Traição e ventos do Norte

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Rhaenyra já sabia que algo estava errado com Daemon. Ele estava mais frio e distante nas últimas semanas, passando menos tempo no castelo e se envolvendo pouco nos assuntos do reino. Ela, no fundo, sempre soube que ele nunca foi do tipo de homem que permaneceria em um só lugar ou com uma só mulher por muito tempo, mas ver isso acontecendo tão claramente a atingiu de maneira inesperada.

O que mais a feriu foi como ela descobriu a traição. Um dos homens da guarda, nervoso e visivelmente desconfortável, veio até ela, informando que Daemon tinha sido visto em um bordel, aos risos com uma das jovens. Rhaenyra tentou manter a compostura, mas seu sangue fervia por dentro.

Naquela noite, ela confrontou Daemon em seus aposentos. Ele não negou. Na verdade, ele não fez qualquer esforço para se desculpar, como se tudo fosse apenas mais uma de suas ações impensadas e egoístas. Para ele, aquilo não era relevante. O casamento era algo que ele nunca valorizou da forma que deveria, e suas palavras deixaram isso claro:

— O que você esperava, Rhaenyra? Nós dois sempre soubemos que isso era inevitável. Eu sou quem sou, e você aceitou isso desde o início.

Rhaenyra, com o coração partido e raiva transbordando, apenas o observou enquanto ele saía, sem uma palavra a mais. Ela não implorou, não pediu explicações. Sabia que, independentemente de qualquer coisa, ele não voltaria a ser o homem que ela pensava que fosse.

Daemon partiu no dia seguinte, sem alarde, sem despedidas. Apenas uma ausência que foi sentida por todos no castelo, mas ninguém ousava comentar em voz alta. Para Rhaenyra, o sentimento de traição queimava tanto quanto o ciúme que sentia por S/n, algo que ela não sabia lidar.

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Rhaenyra, mesmo após a descoberta da traição de Daemon, sentia-se paralisada. O impacto do distanciamento de seu marido a abalava, mas havia outra angústia crescente: as questões não resolvidas com S/n e Alicent. Contudo, como rainha, ela sabia que não poderia permitir que suas emoções transbordassem, ao menos não imediatamente.

O castelo estava em pleno funcionamento, e o reino não aguardava os dilemas pessoais da monarca. Nos dias seguintes, Rhaenyra mergulhou em suas responsabilidades. A sucessão de reuniões com o conselho, discussões sobre novas alianças e o agravamento de conflitos nas fronteiras preenchiam suas horas. S/n, por sua vez, permanecia como sempre ao seu posto de comandante da guarda real, observando de perto, mas sem se envolver nas questões pessoais da rainha.

Alicent, ainda mantendo uma posição de distanciamento respeitoso, se preocupava com a estabilidade do reino tanto quanto com os desdobramentos entre ela e Rhaenyra. Havia uma tensão pairando no ar entre as três, uma sensação de que algo havia mudado, mas nenhuma delas estava pronta para falar sobre isso.

As poucas interações entre Rhaenyra e S/n eram breves e estritamente formais. Ela sabia que não podia simplesmente estender a mão e pedir que S/n voltasse a ser sua confidente, sua defensora pessoal não só do trono, mas de seu coração. Aquela confiança teria que ser conquistada novamente, um passo de cada vez.

Em uma manhã particularmente nublada, Rhaenyra encontrou S/n nos estábulos, preparando-se para mais uma ronda pela cidade. As tempestades estavam frequentes, e o povo começava a murmurar sobre maus presságios para o reino. A rainha observou a postura firme da guerreira, cada movimento preciso e eficiente, mas havia um cansaço silencioso em seus olhos.

— Preciso que faça uma inspeção nas fortalezas próximas ao rio — ordenou Rhaenyra, mantendo o tom formal, mas tentando inserir alguma cordialidade.

— Farei o necessário — respondeu S/n, sem olhar diretamente para a rainha.

O silêncio entre elas era pesado, cheio de palavras não ditas. Alicent, observando de longe, sentiu uma pontada de inquietação. Ela também não conseguia quebrar o gelo entre ela e S/n. Desde a morte de Viserys e a ascensão de Rhaenyra, sua relação com a jovem tinha se tornado tensa, e agora marcada por um ressentimento que ela não sabia como desfazer. O poder e a política sempre vinham primeiro.

Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora