Severo Snape
A mesa da sala de jantar, que servia de refúgio para as reuniões dos comensais, nunca esteve com tantos lugares vazios. Depois de informar Voldemort sobre os ataques de Rebastan à Hermione em Hogwarts, o homem de feições ofídicas decidiu convocar seus seguidores para esclarecer alguns pontos.
Hermione, sentada na cadeira de frente à minha, parecia tranquila e segura, o que era estranho. Mais estranho ainda era o olhar evasivo no rosto preocupado de Bellatrix. Hermione viera mais cedo para a mansão dos Malfoy, então eu não sabia exatamente o que ocorrera antes da reunião para deixá-las daquela maneira.
Meus pensamentos foram interrompidos pela voz fria de Voldemort. Finalmente ele daria início ao martírio. Se só o seu silêncio já fazia alguns comensais soarem frio, quando falava então, tornava a tensão e o medo palpáveis.
– Acredito que já saibam o motivo de estarem aqui – começou. – Rebastan Lestrange declarou guerra à Hermione e, consequentemente, a mim. Muitos, que se diziam fiéis, escolheram o lado dele para lutar. Mas, vocês, pelo contrário, escolheram o lado certo. Porque quando eu acabarcom essa brincadeira de Rebastan, não haverá misericórdia com traidores.
Alguns comensais se remexeram incomodados em suas cadeiras, enquanto outros engoliam em seco e deixavam o desespero claro em suas feições. Para a minha surpresa e da maioria ali, Hermione se ergueu de sua cadeira.
– Poupe sua saliva, Milorde – pediu. – Permita que eu explique melhor a situação.
Franzi o cenho. Milorde? Hermione realmente o chamou de Milorde?
Voldemort abriu um sorriso satisfeito e fez sinal para que ela prosseguisse. Hermione fez uma leve reverência e sacou a varinha das vestes. Não pude deixar de reparar nas movimentações dos comensais. Hermione os intimidava.
Ela começou a andar ao redor da mesa, batendo a própria varinha em sua palma, enquanto observava de perto o semblante dos afiliados de Voldemort. Um sorriso irônico brotou em seus lábios.
– Estejam à vontade para se unir à Rebastan – comentou e meus olhos se estreitaram –, se o desejo de vocês for morrer mais cedo. É claro.
Ela parou de andar repentinamente e girou nos calcanhares para encarar um comensal do outro lado da mesa. Anthony Dolohov.
– Vejam bem – prosseguiu –, se eu permitir que todos saiam daqui agora, que garantia terei que nenhum de vocês correrá para contar nossos planos de guerra para Rebastan? Exatamente, nenhuma.
Hermione continuou a caminhar em torno da mesa. Seus passos ecoavam pela sala silenciosa. Voldemort parecia se divertir com o desempenho da filha e eu estava realmente confuso com tudo aquilo.
– Para a nossa sorte, temos um bruxo entre nós, que se ofereceu voluntariamente para ocupar o papel de espião – provocou. – Como sou muito caridosa, darei a oportunidade dele se pronunciar por espontânea vontade.
A tensão era tão palpável que eu poderia cortá-la com uma faca. Os comensais olhavam uns para os outros tentando convencer seus colegas silenciosamente de que estavam do mesmo lado. Hermione alargou o sorriso ao ver o resultado de sua provocação. Por fim, ninguém se manifestou.
Hermione deu de ombros e com um pequeno aceno de varinha, fez um bruxo voar de sua cadeira para o chão aos seus pés. Os olhos arregalados do homem provavam o quão assustado e surpreso ele estava. Por sua vez, todo o divertimento do rosto feminino sumiu.
– Achou que eu estava blefando, Nott? – rosnou. – Achou mesmo que poderia se infiltrar e sair impune?
– Milady, eu jamais... – tentou.
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Sangue Negro | Snamione
Fanfiction1982 Uma vila bruxa é invadida por lobisomens e apenas uma garotinha sobrevive. Dumbledore mantém a menina em Hogwarts até que a descoberta de seus pais biológicos leva o Ministro da Magia à exigir que ela seja criada por trouxas. 1996 Hermione Gran...