Bellatrix me arrastou de volta para a cama, quando eu já estava mais calma. Narcisa se afastara ao ver Dumbledore deixar o leito de Severo, nos deixando a sós. Aparentemente, ela queria conversar com o diretor sobre algum assunto particular.
Permaneci em silêncio tentando controlar minhas vias lacrimais, apesar de ser inútil. Não queria continuar chorando na frente de Bellatrix. Senti sua mão segurar a minha e vi que ela o fazia em um sinal de conforto, então aceitei o gesto de bom grado.
– Sabe – sussurrou –, quando eu e Ciça aparatamos aqui em Hogwarts e vimos você cruciar Rodolfo, eu pensei: essa é a minha garota! Mas aí você usou aquele fogo maldito e tudo o que eu consegui pensar foi: droga, é a garota do papai.
Ela fingiu ultraje ao bufar e cruzar os braços sobre o peito. Eu abri um pequeno sorriso.
– Por que vocês estão aqui? – questionei.
– Bem, seu queridinho disse que você estava em um lugar seguro e quando vimos que Rodolfo tinha sumido, corremos para cá – explicou indiferente. – Imaginei que ele viria atrás de você.
– Entendo. Obrigada – murmurei.
Ela estava claramente incomodada e se eu dissesse que não estava, mentiria. Era muito estranho. Bellatrix quebrou aquele breve silêncio com um suspiro resignado.
– Ouça, Hermione, não sei muito sobre ser mãe... Então, não espere grandes coisas de mim – avisou com uma seriedade fingida e por fim, respirou fundo resignada. – Mas, mesmo assim, sinto muito pelo que aconteceu com você. Foi tudo culpa do Rodolfo. Em minha defesa, eu sósoube sobre esse voto perpétuo hoje e pelo Lorde, que ouviu dos lobisomens – contou o que Severo me dissera mais cedo. – Eu não entendia o motivo de Narcisa parecer tão brava comigo ou por você não querer olhar para mim. Então, eu invadi a mente de Ciça, enquanto vocêcolocava o seu vestido, e vi a lembrança que Rodolfo modificou sobre o voto.
Agora tudo fazia sentido.
– Você contou para Severo. Por quê? – indaguei.
– O Lorde queria que ele encontrasse uma forma de anular o voto e eu achei que ele se sairia melhor na tarefa se soubesse de tudo – esclareceu dando de ombros. – Eu não imaginava que vocês estavam envolvidos...
– Eu queria te perguntar mais uma coisa – eu a interrompi porque se falasse de Severo começaria a chorar de novo. Ela fez sinal para que eu prosseguisse. – Você descobriu que eu estava viva naquela noite no ministério, quando Lestrange tentou me enforcar. Mas por que Severo não conseguiu reconhecê-lo? E por que você continuou com ele?
Ela soltou outro suspirou.
– Ele usou um feitiço desilusório para evitar uma reprimenda do Lorde. Somente eu o reconheci. Agora, sobre sua segunda questão... – Ela parecia indiferente. – Nós não estávamos exatamente juntos. Só mantínhamos as aparências. Desvantagens de ser sangue puro.
– E você não pensou em cruciá-lo depois daquilo? – perguntei surpresa.
Bellatrix riu da minha pergunta. Mas não foi uma risada escandalosa ou irritante, foi uma risada normal.
– Essa é a minha garota! – murmurou satisfeita.
De repente, ela parecia tão normal. Conversando comigo sem aquela insana paixão por Voldemort, sua luta para extinguir os nascidos-trouxa, e a vontade de torturar qualquer ser que se mexesse. Era realmente estranho.
Narcisa voltou até nós e avisou que precisavam ir. Minha tia me deu um beijo na testa e fez um leve carinho na minha cabeça para se despedir. Bellatrix apenas acariciou minha mão e para mim, foi o suficiente.
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Sangue Negro | Snamione
Hayran Kurgu1982 Uma vila bruxa é invadida por lobisomens e apenas uma garotinha sobrevive. Dumbledore mantém a menina em Hogwarts até que a descoberta de seus pais biológicos leva o Ministro da Magia à exigir que ela seja criada por trouxas. 1996 Hermione Gran...