Severo me ajudava a descer as escadas em direção ao salão principal, enquanto eu estrangulava murmúrios lamuriosos. Eu finalmente tivera alta da Ala Hospitalar, mas ainda não conseguia andar muito sem sentir um incômodo no tórax. Pomfrey me segurara até a noite na Ala, disse que dessa forma eu não teria a tentação de fugir para as aulas.
– E sem movimentos bruscos – alertou. – Entendeu, Severo?
Esse segundo aviso me deixou constrangida pelo seu verdadeiro significado, mas Severo apenas revirou os olhos para a medibruxa.
Eu parei de andar ao chegar na frente do salão principal e Severo esperou que eu me recuperasse para seguirmos para as masmorras. Ele se oferecera para me carregar, mas eu neguei. Não queria correr o risco de ser vista por algum aluno e virar notícia novamente. De qualquer forma, eu não estava cansada, estava preocupada.
Voldemort me chamara dois dias antes, mas depois que eu enviei a carta à Bellatrix, não houve nenhum outro tipo de contato. Nenhum deles me enviou uma confirmação do recebimento ou um pergaminho escrito "ok". Nada. E esse silêncio me preocupava. Sem contar que eu prometera que iria até a mansão dos Malfoy quando estivesse melhor.
– Severo – chamei e ele me deu sua total atenção. – Quero ir até a mansão dos Malfoy.
Ele franziu o cenho e negou com a cabeça.
– Você ainda não está em condições de aparatar ou usar a sua chave de portal – murmurou sério. – Quando estiver bem, nós iremos. Mas não agora.
Severo tentou me puxar pela cintura para continuar a andar, mas eu fiz força para permanecer no lugar. Ele me lançou um olhar bravo em repreensão e cruzou os braços sobre o peito.
– Posso saber de onde saiu toda essa vontade de ir até lá?
– Eu prometi que iria – informei. – E não vou negar que estou inquieta com a falta de comunicação com a minha mãe.
Observei seus olhos revirarem e ele suspirou.
– Você avisou que estava mal e ainda está, diga-se de passagem – rebateu. – Eles podem esperar.
Ele tentou me forçar a andar, mas eu me recusei novamente. Ele bufou com a minha relutância e me pegou no colo, fazendo um gritinho baixo sair da minha garganta com a surpresa.
– Por favor, Severo – pedi empurrando seu peito. – Eu vou me comportar. Só quero conferir se está tudo bem.
Ele desviou os olhos do meu rosto e eu percebi seu maxilar travado. Estava impaciente. Por fim, suspirou resignado e seguiu comigo em seu colo a caminho dos jardins. Feliz por tê-lo convencido, abracei seu pescoço e depositei um beijo em sua bochecha.
– Obrigada.
Severo me olhou com uma sobrancelha erguida.
– Se eu me negasse, era capaz de você tentar fugir durante a noite – comentou. – Prefiro estar presente se for fazer essa loucura.
Sorri para ele. Severo me conhecia bem e sabia que minha teimosia poderia ter resultados desastrosos.
Assim que passamos os portões de ferro e saímos dos limites de Hogwarts, ele me colocou no chão cuidadosamente e me abraçou pela cintura. Eu prontamente deixei meus braços envolverem seu peito. Era uma forma segura de evitar ser estrunchada durante a aparatação.
O frio na barriga se tornou enjoo tão logo senti meus pés saírem do chão e nós praticamente rodopiarmos. Quando chegamos aos portões de ferro da mansão, minhas pernas ficaram molengas e eu agradeci por Severo ainda me segurar contra seu peito. Como eu imaginava, a aparatação fez a dor no meu tórax voltar, mas eu não diria isso a Severo. Ele ficaria bravo e preocupado.
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Sangue Negro | Snamione
Fiksi Penggemar1982 Uma vila bruxa é invadida por lobisomens e apenas uma garotinha sobrevive. Dumbledore mantém a menina em Hogwarts até que a descoberta de seus pais biológicos leva o Ministro da Magia à exigir que ela seja criada por trouxas. 1996 Hermione Gran...