Capítulo 40 - Instinto

27 3 0
                                    

Depois que Severo voltou do corujal, nós jantamos e Madame Pomfrey me aconselhou a tomar minhas poções e dormir. Severo estava sentado ao meu lado e eu percebi que ele não pretendia dormir. E se dormisse, acabaria desconfortável como na noite anterior.

– Dorme aqui comigo – pedi batendo no colchão ao meu lado. – Vai acabar com torcicolo se dormir nessa cadeira de novo.

Ele abriu um pequeno sorriso, mas negou com a cabeça.

– Você ainda está com dor, precisa do espaço. Se eu deitar aí com você, nenhum de nós conseguirá dormir.

Fiz minha melhor cara triste e olhei para ele em um pedido mudo.

– Junte outra cama, então – sugeri. – Eu quero que você durma comigo.

Severo suspirou resignado e apontou a varinha para a minha cama. Ele sussurrou algum feitiço e o colchão se estendeu, transformando-se em uma cama de casal.

Sorri para ele e, em resposta, ele deslizou para o meu lado. Eu queria virar para ele e abraçá-lo, mas a dor na minha costela ainda não me permitia muitos movimentos. Severo virou de lado e me abraçou pela cintura, enquanto encostava seu rosto no meu. Ele me deu um beijo na cabeça e eu tentei me aconchegar a ele, segurando em seu braço que me enlaçava.

Com o maior cuidado possível, Severo me ajudou a tomar as poções e eu voltei a me encolher contra o seu peito. Estiquei o rosto pedindo um beijo e ele prontamente correspondeu. Mas foi um beijo rápido e eu tornei a fazer carinha de tristeza.

– Não quero me empolgar – sussurrou com aquela voz rouca que tanto me enlouquecia. – Então se comporte.

Eu ri do seu pedido e assenti com um meneio de cabeça. Ficamos agarrados mais alguns minutos, mas logo o sono se aproximou e a respiração de Severo no meu rosto me acolheu até que eu dormi.



Tateei o colchão ao meu lado apenas para encontrar lençóis frios. Nenhum sinal de Severo. Suspirei chateada e resolvi abrir os olhos. O sol quase me cegou por alguns segundos, mas depois de piscar algumas vezes, o teto branco entrou em foco. Olhei ao meu redor e vi apenas Madame Pomfrey no salão.

Onde estava Severo?

A medibruxa logo percebeu que eu estava acordada e se aproximou com alguns frascos de poção. Ela apoiou os vidrinhos sobre a mesa ao meu lado e checou minha temperatura e pressão.

– Como está se sentindo hoje? – questionou.

– Melhor. Mas ainda sinto dor para me movimentar.

Ela abriu um pequeno sorriso.

– É natural dado ao seu acidente – contou. – Mas, provavelmente, amanhã já terá alta. Só deverá ficar em seu quarto por alguns dias em repouso.

Concordei. Queria voltar para as aulas. Porém, Madame Promfrey tinha outros planos e eu resolvi seguir suas instruções.

– A senhora sabe onde Severo foi? – indaguei.

Meu medo era que Voldemort o tivesse chamado enquanto eu dormia.

– Ele não fugiu, só foi tomar banho – brincou. – Pedi que trouxesse vestes limpas para você.

Um alívio me tomou e eu me vi sorrindo. Severo tinha suas necessidades básicas, não vivia em prol de mim ou Voldemort ou Dumbledore. Isso era bom.

– Obrigada.

Tomei meu café da manhã em silêncio e sem pressa. Quando estava terminando meu suco de abóbora, Severo irrompeu na sala. Ele caminhou na minha direção carregando algumas peças de roupa nos braços. Assim que me alcançou, deixou meus pertences sobre sua habitual cadeira e se apressou em me dar um beijo na testa.

Sangue Negro | SnamioneOnde histórias criam vida. Descubra agora