Veneno

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Passaram-se alguns dias desde que Rhaenyra e S/n decidiram manter uma distância discreta, mas a tentativa de evitar qualquer proximidade íntima falhava a cada nova oportunidade. Elas se cruzavam nos corredores, trocavam olhares rápidos e encontravam motivos banais para estarem sozinhas. A tensão entre as duas era palpável, e, apesar de tentarem se segurar, os momentos privados acabavam sempre culminando em beijos roubados ou toques demorados.

Apesar de estarem cada vez mais próximas e envolvidas, Rhaenyra não conseguia ignorar uma sensação persistente de vazio. Por mais que amasse a companhia de S/n, ela sabia que algo mais a inquietava, algo que nenhuma das duas conseguia expressar em palavras, mas que ambas entendiam perfeitamente. As lembranças de sua antiga proximidade com Alicent vinham como ondas de nostalgia para S/n, e, vez ou outra, ela sentia falta do vínculo que tinha com a rainha verde. O silêncio sobre esse sentimento compartilhado pairava entre elas, mas não era necessário verbalizar. Sabiam que a ausência de Alicent em suas vidas era uma ferida aberta, ainda que não soubessem como lidar com isso.

Enquanto isso, Alicent estava à beira de um colapso. Cada noite que ouvia os sons vindos dos aposentos de Rhaenyra e S/n era uma tortura. Tentava ao máximo bloquear os ruídos, mas seus pensamentos traíam seu autocontrole. As imagens se formavam em sua mente, e ela se odiava por ceder, por deixar o desejo crescer. O calor que a tomava nessas noites era algo que não conseguia mais ignorar, e a ideia de mandar tudo para o alto parecia cada vez mais atraente.

Para fugir de seus próprios sentimentos, Alicent se jogava de cabeça no projeto do orfanato. Com a ajuda de S/n e Rhaenyra, conseguiu realizar melhorias significativas na infraestrutura, e o lugar estava ganhando mais vida a cada dia. Mas mesmo nesses momentos de dedicação, ela não encontrava a paz que procurava. Sempre que ficava sozinha, o estresse retornava, e seus pensamentos se voltavam para Rhaenyra e S/n, para a atração que sentia por elas e para o desejo de estar ao lado das duas.

Nos momentos de folga, Alicent estava sempre à procura de algo para ocupar sua mente e suas mãos, evitando ceder à tentação que parecia consumir sua sanidade pouco a pouco. Cada gesto de Rhaenyra, cada sorriso de S/n, mexia com suas emoções de uma forma que ela não estava pronta para aceitar. Contudo, por mais que tentasse lutar, sabia que estava cada vez mais perto de explodir.

Cada novo problema que surgia no orfanato era recebido como uma bênção, uma distração necessária para sua mente que teimava em vagar para lugares perigosos. As crianças corriam ao seu redor, sorridentes, e a chamavam de "madrinha", uma palavra que aquecia seu coração. Ali, ela era apenas Alicent, longe da politica, dos julgamentos, dos olhares inquisidores. Mas por mais que tentasse manter a cabeça ocupada, as noites sempre chegavam, trazendo consigo o peso de seus desejos e de suas frustrações.

Aquela noite não foi diferente. Ao retornar para seus aposentos, exausta e ansiosa por um pouco de descanso, os mesmos sons abafados começaram a ecoar pelas paredes do castelo. Ela não precisava ouvir muito para saber o que estava acontecendo no quarto ao lado. Rhaenyra e S/n, juntas novamente. Alicent apertou os punhos, o calor subindo por seu corpo como uma maré alta que não podia controlar. Tentava ignorar, mas seus próprios pensamentos a traíam, criando imagens mentais que a faziam morder os lábios com força.

Ela se levantou bruscamente, os olhos flamejando de frustração, e começou a andar pelo quarto, mas não conseguia afastar o som dos gemidos. Era diferente. Mais real, mais intenso. Não era só um reflexo do desejo, era um chamado que ela não sabia como calar. Alicent apertou o peito, como se o toque pudesse silenciar o que sentia, mas era inútil. O controle que exercera por tanto tempo estava se esvaindo, e tudo o que ela queria fazer era gritar.

"Por que..." sussurrou para si mesma, sem direção, o rosto quente de vergonha e confusão. "Por que eu estou assim? Maldição..."

O som do riso abafado de Rhaenyra, seguido por um murmúrio de S/n, cortou o silêncio da noite. Alicent, sem conseguir mais suportar, saiu de seu quarto como uma tempestade em direção aos aposentos de Rhaenyra. Seu coração batia rápido, e as mãos estavam trêmulas. Ela nem sabia exatamente o que ia fazer, mas não podia mais fingir que tudo estava bem.

Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora