Criminosos

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S/n já estava finalizando sua ronda matinal, observando as reações do povo às novas punições, quando sentiu a presença de algo errado. O grupo de criminosos que se aproximou, cercando-a, era desprezivel, mas não a assustou. Ela sabia se defender. Já tinha enfrentado situações piores, e embora estivesse sozinha, sua confiança não vacilou. Desembainhou sua espada, pronta para lutar.

Enquanto isso, no castelo, o grande lobo de S/n, sempre vigilante ao lado do trono de ferro, mantinha-se calmo até que, repentinamente, algo o fez se agitar. Ele olhou diretamente para Rhaenyra, como se quisesse comunicar algo urgente. Rhaenyra, no meio de uma discussão com os aliados da corte, sentiu o ar mudar ao perceber a tensão do animal. O lobo emitiu um rosnado profundo e, antes que alguém pudesse reagir, saiu correndo, rasgando o chão de pedra com suas patas, em disparada pela porta do salão. A rainha sabia que algo estava errado.

Do lado de fora, S/n já tinha derrubado seus atacantes. Alguns cortes marcavam seus braços e pernas, mas nada que a fizesse hesitar. Sua respiração estava pesada, os músculos tensos pelo esforço. Quando o lobo chegou, ele imediatamente sentiu o cheiro do sangue da dona. Ele rosnou ferozmente, seus olhos se movendo entre os corpos que já jaziam no chão, como se procurasse um sobrevivente para destruir. Não havia nenhum, mas a intensidade de sua proteção era clara.

S/n se aproximou do grande lobo, seus dedos deslizando pela pelagem macia enquanto sussurrava algumas palavras para acalmá-lo. "Já acabou... estamos bem."

Juntos, os dois voltaram ao castelo. O caminho de volta foi silencioso, mas carregado de uma nova energia. Rhaenyra esperava por eles no salão, aliviada ao vê-los entrar, mas seu olhar rapidamente se fixou nos cortes que S/n tentava esconder.

"Não precisa me olhar assim, Rhaenyra," disse S/n, com um tom firme, mas respeitoso, como sempre fazia quando estavam a sós. "Estou bem. Eles me cercaram, eu tive que me defender. Não tive escolha, matei todos."

Antes que Rhaenyra pudesse responder, Alicent apareceu por trás de S/n, sua expressão já demonstrando preocupação. Ela havia escutado parte da conversa, o que fez sua presença pesar ainda mais no ambiente.

"S/n, você está bem?" Alicent falou de forma imediata, se aproximando da garota e examinando os cortes, seus olhos cheios de preocupação, enquanto ignorava completamente o fato de que os bandidos haviam sido mortos. Ela mal esperou que S/n respondesse antes de continuar: "Você devia ter trazido reforços, nunca devia estar sozinha nessas situações."

Rhaenyra, que até então não parecia tão focada nos bandidos, percebeu a leve tensão ao ver Alicent se aproximar de S/n com tanto cuidado. "Não foram os bandidos que me preocuparam," murmurou Rhaenyra, seus olhos ainda estudando S/n. Ela se aproximou, finalmente quebrando o silêncio desconfortável que vinha se formando.

S/n suspirou, percebendo que não importava quantas vezes dissesse que estava bem, ambas as rainhas ainda demonstravam uma preocupação que ia além das palavras.

S/n tentou se afastar das duas rainhas, mas a pressão de seus olhares e a insistência cuidadosa de Alicent a cercavam. A rainha verde, com um pano embebido em um pouco de água, começou a limpar os cortes na pele de S/n, enquanto Rhaenyra observava cada movimento entre as duas, os olhos afiados e atentos. S/n sentia que estava sendo dissecada pelos olhares de ambas.

"Você não pode continuar andando sozinha pela cidade," começou Rhaenyra, cruzando os braços e mantendo o tom autoritário, "não depois de tudo o que aconteceu. Você sabe o quão perigoso isso pode ser."

A voz de Rhaenyra era séria, mas seus olhos mostravam algo mais profundo, uma preocupação que ela ainda não conseguia admitir totalmente. Alicent, por outro lado, continuava a cuidar dos ferimentos com uma expressão preocupada, como se as palavras de Rhaenyra apenas reforçassem o que ela já sentia.

S/n não aguentava mais aquele sermão e, com uma risada exasperada, disse: "Vocês sabem que eu literalmente liderei os soldados em uma guerra, né? Vocês lembram?"

Ela olhou de uma para a outra, vendo as expressões preocupadas continuarem inalteradas. Alicent parou por um segundo, as mãos ainda segurando o pano, enquanto Rhaenyra apenas arqueou uma sobrancelha.

"Isso não importa agora, S/n," disse Rhaenyra, seu tom se suavizando um pouco, mas ainda firme. "Você tem responsabilidades aqui. E você também é importante para nós."

S/n bufou, sentindo a tensão no ar. Ela sabia que não venceria essa discussão, mas ainda não gostava de ser tratada como uma donzela indefesa. Alicent, por fim, deu um pequeno sorriso, como se reconhecesse o espírito guerreiro da garota.

"Só queremos que você esteja segura," disse Alicent, sua voz mais gentil, enquanto continuava a limpar os cortes. "Nada mais."

Ela olhava com uma mistura de preocupação e carinho, que só intensificava a sensação de estar no centro de um cabo de guerra entre as duas rainhas.

"Segura?" S/n deu um sorriso irônico, tentando amenizar a tensão. "Acho que o perigo não é só lá fora."

Rhaenyra a olhou por cima, percebendo o jogo de palavras, mas escolheu não morder a isca. Seus olhos ainda permaneciam fixos nos movimentos de Alicent, atentos a cada detalhe. "Você sabe do que estamos falando, S/n. Aqui, você tem que pensar além de si mesma."

"Sim, eu sei," S/n respondeu, tentando esconder o incômodo enquanto Alicent aplicava um unguento sobre um dos cortes mais profundos. "Mas, às vezes, parece que vocês esquecem que eu consigo cuidar de mim mesma."

"Sabemos disso," Alicent disse suavemente, enquanto seus dedos tocavam de leve a pele de S/n ao terminar de cuidar dos ferimentos. "Mas... alguns riscos não valem a pena."

S/n ergueu os olhos para a rainha verde, vendo a sinceridade em suas palavras, e por um momento, o tempo pareceu parar. Alicent e Rhaenyra estavam preocupadas, cada uma a sua maneira, e isso a fazia sentir-se envolvida em uma teia que não tinha certeza de como sair.

Rhaenyra quebrou o silêncio primeiro, movendo-se até o outro lado de S/n, como se sentisse que era sua vez de se envolver mais diretamente. "O lobo sabia antes de qualquer um de nós. Ele correu direto para você. Isso já diz muito sobre o quanto sua presença importa."

S/n olhou para baixo, desviando o olhar por um segundo. Era difícil argumentar quando se sentia cercada por tanta preocupação genuína, mesmo que fosse sufocante.

"Eu entendo," ela finalmente disse, com uma voz mais baixa, quase resignada. "Mas isso não significa que eu vou ficar trancada aqui."

"Não estamos pedindo isso," Alicent respondeu rapidamente, antes que Rhaenyra pudesse falar. "Apenas... mais cuidado. E talvez, da próxima vez, você possa nos avisar."

S/n olhou para ambas, percebendo que a luta estava perdida. Ela se permitiu relaxar um pouco mais, deixando o peso da exaustão tomar conta de seus ombros. "Eu vou tentar."

Rhaenyra, satisfeita com a resposta, soltou um pequeno suspiro e tocou de leve o braço de S/n, um gesto quase protetor. "Isso é tudo que pedimos."

S/n finalmente se rendeu àquelas duas, sabendo que, por mais que resistisse, a ligação entre elas estava mais forte do que qualquer batalha que enfrentasse sozinha lá fora.

Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora