SAFIRA
Acordei sentindo o calor do corpo dele colado ao meu e os braços fortes me envolvendo. Ainda meio sonolenta, olhei de relance o relógio na mesa de cabeceira: ainda era cedo demais, mas eu sabia que seria melhor levantar logo.
Hoje era o meu último dia de trabalho antes das férias do Felipe. Ele passaria um tempo na cidade dos parentes da dona Marta, e eu teria um mês e meio para relaxar e resolver coisas pessoais sem me preocupar com o trabalho.
Lentamente, retirei os braços dele de cima de mim e me virei e observei o curativo do ombro. Estava seco e era um bom sinal, pois significava que ele estava se recuperando bem.
Graças a Deus.
Meu olhar percorreu seu abdômen, e um sorriso brincou em meus lábios enquanto eu tocava suavemente os gominhos de sua barriga com a ponta de um dedo. A sensação da pele firme sob meu toque foi tentadora, mas eu precisava me preparar para o dia, então me levantei da cama e fui em direção ao banheiro.
A água quente escorria pelo meu corpo enquanto meus pensamentos vagavam, quando fui interrompida pelo som da porta do banheiro se abrindo. E lá estava Murilo, completamente nu, parado e olhando para mim com um sorriso.
— O que você tá fazendo? — perguntei, enquanto meu coração acelerava. — Tem outro banheiro lá embaixo.
— Eu não quero tomar banho lá embaixo. — disse, chegando mais perto. — Vai ser mais divertido tomar banho com você...
— Você não pode molhar os curativos. — repreendi, desligando rapidamente o chuveiro. — Você tava fazendo isso todo esse tempo? Tomando banho sem nem se preocupar com os curativos?
Ele deu de ombros.
— Não ia ficar tirando e colocando toda vez que fosse tomar banho.
Fiquei boquiaberta, a incredulidade estampada no meu rosto.
— Sério isso, Murilo? — Balancei a cabeça, incrédula. — É um milagre que não tenha infeccionado ainda! — Olhei para o curativo no ombro dele. — Você precisa se cuidar melhor. Não pode ficar fazendo essas coisas.
— É só você cuidar de mim. — Ele respondeu com um meio sorriso, a voz cheia de charme, como se a solução fosse simples assim.
Revirei os olhos, tentando esconder o sorriso que ameaçava surgir.
Me aproximei dele, focada em retirar o curativo do ombro. Meus dedos trabalhavam cuidadosamente, mas eu sentia o olhar dele em mim, como se examinasse cada detalhe do meu rosto.
— O que foi? — perguntei, sem desviar o olhar da minha tarefa.
— Não posso olhar pra você? — ele perguntou, com uma provocação na voz.
Eu balancei a cabeça, rindo baixinho.
— Não desse jeito.
— Tá com vergonha? — Ele riu, a voz cheia de diversão. — A gente tá nu e você fica envergonhada com meu olhar?
Eu corei, desviando o olhar enquanto abaixava para retirar o curativo da perna dele. Senti o toque nos meus cabelos, enquanto ele pegava um punhado e enrolava em seu braço.
— Você não perde tempo, né? — brinquei, ainda ajoelhada à sua frente.
— Tem que saber aproveitar as oportunidades. — ele respondeu, a voz ficando mais rouca. Com o olhar intenso, ele esfregou o polegar nos meus lábios. — Bem que você podia fazer aquilo pra mim. — A sugestão no tom dele era clara.
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Aprisionada pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #2]
RomansaSafira cresceu na favela e nunca teve uma vida fácil. Ela fazia de tudo para ignorar aquela parte tão violenta do que era morar ali. Com a morte recente dos pais, Safira se vê sem rumo na vida. Do outro lado, Murilo, também conhecido com Marreta, er...