguia, até sentir que eles deslocariam do meu corpo.

Zeus, percebendo minha movimentação na cama, levantou a cabeça e olhou-me de soslaio.

— O que foi garotão? Atrapalhei seu sono?

O danado como que confirmando minha indagação, deitou a cabeça novamente e fechou os olhos usando ambas as patas, como se não quisesse ser incomodado.

— É, estou percebendo que você é o verdeiro dono dessa casa. — Levantei-me em direção a sacada e fechei as cortinas, deixando o ambiente completamente escuro.

— Vou fazer um café, quando acordar te dou sua ração. — Pousei um beijo no labrador que se encolheu ainda mais em baixo do edredom voltando a pegar no sono.

Caminhei em direção a cozinha em alerta à procura de Oliver, mas pelo visto ele ainda não tinha chegado da rua. Eu não sabia se agradecia ou me preocupava com a sua ausência, pois Oliver não era de me deixar muito tempo sozinha. Ele sabia que talvez eu faria tudo para fugir e se não fosse pelo meu pai, essa seria uma oportunidade perfeita.

Liguei a cafeteira e passei um café forte e encorpado como eu gostava, enchi uma xícara generosa e me sentei na bancada ainda pensativa com Oliver em mente. Até que o telefone tocou na sala, despertando-me dos pensamentos. Fui atender com rapidez imaginando ser ele, talvez querendo avisar-me de mais uma de suas loucuras ou o motivo de sua ausência até agora.

— Alô — Atendi sem vontade.

A pessoa do outro lado da linha, se identifica sendo do hospital, falando em inglês. Acabo ficando nervosa de imediato por não conseguir compreender devidamente, pois eu não era completamente fluente no inglês, mas consigo entender com clareza a informação que Oliver tinha sofrido um acidente de carro durante a madrugada e estava internado no hospital central em estado grave. Desligo o telefone em choque, paralisada, sem saber o que fazer.

Eu sentia um misto de sentimentos contraditórios em relação a Oliver, mas não desejava seu mal e meu coração se apertou e não consegui evitar as lágrimas que rolam do meu rosto sem controle.

Pouco tempo depois o telefone voltou a tocar e dessa vez, ouvi a voz de Noah em total desespero já ciente da informação do que tinha acontecido com Oliver. Ele diz que vai passar para me buscar e ir ao hospital e pediu para não falar nada por enquanto a Nora e Frank até que soubéssemos o real estado de Oliver, concordo de imediato e peço a ele que se apressasse e viesse logo ao meu encontro.

Desligo o telefone e me visto com a primeira roupa que vejo pela frente, com o coração acelerado e um medo terrível de que algo podesse acontecer a Oliver. Cerca de 20 minutos depois a campainha soa e corri em direção a porta já prevendo ser Noah.

Noah, estava pálido e bastante abatido e não conseguia esconder a preocupação no olhar. Ali, tive a certeza que Oliver corria realmente risco de morte.

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— Vai ficar tudo bem, não vai? — Indaguei, com voz embargada enquanto ele dirigia até hospital, quebrando o silêncio sepulcral que pairava no ar.

Noah, desviou atenção do trânsito e encarou-me com pesar.

— Vai sim! — Respirou longamente, enxendo a caixa torácica. — Oliver é o cara mais teimoso que conheço na fase da terra. Ele não morreria assim, não dessa maneira. — Soltou o ar, angustiado.

Assenti com gesto de cabeça e me mantive muda. Eu só precisava ter essa certeza. Queria somente constatar o que eu já sabia. Ele não morreria, não poderia morrer.

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Meia hora depois chegamos ao hospital e pedimos informações sobre Oliver Carter na recepção e não demorou para descobrir que ele estava passando por uma cirurgia naquele momento e que quando tudo terminasse o médico cirurgião nos daria notícias sobre o paciente. Os minutos se transformam em horas sem que tivéssemos uma única notícia de Oliver, o que já estava me deixando desesperada, imaginando que o pior poderia ter acontecido e se não fosse por Noah, talvez, tivesse discutido com meio mundo naquele hospital e arrancado qualquer informação de quem fosse.

— Onde está a família de Oliver Carter? — Questiona um médico, em companhia de  uma junta médica.

— Estamos aqui. — Levantei-me apressada, indo ao encontro do doutor. — Sou a esposa de Oliver. — Informo agoniada. — Como ele está?

— Oliver Carter, deu entrada no fim da madrugada com diversas fraturas pelo corpo, sendo a mais grave na coluna cervical e um traumatismo craniano. Ainda na madrugada conseguimos operar a coluna e estabilizar a cervical, entretanto, o sangramento no cérebro custou a ser contido e o paciente entrou em coma. — O médico disse encarando-me com seriedade. — Fizemos o possível e as próximas horas serão fundamentais para podermos analizar com clareza o quadro do paciente. Lamento muito dizer que talvez ele não resista aos ferimentos, todavia, depende muito mais dele do que de nós, agora. — Lamentou o médico com pesar. 

— O que quer dizer com depende mais dele? — Engoli em seco a informação. — Não pode depender só dele, vocês são os médicos aqui. — Me aproximo em pânico. — Não podem deixar que ele morra!  precisam salvar a vida dele, doutor. — Falo desesperada, segurando o homem pelo jaleco branco sem conseguir conter meu nervosismo.

— Calma, Tulla! Vem aqui. — Noah, intervém me abraçando com doçura, tentando me trazer algum conforto.

— Não, eu não aceito que ele morra! Oliver é um desgraçado, mas não merece morrer dessa forma. ELE NÃO VAI MORRER! — Gritei sentindo o ar se esvaziar dos meus pulmões e um desespero crescendo dentro de mim, deixando-me cada vez mais tensa e sem ar, até que sou tomada pela escuridão.

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