Jace caminhava pelo galpão com passos calculados, observando as marcas nas paredes e o caos deixado pelo ataque. As sombras se alongavam com o fim da tarde, tornando o ambiente ainda mais sombrio. Ao seu lado, Alec olhava os destroços em silêncio, enquanto Valentine, com as mãos cruzadas nas costas, examinava o símbolo pintado com sangue na parede.
O símbolo de Charles.
O nome do avô de Clary tinha um peso sombrio, uma sombra do passado que Jace mal conhecia, mas que, aparentemente, voltava agora com força total para assombrar todos eles. Ele já havia notado a tensão no rosto de Valentine desde que descobriram o símbolo no primeiro galpão, mas agora, à medida que os ataques se intensificavam, algo mais profundo parecia estar se desdobrando.
Jace suspirou, quebrando o silêncio.
— Quão perigoso ele pode ser? — perguntou diretamente, olhando para Valentine.
Valentine parou de encarar o símbolo e se virou para encarar Jace, seus olhos duros e sérios.
— Mais perigoso do que você pode imaginar, — ele começou, a voz baixa, mas carregada de significado. Alec se aproximou, prestando atenção.
Jace cruzou os braços, esperando por uma resposta. Algo dentro dele dizia que Valentine não havia contado tudo. Nunca contava tudo, pensou Jace.
Valentine respirou fundo, parecendo ponderar por um momento.
— Charles Morgenstern... era meu pai, — ele disse, como se as palavras tivessem peso. — E ele odiava a ideia de uma filha mulher em nossa família.
Jace franziu o cenho, ouvindo atentamente enquanto Valentine continuava.
— Minha mãe, Charlotte, era uma mulher forte, mas Charles sempre a subjugou. Ele acreditava que as mulheres eram fracas, indignas de poder, de controle. Quando Clary nasceu... — Valentine fez uma pausa, seu rosto endurecendo ao relembrar o passado sombrio. — Ele a odiou desde o momento em que soube que eu tinha uma filha. Para ele, Clary era a personificação da fraqueza. Ele queria que eu a abandonasse, ou pior... ele queria que ela desaparecesse.
Os olhos de Jace se estreitaram, o sangue começando a ferver em suas veias ao ouvir isso. Ele sabia que Clary tinha uma história difícil com o avô, mas ouvir o desprezo em Valentine ao mencionar Charles só fazia sua raiva aumentar. Ninguém deveria odiar uma criança dessa forma, ele pensou.
Valentine continuou, seus olhos sombrios refletindo a lembrança.
— Eu não podia permitir isso. Minha mãe não podia permitir isso. Ela lutou com todas as forças para proteger Clary, para garantir que ela tivesse uma chance de sobreviver, de ser mais do que Charles jamais poderia imaginar. Mas foi difícil...
— O que ele fez com ela? — Jace perguntou com a voz tensa, sentindo que a resposta poderia ser pior do que ele imaginava.
Valentine hesitou, mas seus olhos se estreitaram em uma expressão de dor contida.
— Charles... ele tentou várias vezes machucar Clary, tanto emocional quanto fisicamente. Ele a odiava por existir. Para ele, Clary era uma maldição. Minha mãe conseguiu protegê-la dele por um tempo, mas Charles era astuto. Ele sempre encontrava uma maneira de causar dor, de diminuir Clary, de fazê-la se sentir insuficiente.
Alec, sempre calmo, parecia visivelmente abalado ao ouvir aquilo. Ele olhou para Jace, mas disse nada. Jace, por outro lado, sentiu seu punho se fechar com raiva. O simples pensamento de alguém fazer isso com Clary, ainda mais quando ela era apenas uma criança, era insuportável.
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Sombras da Máfia - Clace Fanfic IA
FanfictionO dever é algo que supera tudo, inclusive seus próprios sentimentos. Jace Herondale e Clary Morgenstern cresceram aprendendo isso. Seus destinos foram traçados a quinze anos e agora havia chegado a hora de cumprir seus deveres para com suas famílias...