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MARRETA

— Eu prestei atenção no que você disse. — murmurou.

Minha cabeça virou devagar.

— Tá falando do que? — perguntei.

Ela não me olhou. Continuou olhando pro teto e eu sabia que estava prestes a me acertar com algo que eu não tava preparado pra ouvir e foi isso que ela fez.

— Você disse que... me amava. — Ela hesitou, e a insegurança na voz dela me deixou maluco. — Quando a gente tava... você sabe, transando.

O que eu podia dizer? Eu amava, porra, amava tanto que doía, mas como diabos eu explicava isso pra ela sem parecer um maluco? Porque, no fundo, eu sabia que era exatamente isso que eu era.

— Ah. — Foi tudo o que consegui soltar, um som ridículo que mal expressava um décimo do que eu sentia. Mas como eu podia colocar em palavras um sentimento que parecia queimar dentro de mim como ácido, que me corroía por dentro toda vez que ela não estava por perto?

Eu olhei de volta pro teto, tentando manter a calma. 

— É só isso que você vai dizer? Você já disse que me disse isso antes, Murilo. E mesmo assim, você não vai explicar nada?

O que ela queria que eu dissesse? Que toda vez que eu olhava pra ela, sentia uma obsessão que beirava a loucura, uma vontade doentia de prender ela só pra mim? De destruir qualquer um que ousasse sequer pensar em chegar perto? Que o amor que eu sentia por ela era tão insano, tão sufocante, que às vezes eu tinha certeza que ia perder a cabeça de vez? Só de imaginar alguém tentando tirar ela de mim, meu sangue fervia, e que eu seria capaz de arrancar o coração do cara ainda vivo?

— Vai ficar só no "eu te amo" e pronto? — Ela insistiu. — Eu preciso de mais, Murilo. Não dá pra viver só de palavras soltas. Me diz com todas as letras o que você sente, o que tá acontecendo aí dentro do seu coração. É o mínimo que você me deve, não acha?

Eu sabia que precisava falar, mas as palavras me fugiam. Como eu ia explicar pra ela que tudo que eu sentia era como uma tempestade, um furacão? Que o amor que eu tinha por ela não era um amor normal, era um amor que destruía e que devorava tudo pelo caminho?

— Safira, é difícil pra mim falar dessas coisas. — Minha voz saiu rouca, carregada de tudo que eu tentava controlar. — Até pouco tempo, eu nem sabia que podia sentir essa porra. Sempre foi mais fácil lidar com tudo na base da ação, sem pensar muito e foda-se o resto. Mas com você é diferente.

Com ela, era tudo diferente. Eu não sabia mais quem eu era quando estava com ela, não sabia mais o que era certo ou errado. Só sabia que queria, mais do que qualquer coisa nesse mundo.

— Diferente como?

Eu virei a cabeça pra ela, tentando fazer ela entender.

— O que eu sinto por você é tão forte que parece que nem cabe dentro do meu peito, cacete. Parece que vai explodir a qualquer momento, como se essa merda toda fosse demais pra mim. Eu nunca senti nada assim, entende? É um inferno e, ao mesmo tempo, a melhor coisa que já me aconteceu.

Ela olhava pra mim com aqueles olhos grandes e azuis que me enlouqueciam, e tudo o que eu queria fazer era puxar ela pra mim, apagar qualquer dúvida que ela tivesse.

— É foda, Safira. Toda vez que eu tô perto de você eu perco completamente o controle dessa porra de sentimento que me consome. Eu me sinto como um maluco, e eu não consigo parar. Quando eu olho pra você, é como se eu ficasse cego, e só restasse essa necessidade doentia de te ter. É por isso que eu faço merda, por isso que eu falo e faço coisas que te machucam, porque eu fico perdido nessa loucura que é te amar. E eu sei que te faço chorar, sei que te machuquei tantas vezes, mas eu não sei o que fazer.

Aprisionada pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #2]Onde histórias criam vida. Descubra agora