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SAFIRA

Sentada ao lado de Maíra na sala de espera da clínica, eu sentia meu coração bater cada vez mais forte dentro do peito. Minhas mãos estavam frias e suadas, e por mais que tentasse me concentrar em qualquer outra coisa, minha mente não conseguia se afastar do que estava prestes a acontecer.

O teste de gravidez ainda estava fresco na minha memória, como se o positivo estivesse gravado na minha mente, me atormentando.

Eu sabia que só tinha uma maneira de confirmar tudo, mas isso não tornava a espera menos angustiante.

Maíra estava ao meu lado, folheando uma revista velha que encontrou na mesa da sala de espera. Ela tentava, da sua maneira, me distrair com comentários sobre as celebridades nas páginas, mas eu mal conseguia prestar atenção no que ela dizia. Tudo o que eu conseguia fazer era esperar o momento em que meu nome seria chamado.

Quando finalmente ouvimos a voz da recepcionista chamando meu nome, meu estômago deu um nó. Me levantei, sentindo como se minhas pernas fossem ceder a qualquer momento.

Entramos no consultório, e a médica, uma mulher, nos cumprimentou. Sentamos nas cadeiras em frente à mesa dela, e eu tentei explicar a situação.

— Eu fiz um teste de gravidez... Deu positivo, mas eu não tenho nenhum sintoma — comecei, minha voz tremendo um pouco. — Minha menstruação tá normal, e eu... Eu tomei a pílula do dia seguinte. Só teve uma vez, há uns três meses, e depois disso, sempre nos protegemos.

A médica assentiu, ouvindo atentamente. Ela fez algumas perguntas, tentando entender melhor minha situação.

— Safira, vou pedir que você se deite na maca. — a médica disse, indicando o aparelho ao lado da cama. — Vamos fazer um exame de ultrassom para ter certeza.

O aparelho de ultrassom foi ligado, e eu me deitei. Minha amiga ficou ao meu lado, segurando minha mão, enquanto a médica preparava o aparelho.

A médica começou a examinar, movendo o aparelho sobre a minha pele, e eu olhei para o monitor, onde a imagem ainda estava borrada.

— Olha aqui, querida. — a médica disse, apontando para a tela, onde uma pequena forma começava a se delinear. Ela olhou para mim com um sorriso gentil. — Você está grávida, Safira. Pelos cálculos, já está de aproximadamente três meses.

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Eu olhei para a tela, incapaz de processar o que estava vendo. Era real. Não havia mais como negar ou fugir da verdade. Eu estava grávida.

— Não pode ser... — sussurrei, sentindo as lágrimas se acumularem nos meus olhos. — Eu tomei a pílula... Eu tomei... Maíra...

Maíra apertou minha mão com mais força, enquanto a médica continuava a me explicar que, apesar de ser uma medida de emergência, a pílula do dia seguinte não é 100% eficaz.

— Safira, sei que isso pode ser um choque para você. — a médica disse, tentando me acalmar. — Mas agora precisamos focar em cuidar de você e do bebê. Vou te passar algumas orientações sobre os próximos passos.

Ela fez uma breve pausa, olhando diretamente para mim antes de continuar.

— Pela sua descrição e exames, sua gravidez tem características de uma gravidez silenciosa. — explicou. — É uma condição rara, mas que pode acontecer. Em casos como o seu, os sinais típicos de gravidez, como enjoos, ganho de peso ou mudanças no ciclo menstrual, são tão sutis que acabam passando despercebidos. Isso pode fazer com que a mulher não perceba que está grávida até um estágio mais avançado.

Eu assenti, ainda atordoada, enquanto ela me explicava tudo.

Quando finalmente saímos da clínica, eu me sentia como se estivesse num transe. Maíra estava ao meu lado, tentando me dar apoio, mas eu ainda estava perdida em meus pensamentos, tentando entender como minha vida havia mudado tão drasticamente em tão pouco tempo.

— Vai ficar tudo bem, amiga. — Maíra disse, colocando uma mão no meu ombro enquanto caminhávamos para fora. — Você vai ver que esse bebezinho vai te fazer feliz. E o Murilo vai adorar a notícia, vai ficar maluco com a ideia de ser pai.

Eu tentei sorrir, mas o medo ainda estava lá, apertando meu peito. Estava tão distraída que quase não percebi quando dois homens surgiram do nada, se aproximando rapidamente de nós.

William.

Com uma expressão de raiva no rosto, se aproximou de mim e antes que eu pudesse reagir, senti algo gelado pressionar contra minhas costelas. Olhei para baixo, e o choque me atingiu como um raio. Ele estava segurando uma arma.

— Não tenta nada, vadia. — William sussurrou, a voz ameaçadora. — E acompanha a gente caladinha ou eu mato você bem aqui, ouviu?

Meu coração disparou ainda mais, mas desta vez, era de puro pavor. Maíra tentou reagir, mas o outro homem, que eu não reconheci, a segurou, rendendo ela também.

Eles nos empurraram na direção de um carro estacionado ali perto, e eu segui, ainda em estado de choque, incapaz de acreditar no que estava acontecendo.

Tudo ao meu redor parecia um borrão, e as palavras da médica, o ultrassom, o teste de gravidez, tudo isso desapareceu, dando lugar a um medo paralisante.

Quando nos colocaram no carro, senti um pânico crescente. Eu estava nas mãos de William e do outro homem, e não tinha ideia do que eles queriam ou do que fariam com a gente.

No carro, William estava sentado ao meu lado, ainda com a arma em mãos, observando cada um dos meus movimentos.

— O que você quer com a gente, William? — Minha voz saiu trêmula, mas firme, tentando entender o que estava acontecendo.

— Quietinha, vagabunda. — Ele respondeu com um desprezo gelado, antes de me dar um tapa no rosto, o som seco ecoando na minha mente. O choque e a dor me fizeram inclinar para trás, enquanto a ardência se espalhava pela minha bochecha.

— Não faz isso com ela! — Maíra gritou ao meu lado, a voz dela carregada de pânico, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, William se aproximou, apontando a arma para a minha cabeça.

— Fica sentada na seu lugar, porra! — mandou. — Ou eu atiro na cabeça dela, entendeu?

Maíra fungou e limpou as lágrimas, então voltou para o banco dela.

— Eu vou ficar quieta, mas não faz nada com ela, por favor. — chorou.

Quando finalmente chegamos ao destino, fui empurrada para fora do carro, minhas pernas tremendo tanto que quase não consegui ficar em pé.

Fomos levadas para dentro de um prédio que parecia abandonado. Meu coração batia descontroladamente, e o pânico tomou conta de mim.

William empurrou a gente para dentro de uma sala, onde finalmente nos deixou sozinhas por um momento. Maíra olhou para mim e disse:

— O Murilo vai encontrar a gente, ele não vai deixar nada acontecer, amiga. Não vai.  — ela sussurrou, tentando me acalmar.

Mesmo com a dor do tapa e o pânico da situação, eu pensei no bebê que estava crescendo dentro de mim. Era uma vida inocente, sem culpa, e eu sabia que precisava fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para garantir que essa vida tivesse a chance de crescer e ter um futuro.

Eu vou te proteger, meu filho.

Aprisionada pelo Dono do Morro [Série Donos do Morro #2]Onde histórias criam vida. Descubra agora