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MARRETA

Patrick estava em cima da Maíra, sem as calças. Ele segurava minha irmã com força, uma das mãos pressionando os pulsos dela acima da cabeça, enquanto a outra tentava arrancar o resto da roupa que ainda cobria seu corpo.

O merda tinha conseguido rasgar parte da blusa dela, deixando ela exposta, cheia de marcas vermelhas. Maíra chorava desesperada, lutando com o pouco de força que ainda restava, mas era inútil, ela se debatia e ele ria, achando graça do desespero dela, como se estivesse se divertindo com aquilo.

Safira estava amarrada no canto, os olhos arregalados, o rosto banhado em lágrimas. Seus pulsos estavam presos tão fortemente que a corda cortava sua pele, deixando marcas vermelhas e inchadas. Ela tremia, os soluços rasgando o silêncio do galpão enquanto assistia impotente ao que acontecia com Maíra.

— Filho da puta! — Gritei, avançando direto nele.

Meus punhos encontraram o rosto dele com tanta força que ele cambaleou para trás, caindo no chão. Mas eu não parei. Pulei em cima dele, socando o rosto dele. O sangue começou a espirrar, mas isso não importava. Eu continuava batendo, sentindo o rosto dele afundar sob meus punhos.

— Você não vai morrer aqui. — rosnei entre os socos. — Eu tenho planos pra você.

Patrick cuspia sangue, o nariz quebrado, os dentes saltando da boca, mas eu não parei. Ele ainda estava consciente, e não ia ser tão fácil assim pra ele.

— Marreta! — ouvi Pesadelo gritar, tentando chamar minha atenção. — O filho da puta já tá desacordado, tua mulher e tua irmã precisam de você agora, porra!

Mas eu não parei. Patrick tava mole, os olhos revirados, mas eu continuei. Soco após soco. Eu precisava garantir que ele ia pagar. Maíra e Safira. Ninguém toca nelas.

— Você mexeu com a pessoa errada, assim como o fodido do seu papaizinho. — falei baixo, quase em um sussurro, enquanto o sangue escorria pelos meus dedos. — Eu vou acabar com você do mesmo jeito que fiz com ele, seu merda.

Finalmente, me levantei, ofegante, olhando para o corpo inconsciente de Patrick. Mas ele ainda respirava. Era isso que eu queria. Ele não merecia uma morte rápida.

— Segura ele. — falei para Pesadelo, que já estava acabando com os últimos capangas. — A gente vai terminar isso depois.

Pesadelo assentiu, indo até Patrick, eu corri até Safira. Suas lágrimas molhavam o rosto sujo de pó, e seu corpo tremia incontrolavelmente. Eu soltei rapidamente.

Aquelas merdas fizeram a minha Safira chorar, e ele iam querer nunca ter cruzado o meu caminho.

— Acabou, amor. — murmurei, tentando controlar minha respiração. — Eu cheguei, Safira. Eu vim buscar você, branquinha.

Ela desabou no meu peito, soluçando, enquanto eu passava a mão pelos seus cabelos. Minha raiva ainda fervia, mas ver ela assim, machucada, me deixava ainda mais insano.

Maíra estava encolhida no canto, tremendo. Rafael correu até ela, jogando um casaco por cima do corpo dela.

— Ei, vocês duas estão em segurança agora, Maíra. — ele sussurrou para ela. — Não tem mais ninguém aqui que pode te fazer mal. — ele se afastou do toque dele.

Ainda com Safira nos meus braços, me aproximei da minha irmã e disse:

— Olha pra mim, Maíra. Sou eu, o Murilo. — minha voz saiu firme, mas por dentro eu estava despedaçado. Ver minha irmã naquele estado acabava comigo. Ela soluçou baixinho, os olhos fixos no chão, como se estivesse com medo até de respirar. — A gente vai pra casa agora, entendeu? — falei com calma, tentando passar segurança.

Ela levantou a cabeça lentamente, os olhos cheios de lágrimas, mas vazios ao mesmo tempo. Assentiu, um movimento leve, como se não tivesse forças. Meu coração apertou de um jeito que eu não podia descrever.

— Mas pra isso, você tem que deixar o Rafael tocar em você. — Falei com cuidado, observando cada mínima reação dela.

— Rafael? — a voz dela saiu fraca, confusa, os olhos perdidos, como se estivesse tentando se lembrar de quem ele era.

— Esse idiota aqui do lado. — Apontei com o queixo, tentando quebrar o clima pesado por um segundo. Rafael fez uma cara feia, mas eu sabia que ele entendia.

— Muito engraçado, babaca. — Ele respondeu com uma falsa irritação, antes de se agachar ao lado da minha irmã. Ele estendeu a mão devagar, esperando que ela aceitasse.

Maíra olhou para a mão dele por um momento que pareceu durar uma eternidade. Meus olhos iam dela para Rafael, sem saber se ela conseguiria confiar em alguém de novo. Finalmente, com um leve tremor, ela esticou os dedos e tocou na mão dele. Foi um toque hesitante, quase tímido, mas estava lá.

— Eu prometo, Maíra, eu não vou te machucar. — A voz dele era baixa. Não tinha pressa, só uma tranquilidade que parecia impossível no meio de todo aquele caos. — Só quero te tirar daqui, tá? A gente vai te levar pra casa.

Eu sabia que Rafael não era do tipo que machucava ninguém, pelo menos não sem um motivo, como agora. O cara era o mais calmo que eu já tinha conhecido, sempre resolvendo as coisas na tranquilidade. Se tinha alguém que podia ajudar a Maíra, era ele. E vendo a forma como ele segurava ela contra o peito, aquilo ficou ainda mais claro pra mim.

Eu não podia deixar de pensar no quanto minha irmã tinha sofrido. Desde o que Patrick e aquele desgraçado do Russo fizeram com ela, Maíra nunca mais tinha sido a mesma.

Ela não confiava mais em homem nenhum. E eu não podia culpar ela. O trauma que ela carregava era grande demais, e eu sabia que ia demorar muito até ela se recuperar de tudo aquilo, se é que um dia ia.

Mas, por algum motivo, vendo a maneira como Rafael olhava pra ela, uma parte de mim, que eu nem sabia que existia, começou a pensar... será que ele poderia ser a cura?

Ele a pegou no colo com cuidado, como se ela fosse quebrar. Ela ficou tensa no começo, os músculos travados de medo, mas aos poucos, foi relaxando, enquanto carregava ela pra fora daquele inferno.

Enquanto eu caminhava atrás deles, me veio um pensamento na cabeça, um que eu nunca imaginei que teria. Talvez Rafael pudesse ser a pessoa que ajudaria Maíra a esquecer, ou pelo menos, a superar o que aconteceu.

Aprisionada pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #2]Onde histórias criam vida. Descubra agora