Em uma cidade envolta em mistérios, onde sombras escondem mais do que revelam, Maya Harper, uma alma atormentada, busca refúgio nas próprias tormentas. Uma noite, uma oferta inesperada surge no horizonte sombrio de sua existência: uma vaga no progra...
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Maya Harper
O som das ondas batendo contra as rochas eram constante, quase hipnótico. A ilha parecia desolada, como se a própria natureza tivesse se afastado do que quer que fosse feito ali. Eu estava novamente aqui. O lugar que tinha sido um pesadelo distante, mas que agora era minha realidade. Cada passo que dava era um lembrete do perigo que me cercava. O vento frio roçava minha pele, mas o que fazia meu sangue gelar de verdade era a sensação de que não estava sozinha — algo na escuridão me observava.
As instruções eram claras. Manter o disfarce, observar e reportar assim que tivesse a localização exata da ilha. Mas eu havia desligado as escutas. Não podia arriscar que descobrissem minhas reais intenções aqui, eu sabia que, a ilha era diferente de tudo o que meus colegas haviam imaginado. As sombras pareciam ter vida própria, e as pessoas que circulavam pelos caminhos de terra batida tinham um olhar vazio, como se tivessem sido sugadas de sua humanidade.
Enquanto caminhava pelos corredores estreitos, fiquei atenta a cada rosto que passava. O que eu via não era apenas exploração. Era algo mais profundo e mais sombrio. Meninas e meninos andavam de cabeça baixa, conduzidos por guardas armados, como se fossem prisioneiros em um campo sem nome. O cheiro de maresia se misturava ao suor e ao medo. Algo em mim sabia que o pior ainda estava por vir.
O espaço onde fiquei designada era um antigo casarão abandonado, uma construção imponente com pedras cinzentas, caindo aos pedaços, mas ainda carregada com uma presença sufocante. Parecia um mausoléu, um lugar onde os vivos não eram bem-vindos. Fui levada a um quarto com janelas trancadas e uma única lâmpada fraca, que oscilava com o vento que penetrava pelas frestas nas paredes.
Eu tinha que manter minha mente no objetivo, mas era difícil não ser afetada. Cada vez que fechava os olhos, imagens de meninas que vi lá fora voltavam à tona. Aquele lugar não era só um mercado de exploração, era um cemitério de almas. Meninas com olhares vazios, já sem esperança, como se já tivessem desistido de qualquer futuro. E ali estava eu, no lugar onde se passa todos os meus pesadelos.
Tentei manter meu foco, mas a tensão crescia dentro de mim. Eu sabia que a equipe estava lá fora, esperando qualquer sinal, mas por enquanto, eu estava sozinha. Muito sozinha. Isso era parte do plano, e eu aceitei, mas o silêncio daquele lugar fazia meus ossos doerem. E o medo? Ele estava lá, pulsando junto ao meu coração, mas eu precisava me controlar.
À noite, o verdadeiro horror começava.
O casarão, que durante o dia já era inquietante, à noite tornava-se um cenário saído de um pesadelo. As vozes lá fora, as risadas sombrias dos homens que cuidavam do lugar, misturavam-se com os gritos abafados que vinham de lugares que eu ainda não conseguia identificar. Eu sabia que não podia sair sem arriscar minha cobertura, mas parte de mim queria correr por esses corredores e descobrir o que, ou quem, estava sendo silenciado.
