O eco das palavras

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Os dias se passaram rapidamente em Porto Real, e S/n começou a se adaptar à vida na corte. O ritmo frenético dos nobres, as intrigas sussurradas nos corredores e os olhares avaliadores eram novos e emocionantes, mas também a deixavam exausta. O casamento arranjado com Jofrey pairava sobre sua cabeça como uma sombra. Embora seu pai tenha decidido que era hora de unir as casas Stark e Targaryen, ele lhe ofereceu a opção de não se casar, uma escolha que agora pesava em seu coração. Mas havia algo mais intrigante que ocupava sua mente — a presença de Rhaenyra Targaryen.

S/n se pegava observando a rainha mais do que deveria. Havia uma força em Rhaenyra que a atraía, uma determinação que a tornava impossível de ignorar. Em uma dessas ocasiões, enquanto se preparava para um evento formal, ela se viu encarando seu reflexo no espelho. A jovem Stark não era apenas uma noiva em potencial; era uma mulher em busca de seu lugar em um mundo que a assustava, mas também a fascinava.

O dia do torneio havia chegado, e a cidade estava em festa. As arquibancadas estavam repletas de nobres e plebeus, todos ansiosos para assistir aos combates. S/n vestiu um vestido azul profundo, que acentuava seu cabelo castanho claro e seus olhos. Ao lado de Jofrey, ela tentava parecer animada, mas sua mente estava longe, pensando em Rhaenyra e na liberdade que desejava.

Durante o torneio, os cavaleiros competiam com bravura, e o barulho dos aplausos ecoava nos ares. Mas o que mais chamava sua atenção era a figura de Rhaenyra, que estava sentada em um local de destaque, elegantemente vestida, com seu cabelo loiro brilhante caindo sobre os ombros. S/n sentia que seus olhos se encontravam frequentemente, como se a rainha estivesse ciente de suas inquietações.

Após a primeira rodada do torneio, S/n decidiu que precisava de um momento para si mesma. Caminhando pelos jardins do castelo, ela se afastou da multidão barulhenta, buscando um pouco de paz. Enquanto admirava as flores, a voz de Rhaenyra a surpreendeu.

— Você parece um pouco perdida, minha senhora — disse Rhaenyra, sua presença irrompendo como um raio de sol. — Este lugar pode ser esmagador.

S/n virou-se, surpreendida pela aproximação da rainha, e fez uma reverência respeitosa.

— Perdoe-me, minha rainha. Apenas busco um pouco de tranquilidade entre os combates — respondeu S/n, tentando manter a compostura.

Rhaenyra observou-a com um olhar penetrante, como se estivesse avaliando não apenas sua aparência, mas também seus sentimentos mais profundos.

— O torneio é apenas um reflexo da vida na corte — comentou Rhaenyra, caminhando ao lado de S/n. — É uma exibição de força, e todos esperam que você faça parte disso.

S/n olhou para Rhaenyra, admirando a maneira como ela falava. Havia uma sinceridade em suas palavras que a fazia sentir-se mais à vontade.

— Mas eu não quero ser apenas um peão nesse jogo — confessou S/n, a voz baixa e hesitante. — O que se espera de mim não é o que eu desejo.

Rhaenyra parou, virando-se para encará-la. Os olhos violetas da rainha brilharam com uma intensidade que fez S/n sentir-se exposta.

— O que você deseja? — A pergunta foi direta, mas havia um calor subjacente em sua voz. — Você não precisa se conformar. Há sempre uma escolha, mesmo nas situações mais difíceis.

S/n respirou fundo, lutando para encontrar as palavras certas. Como poderia explicar que o que ela realmente desejava era liberdade, mas também um espaço seguro onde pudesse ser ela mesma?

— Eu… quero ser ouvida — S/n disse finalmente, hesitante, mas firme. — Quero poder fazer minhas próprias escolhas.

Rhaenyra sorriu, e o olhar dela se suavizou.

— Então, talvez você deva começar a se posicionar. O casamento entre você e Jofrey não é apenas uma questão pessoal, mas um movimento político que pode unir nossas casas — explicou Rhaenyra. — Mas não quero que você se sinta obrigada a isso.

S/n ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras da rainha. A pressão que vinha da corte e do casamento arranjado era intensa, mas as palavras de Rhaenyra a deixaram intrigada. Poderia haver espaço para suas próprias decisões mesmo em meio a essa confusão?

— Eu… não sei se estou pronta para isso — respondeu S/n, o coração acelerado.

— É compreensível, mas você deve se lembrar de que tem uma voz — Rhaenyra a encorajou. — Use-a. Você pode moldar seu futuro, e eu estarei aqui para apoiá-la.

S/n sentiu-se grata por aquelas palavras, como se alguém finalmente visse além das obrigações que a cercavam. A tensão do momento se intensificou quando Rhaenyra deu um passo mais perto, a distância entre elas quase inexistente.

— Você é mais forte do que imagina, escutei muito a seu respeito, antes de chegar — Rhaenyra disse, a voz suave como uma brisa. — Não deixe que a pressão te faça duvidar disso.

S/n sorriu, sentindo uma onda de gratidão. Aquela conversa a deixou mais confiante, como se um novo caminho se abrisse à sua frente.

— Obrigada, minha rainha. Suas palavras significam muito para mim — respondeu, fazendo uma reverência respeitosa enquanto tentava manter a compostura.

A rainha acenou, um brilho de compreensão em seus olhos.

— Vamos nos encontrar novamente mais tarde? — S/n perguntou, hesitante, mas desejando manter aquela conexão.

— Com certeza — Rhaenyra respondeu, e S/n notou uma leveza em sua expressão que a fazia sentir que havia algo mais além de política entre elas.

Ao retornar ao torneio, S/n sentia que um novo capítulo estava se desenrolando em sua vida. Ela sabia que a luta pelo poder na corte ainda estava longe de acabar, mas as palavras de Rhaenyra ecoavam em sua mente. Talvez eu possa encontrar meu próprio caminho aqui.

Enquanto os cavaleiros competiam no torneio, S/n percebeu que a vida em Porto Real poderia ser desafiadora, mas também poderia oferecer oportunidades inesperadas. E com a rainha Targaryen ao seu lado, ela se sentia mais preparada para enfrentar o que viesse.

Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora