Capítulo 38

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Clary estava no escritório, as cortinas entreabertas deixando a luz suave do fim da manhã entrar, mas o ambiente parecia mais pesado do que o normal. Ela sentia a tensão em seus ombros, os pensamentos se acumulando sobre como resolver a situação complicada que cercava a máfia e a iminente ameaça de Stephen e Charles. Jace, Alec, todos estavam sob pressão, e a sensação de que tudo estava se fechando sobre ela só aumentava.

Seu telefone vibrou sobre a mesa, rompendo seu devaneio. Ela olhou para a tela e viu um número privado. Imediatamente, seu corpo ficou tenso. Algo dentro dela sabia que essa ligação não traria boas notícias, mas ela não podia ignorar. Com uma respiração hesitante, ela atendeu.

- Alô? - Sua voz saiu mais fraca do que ela pretendia, e o silêncio do outro lado da linha fez seu coração acelerar.

Então, a voz que ela não ouvia há anos preencheu o espaço. Fria. Cruel. Horripilante.

- Minha querida neta Clary. - A voz de Charles era baixa, quase sussurrada, mas carregava um peso devastador. - Que ótimo finalmente ouvir você, depois de tanto tempo.

O mundo de Clary paralisou. Era como se, de repente, ela voltasse a ser uma criança, com medo de cada sombra, com medo daquela voz. Ela se viu impotente, paralisada, o terror infantil que ela achava ter superado se reinstalando rapidamente. Ela não conseguia reagir. Apenas ouviu.

- Você achou mesmo que poderia se esconder, não é? Com seu impériozinho em Nova York, com seu maridinho perfeito e essa gravidez patética... Você é uma farsa, Clarissa. - Ele riu, um som seco e sem vida que a fez estremecer. - Todos esses anos, eu escutei sobre como o império Morgenstern estava forte com Valentine e seus filhos. E você, claro, a grande princesa da máfia, temida por todos. - O desprezo em sua voz era ácido.

Clary sentiu as mãos começarem a tremer, as lembranças da infância, os pesadelos com Charles, tudo voltando à tona. Ela não conseguia respirar direito, como se o ar ao seu redor estivesse se dissipando.

- Você e essa família nunca passaram de uma piada. Sua avó, aquela estúpida... Valentine, um tolo. Eu teria matado Charlotte, mas o destino me poupou desse esforço. Mas você... Ah, você, minha querida netinha protegida, será um prazer destruí-la.

As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Clary. Ela tentou falar, mas sua voz não saiu. Sua mente se fechava, seu corpo entrava em um pânico profundo, como se ela estivesse de volta à infância, indefesa e presa sob a sombra de Charles. Ela não era mais a poderosa Clary Herondale; era uma menina assustada diante de um monstro.

-  Eu mal posso esperar para acabar com você e com esse bastardo que você carrega no ventre. - A voz de Charles se encheu de um ódio doentio.

Ele desligou.

Clary caiu de joelhos no chão, soluçando de pânico, o telefone caindo de suas mãos. Seu corpo começou a tremer incontrolavelmente. Ela sentia que não conseguia respirar, o peso do pânico esmagando seu peito. Era como se estivesse presa novamente naquele pesadelo da infância, onde não havia escapatória da presença aterrorizante de Charles.

As lágrimas nublavam sua visão, e ela começou a passar muito mal, sua respiração ficando cada vez mais curta, quase ofegante. O pânico tomava conta de cada célula de seu corpo, e por um breve momento, ela sentiu que estava completamente sozinha, indefesa.

- N-não... p-por favor... - ela murmurava entre os soluços, tentando de alguma forma controlar o colapso, mas a crise de pânico era avassaladora, consumindo-a como uma maré sombria.

Ela precisava de Jace.

Nana, a velha governanta, estava na cozinha, limpando os pratos do café da manhã, quando percebeu que o silêncio no apartamento havia ficado profundo demais. Algo estava errado. A sensação inquietante a fez parar o que estava fazendo e seguir seus instintos. Ela subiu rapidamente as escadas até o escritório, onde Clary tinha se retirado para pensar. Ao abrir a porta, seu coração disparou.

Sombras da Máfia - Clace Fanfic IAOnde histórias criam vida. Descubra agora