Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)

Ninguém faz bagunça no meu turno

A manhã seguinte começou com uma tempestade de reclamações. O grande salão estava relativamente calmo, mas o caos era evidente na expressão severa do lorde Lannister, que estava diante de Rhaenyra com uma mistura de respeito e indignação. Ele mantinha a postura formal diante da rainha, mas era impossível não notar o tom agudo de frustração em sua voz enquanto relatava o que havia ocorrido.

— Minha rainha, é um ultraje! — o lorde começou, gesticulando dramaticamente com as mãos. — Meu filho, herdeiro da casa Lannister, foi brutalmente atacado nas ruas da cidade... por um dos seus!

Rhaenyra escutava pacientemente, mas seus olhos revelavam a exaustão de mais um lorde reclamando de algum problema causado pela arrogância de seus filhos. Na sala, alguns membros do conselho observavam a cena em silêncio. Daemon, sentado ao lado de Rhaenyra, quase mordia a língua para conter a risada. Ele conhecia o tipo de jovem que o lorde Lannister descrevia: mimado, arrogante, sempre acreditando que a riqueza e o nome de sua casa os tornavam superiores a todos os outros. E parecia que, desta vez, ele havia encontrado alguém que não estava disposta a tolerar isso.

S/n estava escorada numa das colunas ao fundo da sala, as mãos cruzadas, observando a cena com uma expressão completamente neutra, como se o relato não tivesse absolutamente nada a ver com ela. Mas é claro que tinha.

— Meu filho estava numa taverna, aproveitando a noite — o lorde continuou, a frustração em sua voz crescendo — quando uma patrulheira... ela o arrancou do local com brutalidade, sem motivo algum! E agora ele está com o nariz quebrado e o supercílio cortado!

Rhaenyra arqueou uma sobrancelha, mas manteve o tom calmo e controlado. Ela olhou brevemente para S/n, que permanecia imóvel no canto, sem fazer qualquer movimento ou expressão que indicasse envolvimento no incidente. Mas a rainha sabia muito bem o que havia acontecido.

— E como se deu esse incidente? — Rhaenyra perguntou, controlando a voz para não demonstrar o aborrecimento crescente. — Seu filho estava apenas... aproveitando a noite?

O lorde hesitou por um breve momento, percebendo que talvez tivesse deixado alguns detalhes de fora. Ele pigarreou antes de continuar.

— Bem, ele... ele se envolveu em uma pequena briga no local — admitiu, com uma ligeira hesitação. — Mas não havia necessidade de uma intervenção tão violenta!

Daemon não aguentou mais. Ele virou o rosto ligeiramente, fingindo um interesse repentino em algum detalhe da decoração da sala, mas era evidente que estava prestes a rir. Ele conhecia bem a natureza dos nobres como aquele jovem Lennister, e era óbvio para ele que S/n apenas havia feito o que era necessário para conter a situação.

Rhaenyra, por outro lado, manteve a calma, mas o cansaço estava começando a aparecer em sua expressão.

— O senhor está me dizendo que seu filho, enquanto causava confusão numa taverna, não deveria ter sido detido pela patrulha? — ela perguntou, com uma leve frieza em sua voz.

O lorde tentou recuperar sua compostura.

— Minha rainha, claro que não estou sugerindo isso — ele disse apressadamente. — Mas ele foi tratado de forma muito... severa. Eu exijo justiça por essa agressão desproporcional!

Antes que Rhaenyra pudesse responder, Daemon finalmente interveio, sem mais conseguir segurar a provocação.

— Justiça, lorde Lannister? — ele disse, com um tom quase brincalhão. — Parece-me que seu filho recebeu exatamente o que merecia. Ou está sugerindo que ele tem o direito de quebrar tavernas e desrespeitar as autoridades da cidade sem consequências?

S/n, ainda encostada no canto, lutou para não revirar os olhos. O que Daemon dizia não estava longe da verdade. Ela havia chegado ao bar em meio ao caos, causado principalmente pelo filho do lorde, que acreditava que seu status nobre o permitia fazer o que quisesse. Quando ela o retirou do bar — com mais força do que paciência — ele tentou se impor, avançando para cima dela. O resultado foi, claramente, ele levando a pior.