Hermione Granger
Já era sexta-feira, para a minha alegria. Desde o meu acidente, eu tive que me encontrar diariamente com um medibruxo para falar sobre a minha vida. Como faria com um psicólogo trouxa. O problema é que todos os assuntos que eu precisaria, na teoria, dividir com alguém, eram secretos. Eu não podia falar sobre meu relacionamento com Severo, nem sobre minha relação com Bellatrix e Voldemort, nem os planos de Rebastan, e nem sobre meu medo por meus amigos e meus pais trouxas. Eu acabava passando o tempo falando sobre o meu dia e tentando convencer o medibruxo que estava mentalmente saudável.
Para a minha felicidade, eu estava liberada das sessões aos finais de semana. Aquele medibruxo parecia tentar arrancar as verdades de mim a todo custo. Era horrível. Severo concordava que aquele acompanhamento era desnecessário e que em breve convenceria Dumbledore disso.
Quanto a ele, Severo passou o resto da semana agindo de maneira estranha. Ele passava muito mais tempo perdido nos próprios pensamentos e estava sempre trabalhando. Mas se tratando de Severo, eu não deveria ficar tão surpresa com sua necessidade de solidão ocasional.
Como ainda estava brigada com Rony, preferi ficar lendo nos jardins – longe do Lago Negro –, enquanto a aula de Aritmancia não começava. A maior parte dos alunos já estava em suas aulas, então eu pude aproveitar a paz e o silêncio. Sentei sob a sombra de uma árvore e dei início à minha leitura.
Estava submersa no meu livro, quando alguns murmúrios começaram a me irritar. Eram risos debochados e gritos abafados. Procurei com os olhos os garotos que resolveram cabular aula para atrapalhar o tempo livre dos outros. Como não estavam visíveis, deixei a árvore para trás, para acompanhar o som até encontrar os baderneiros. Mandaria-os de volta para suas aulas e continuaria a minha leitura pacificamente. Segui as vozes até próximo da entrada para o castelo e me surpreendi com a cena a minha frente.
O garoto sonserino que eu salvara no outro dia estava com a varinha apontada para três grifinórios do quarto ano, que também o ameaçavam com suas varinhas. Claramente, o sonserino estava em desvantagem e eu me aproximei para tirar satisfações.
– O que vocês pensam que estão fazendo?
Os quatro olharam para mim, mas apenas o primeiranista realmente me deu atenção.
– Eles estão zombando de mim – replicou com as mãos tremendo.
– Cala a boca, tampinha – rugiu um dos grifinórios. – E você não tem nada que se meter, filhote de comensal. Saia daqui!
Os grifinórios riram da ousadia do outro e eu reduzi meus olhos a fendas.
– Se querem tanto duelar, escolham alguém do seu tamanho – rugi me posicionando ao lado do sonserino.
Os garotos sorriram marotos e apontaram suas varinhas na minha direção. Prontamente, eu coloquei o sonserino às minhas costas e me defendi dos seus feitiços. As azarações voavam por todos os lados e eu me concentrei em me defender. Por mais simples que os feitiços fossem, eles estavam em três e isso reduzia meu espaço para um contra ataque.
– O que está acontecendo aqui?
A voz autoritária da professora McGonagall ecoou pelo jardim e automaticamente, os feitiços cessaram. Finalmente eu poderia provar que falara a verdade sobre o sonserino no outro dia.
– Os três estavam atacando esse garoto...
Quando virei para mostrar o sonserino, ele não estava ali. Eu acabara de deixá-lo às minhas costas. Como poderia sumir daquela forma em um campo aberto?
– Que garoto, Srta. Granger? – a professora questionou gentilmente.
– O sonserino! Ele estava aqui ainda agora!
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Sangue Negro | Snamione
Fanfic1982 Uma vila bruxa é invadida por lobisomens e apenas uma garotinha sobrevive. Dumbledore mantém a menina em Hogwarts até que a descoberta de seus pais biológicos leva o Ministro da Magia à exigir que ela seja criada por trouxas. 1996 Hermione Gran...