Capítulo 6

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O ambiente sombrio do porão de StarHall estava impregnado com o cheiro de sangue e medo. As paredes de concreto, sem janelas, mantinham os sons abafados, criando uma atmosfera sufocante. Jace, Alec e Stephen Herondale seguiram Valentine pelos corredores estreitos, até que chegaram à porta pesada de metal que levava ao coração das operações de interrogatório dos Morgenstern.

Valentine parou diante da porta e, com um sorriso frio, voltou-se para os Herondale. 

- Jonathan já começou a tratar dos prisioneiros que capturamos na noite passada. Parece que as coisas estão ficando interessantes.

Quando entraram no porão, o cenário que os aguardava era brutal, mas não surpreendente para quem vivia no mundo da máfia. No centro da sala, amarrado a uma cadeira, estava um dos homens da Ordem, completamente ensanguentado e ferido, seus olhos arregalados de dor e terror. Jonathan, de pé ao lado dele, usava uma camisa social branca parcialmente aberta, agora manchada de sangue. Ele lançou um olhar desdenhoso aos recém-chegados, passando a mão pelo tecido sujo.

- Sujou minha camisa favorita. Isso realmente não é legal. - Jonathan comentou com frieza, seus olhos escuros e cruéis enquanto olhava o prisioneiro sem qualquer traço de compaixão. O tom de sua voz era tão casual quanto se ele estivesse falando sobre o clima, e não sobre tortura.

Valentine sorriu, satisfeito, e se aproximou com os Herondale logo atrás. Jace, enquanto acompanhava a cena, percebeu que Clary não estava presente. Sua ausência parecia destoar da dinâmica usual, mas ele não disse nada, apenas guardou a informação.

- Como vão as coisas? - Valentine perguntou, sua voz cortante de satisfação.

Jonathan sorriu, aquele sorriso cruel e impiedoso que Jace já começava a associar a ele. 

- Estão prestes a melhorar.

Foi nesse momento que Clary apareceu no alto da escada, carregando algo em suas mãos com um sorriso calmo e confiante. Ela estava vestida de maneira impecável, com uma roupa elegante que a faria passar despercebida em qualquer evento da alta sociedade, sem que ninguém suspeitasse de sua verdadeira natureza. Seus cabelos ruivos estavam perfeitamente arrumados, e ela desceu os degraus como se estivesse caminhando para uma festa, não para uma sala de tortura.

Seus olhos encontraram os de Jace por alguns segundos, e ele sentiu uma faísca de algo que não conseguia identificar—admiração, talvez, ou algo mais profundo. Ela era um mistério completo para ele, um enigma envolto em beleza e crueldade. O olhar se desfez quando Jonathan se aproximou dela, pegando o que ela segurava.

- Minha princesa gostaria de fazer as honras? - Jonathan perguntou com um tom brincalhão, embora seus olhos estivessem cheios de um brilho sombrio.

Clary sorriu, um sorriso que combinava perfeitamente com o irmão — um divertimento cruel. Ela pegou a adaga decorada que Jonathan lhe entregou, seus dedos deslizando pelos detalhes finamente trabalhados da lâmina. A lâmina refletia a luz fraca da sala, e ela se aproximou lentamente do homem amarrado, que a observava com um misto de desespero e desafio.

- Você acha que eu tenho medo de uma vadia mimada? - o homem cuspiu, o rosto deformado pela dor, mas ainda cheio de arrogância.

Clary apenas sorriu, um sorriso doce e quase inocente, que não combinava em nada com a frieza nos olhos dela. Com um movimento suave, ela passou a lâmina sobre a pele do homem, fazendo um pequeno arranhão. Ele riu de forma amarga.

- É só isso que você tem? - ele perguntou com escárnio, enquanto seu peito arfava pesadamente. - Me diga, sua vadiazinha, o que acha que está fazendo brincando com isso? 

Jonathan e Valentine observaram a cena com divertimento, claramente apreciando o desenrolar da situação. Clary, por sua vez, não parecia incomodada. Ela se afastou alguns passos e observou a adaga, girando-a lentamente entre os dedos.

- Você deveria ter mais respeito com uma dama. - disse ela, calmamente, enquanto o prisioneiro continuava a lançar insultos desprezíveis na direção dela.

No entanto, à medida que os minutos passavam, o homem começou a suar, seu rosto ficou pálido, e sua respiração começou a falhar. Seu olhar de desafio foi lentamente substituído por um pânico crescente.

Clary olhou para ele com tranquilidade. 

- Acho que esqueci de mencionar... O veneno de uma naja indiana é uma arma muito útil e silenciosa. - Ela ergueu a adaga, mostrando o fio da lâmina. - Basta um pequeno corte para que o veneno comece a agir.

O homem arregalou os olhos em puro terror ao entender que tinha sido envenenado. Ele tentou desesperadamente se libertar das amarras, sua respiração cada vez mais irregular.

- Mas ainda há uma maneira de sair vivo. - Clary continuou, sua voz baixa e quase sedutora. - Basta nos dizer o que queremos saber. Caso contrário... bem, não haverá mais conversas.

O homem resistiu por um momento, mas a dor crescente o estava consumindo. Ele sabia que não sobreviveria por muito tempo. Sua voz saiu trêmula, desesperada. 

- Ok... ok... eu falo!

Valentine e Jonathan trocaram um olhar de satisfação enquanto o homem começou a revelar informações cruciais sobre a Ordem e seus planos. Clary observava calmamente, uma leve curva nos lábios, como se a situação estivesse perfeitamente sob controle.

Quando o homem terminou, exausto e suando, ele olhou para Clary, sua voz fraca. 

- Agora... me dê o antídoto...

Clary, então, riu de forma inocente, inclinando a cabeça. 

- Oh, querido... Não existem segundas chances com os Morgenstern.

Jonathan, ainda segurando o frasco do que o homem pensava ser o antídoto, jogou-o ao chão com um sorriso frio. O som do vidro se quebrando ecoou pela sala, e o prisioneiro olhou com horror enquanto suas últimas esperanças se desfaziam.

Enquanto o homem finalmente cedia ao veneno, Clary se voltou para os outros, seu olhar fixo em Jace por um instante mais longo do que o necessário, antes de voltar-se para Jonathan, que aplaudiu levemente.

- Bem feito, princesa. - ele disse, com um sorriso satisfeito.

Jace observava a cena, tentando processar tudo o que acabara de acontecer. A cada novo encontro com Clary, ele percebia que ela era muito mais do que ele jamais poderia ter imaginado. Ela não era apenas a princesa de Chicago — ela era uma força a ser temida.

Sombras da Máfia - Clace Fanfic IAOnde histórias criam vida. Descubra agora