Preparação para batalha

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A noite estava avançada quando Alicent finalmente encontrou coragem para procurar Rhaenyra. Caminhando pelos corredores de Pedra do Dragão, seu coração pesava com cada passo. Não era apenas o peso dos anos de desentendimentos, mas a certeza de que não havia mais tempo a perder. O luto ainda pairava sobre todos desde a morte de Joffrey, e a rainha sabia que a guerra se aproximava como uma tempestade inevitável.

Ela encontrou Rhaenyra no salão do trono improvisado, contemplativa, com o olhar fixo nas sombras que dançavam na parede. Ao vê-la, Alicent respirou fundo e avançou, a voz hesitante.

“Rhaenyra...” começou ela, sua voz falhando brevemente. "Eu não espero que me perdoe, mas preciso dizer que sinto muito. Por todos esses anos."

Rhaenyra não se virou de imediato, seu olhar ainda distante, a mente claramente imersa em algo maior do que as palavras de Alicent. Mas a rainha continuou, incapaz de reter a culpa que há tanto tempo carregava.

“Eu sucumbi às vontades de Otto. Ele sempre manipulou tudo ao redor... até nós duas. E agora, vejo com clareza que perdi dois filhos antes mesmo de perdê-los de verdade. Deixei Aegon e Aemond serem moldados pelo poder e ambição de meu pai, e sei que o único fim possível para eles será a morte.”

Rhaenyra finalmente virou o rosto, os olhos fixos em Alicent com uma mistura de tristeza e dureza. Alicent se aproximou mais, com as mãos trêmulas, numa postura vulnerável que ela raramente permitia a si mesma. “Eu sabia que, no momento em que me permiti ser influenciada por Otto, perdi a chance de evitar essa guerra... Eu sabia, desde que eles eram pequenos, que Aegon e Aemond nunca estariam satisfeitos enquanto você estivesse viva.”

A menção dos filhos de Alicent fez Rhaenyra apertar o maxilar. “E agora, eles mataram meu filho,” respondeu Rhaenyra, a voz baixa, quase um sussurro envenenado. “Mas quem sabe disso melhor do que você, não é?”

A dor era palpável nas palavras de Rhaenyra, mas algo no tom de Alicent, na sua humilhação voluntária, amoleceu o que restava de amargura. As duas rainhas ficaram em silêncio por alguns segundos, até que Rhaenyra finalmente falou: “Se você realmente sente tudo isso, então me ajude a pôr um fim nisso de uma vez por todas.”

Alicent, com lágrimas nos olhos, assentiu silenciosamente.

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Mais tarde, o conselho de guerra se reuniu em um salão repleto de mapas e estratégias rabiscadas. A morte de Joffrey deixara um rastro de urgência e raiva que motivava cada decisão. Sabiam que as tropas de Aegon estavam se movendo em direção a Harrenhal, e o tempo era curto. A mesa estava cheia de comandantes e senhores, com Rhaenyra ao centro, seu semblante impassível.

"Joffrey foi morto aqui," disse Daemon, apontando para o mapa onde uma pequena marca simbolizava o local do confronto. "Isso significa que Aegon e suas forças não estão longe. Precisamos estar preparados para enfrentá-los em Harrenhal, antes que eles consigam avançar mais."

S/n, que estava ao lado de seu pai, que havia chegado a Pedra do Dragão para apoiar a causa, interveio. “Lideraremos as tropas em solo, pai. Você e eu. Ao lado de Daemon,” afirmou com firmeza, seu olhar determinado e feroz. O lobo dela, sempre presente, rosnou baixo, como se sentisse a tensão no ar.

Daemon olhou para ela, aprovando sua determinação. “Quando Vhagar e Sunfyre chegarem, estarei montado em Caraxes. Não haverá misericórdia.”

Rhaenys, silenciosa até então, assentiu ao lado. Ela também lutaria, sua lealdade inabalável. Helaena estava ao fundo, ouvindo com atenção, e seus olhos tristes refletiam a perda de seu sobrinho. Desde a morte de Joffrey, ela passara a sobrevoar o castelo com seu dragão, patrulhando os céus, como se tentasse proteger aqueles que restavam. Embora não tivesse previsto esse trágico acontecimento, a dor de perder um sobrinho querido ecoava em seu coração.

“Eu também estarei lá,” disse Rhaenyra, seu olhar implacável. “Montando Syrax, e Vermithor me seguirá. Ele sabe quem sou agora.”

O silêncio caiu brevemente, todos sentindo o peso de suas decisões. Alicent, embora não fosse parte do plano de guerra diretamente, tomou a palavra com uma seriedade que surpreendeu a todos. "Ficarei em Pedra do Dragão. Cuidarei da filha mais nova de Rhaenyra. Se algo der errado... se vocês não voltarem, eu a levarei para um lugar seguro."

Era um ato de confiança que ninguém esperava, mas Rhaenyra não hesitou ao aceitar. “Se eu cair... fuja com ela, Alicent. Não deixe os Verdes tomarem minha filha.”

A tensão estava no ar. Todos sabiam que a batalha estava para começar. E uma vez que os dragões de ambos os lados se encontrassem no céu, o destino de Westeros seria selado. Cada um partiu para seus preparativos com o coração pesado e a mente afiada.

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Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora