19

4.2K 261 4
                                    

MARRETA

Estefane saiu da salinha como um furacão, esbarrando em um dos moleques que ficavam de guarda, mas que naquele momento não serviram de porra nenhuma, já que até a Estefane conseguiu entrar sem ser barrada.

Olhei em volta, vendo a cara de merda dos moleques que estavam ali. Pareciam uns ratos assustados.

– Qual foi? – Minha voz saiu dura. Eles me olharam com medo. – Da próxima vez que deixarem qualquer um entrar aqui, vai sobrar pra todo mundo, caralho. – Dei uma pausa, vendo como engoliram seco. – Tô avisando.

Eu voltei pra salinha, fechei a porta, e tentei me concentrar no que importava. A cabeça ainda estava cheia de raiva, mas agora não era mais por causa da Estefane. Mas Safira... E ultimamente, eu andava com um pressentimento ruim sobre ela.

Esse curso tinha mais coisa do que ela realmente estava me contando.

Foi então que a porta se abriu de novo. William entrou, sem fazer barulho, como se soubesse que eu estava no limite. Ele fechou a porta atrás de si e se aproximou, a expressão dele era séria. Eu sabia que ele não estava ali pra me encher de conversa fiada.

– E aí, William.

– Marreta... – Ele começou, meio hesitante, mas firme o suficiente pra eu saber que o que ele tinha a dizer era importante. – Aquela coisa que você queria saber sobre a Safira... descobri umas coisas.

Meu corpo ficou tenso imediatamente. Eu sabia que vinha coisa ruim, mas precisava ouvir.

– Fala logo. – Respondi, cruzando os braços, tentando me manter calmo.

– Eu segui ela, fiz o que você mandou. – William disse, sem rodeios. – A Safira, tua mulher não tá indo pra curso nenhum, cara. Não entra em sala de aula nenhuma e sabe lá Deus o que ela tá fazendo, né.

Eu apertei os punhos, sentindo o sangue ferver nas veias. Sabia que tinha alguma coisa errada, mas ouvir isso... me pegou de jeito.

– E onde ela tá indo, então? – Perguntei, a voz saindo mais baixa.

– Tem uma casinha lá no centro... – Ele começou, e eu vi que ele estava medindo as palavras, tentando evitar minha reação. – É lá que ela tá indo. Só não sei o que ela faz lá.

Eu senti o estômago revirar, a raiva crescendo com cada palavra que ele dizia. Safira mentindo pra mim, inventando histórias... aquilo não fazia sentido, e ao mesmo tempo, me fazia ver vermelho.

– Explica essa história direito, William. – Eu disse, sem conseguir mais segurar a frustração e a raiva. – Que caralho! Que porra a Safira tá pensando, hein?! Mas quando ela chegar, vai se ver comigo!

William começou a explicar tudo nos mínimos detalhes, tentando não me deixar ainda mais puto do que eu já estava. Mas era impossível.

– Eu segui a Safira depois que você mandou. Ela saiu de casa, pegou o ônibus e entrou numa casa. Eu fiquei do lado de fora, só observando, mas ela ficou lá dentro por um tempo, e só saiu horas depois. Fez isso várias vezes na última semana. Todo dia a mesma coisa.

– Essa porra não pode estar certa... – Eu murmurei, mais pra mim do que pra ele. William parou de falar, esperando alguma reação minha, mas eu estava absorvendo tudo, processando as informações.

– O que você acha que ela tá fazendo lá, Marreta? – Ele perguntou.

Eu levantei os olhos pra ele, meu olhar gelado, mas a raiva queimando por dentro. Eu não sabia o que pensar, mas a possibilidade de Safira estar me traindo, mentindo pra mim... aquilo me deixava fora de mim.

– Seu eu soubesse, não tinha pedido pra você seguir ela, né, caralho! – Eu disse com raiva. – Eu juro que se tiver algum filho da puta nessa história, os dois vão se arrepender disso, William.

A única coisa que passava pela minha cabeça era a ideia de Safira com outro cara, mentindo pra mim, me fazendo de idiota.

– Tem mais alguma coisa? – Perguntei, minha voz saindo mais controlada dessa vez. William hesitou, mas balançou a cabeça negativamente.

– Só isso por enquanto. – Ele respondeu, mas eu sabia que ele não queria me irritar ainda mais. Eu fiz um gesto com a mão, dispensando ele, e William saiu da salinha, me deixando sozinho com meus pensamentos.

Eu me afundei na cadeira, tentando controlar a raiva que tomava conta de mim. O que quer que Safira estivesse fazendo, eu ia descobrir. E quem quer que estivesse envolvido nisso, ia pagar caro. Eu não ia deixar que ninguém tirasse ela de mim, e muito menos que ela pensasse que poderia me enganar assim.

Mas, por outro lado, parte de mim queria acreditar que havia uma explicação. Safira não era como as outras. Eu sabia que ela não era como a Estefane, mas ela estava me enganando.

Eu apertei os punhos, fechando os olhos por um momento, tentando acalmar a mente. Eu ia dar um jeito de resolver essa situação, do meu jeito. E eu ia conseguir, não importava o que precisasse fazer pra descobrir.

Levantei da cadeira, decidido. Saí da salinha e os moleques ainda estavam por ali, como se esperassem algum comando. Eu olhei pra eles com um misto de desprezo e comando.

– Vocês fiquem de olho, qualquer movimento estranho, me avisem. E lembrem do que eu disse antes, não deixem ninguém entrar sem permissão. – Eles assentiram, visivelmente aliviados de eu não estar descontando toda a raiva neles.

Saí Dali, com o pensamento fixo em Safira. A raiva fervia dentro de mim, alimentada pela suspeita que crescia a cada segundo. Se ela estivesse aprontando alguma coisa, se descobrisse que poderia me enganar, eu iria descobrir e nem sei do que seria capaz de fazer com a Safira.

Se alguém estava se metendo no meu caminho, ia pagar caro, ia se arrepender amargamente de ter mexido com o que era meu.


Aprisionada pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #2]Onde histórias criam vida. Descubra agora