Culpa

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S/n estava se arrumando para mais uma patrulha noturna, já havia prendido sua armadura e checado suas armas. A conversa com Rhaenyra ainda ecoava em sua mente, deixando um gosto amargo que não conseguia ignorar. Sentia-se presa em uma teia de emoções confusas, sem saber como seguir em frente.

Enquanto saía de seus aposentos, pronta para mais uma noite patrulhando, uma figura no corredor chamou sua atenção. Alicent caminhou pelos corredores com passos rápidos, como se estivesse decidida a falar, mas hesitava em como. Quando encontrou S/n, ela quase parou, incerta. Por um momento, as duas se encararam, e o ar ficou pesado com tudo o que não tinha sido dito.

— Eu... — Alicent começou, sem saber direito como continuar. — Eu vi o que está fazendo. Essas patrulhas, o jeito como você está se jogando nisso tudo.

S/n levantou o olhar, firme, mas seu silêncio fez com que Alicent continuasse, mesmo sem estar pronta para o peso das palavras que viriam.

— Eu me afastei, S/n. Sei que você percebeu isso. E... fui egoísta. Eu... estava com medo — confessou, a voz baixa, quase trêmula. — Medo do que nós fizemos, do que isso poderia significar.

A expressão de S/n endureceu um pouco, as palavras de Alicent soando como um eco do que ela já vinha sentindo há semanas. A garota queria afastar o desconforto que crescia no peito, mas não conseguiu.

— Você... — S/n começou, a voz vacilando um pouco, antes de firmar seu tom. — Você me fez sentir como se aquilo tivesse sido um erro. Como se eu fosse o erro. Como se... gostar de mulheres fosse errado.

Alicent baixou a cabeça, os ombros caindo um pouco. O peso da culpa parecia finalmente descer sobre ela.

— Não, não era isso que eu queria... — murmurou, apertando os dedos nervosamente. — Eu só... não pensei no que você estaria sentindo. Eu pensei em mim, no meu medo. Não percebi como isso te afetaria.

S/n respirou fundo, tentando controlar a mistura de frustração e dor que borbulhava dentro dela. A verdade é que o afastamento de Alicent não tinha sido apenas uma rejeição silenciosa ao que fizeram, mas a algo muito maior: à própria S/n.

— E o que você achou que eu sentiria? — S/n soltou, o tom cansado, mas firme. — Eu pensei que aquilo fosse especial. Que talvez você... não sei, sentisse o mesmo. Mas então você se afastou e tudo que restou foi essa sensação de que... eu sou errada. Que quem eu sou não pode ser aceito.

Alicent levantou a cabeça de repente, os olhos brilhando com arrependimento. Ela estendeu a mão, mas hesitou antes de realmente tocar em S/n, o medo de magoá-la ainda mais evidente.

— Eu errei — Alicent admitiu, a voz saindo quase como um sussurro. — E sinto muito por ter te feito sentir assim. Eu só... estava com medo do que significava para mim. Eu nunca... nunca pensei que você pudesse achar que era um erro. Você... não é.

Mas o dano já estava feito. As semanas de distância e silêncio entre elas haviam deixado cicatrizes profundas em S/n, e as palavras de Alicent, mesmo cheias de arrependimento, não podiam apagar essa dor tão facilmente.

S/n suspirou, passando a mão pelos cabelos, o olhar ainda carregado de decepção.

— Não pareceu assim — ela disse, mais calma, mas com um tom cortante. — Porque quando você se afastou, eu senti que aquilo era uma confirmação. Que eu realmente não posso ser eu mesma. Que nada do que eu sou... tem lugar aqui.

Alicent finalmente deu um passo à frente, aproximando-se mais de S/n, mas ainda mantendo certa distância, quase como se estivesse pedindo permissão para se aproximar.

— Eu só queria que você soubesse que, apesar de ter me afastado... não foi porque eu achei que você era errada — Alicent disse, a voz um pouco mais firme agora. — Foi por causa de mim, do que eu estava sentindo. Mas... eu sei que isso não desculpa o que fiz.

Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora