Patrulhas

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As noites se tornaram longas e solitárias para S/n. O peso da rejeição silenciosa de Alicent e a distância crescente entre ela e Rhaenyra a mantinham acordada, horas a fio, encarando o teto do quarto. Ela tentava se concentrar nas pequenas tarefas do castelo, mas a angústia corroía sua calma. Quando o silêncio da noite se tornava ensurdecedor e seus pensamentos se tornavam um turbilhão, S/n se vestia rapidamente e saía para ajudar nas patrulhas noturnas da cidade.

Montada em seu cavalo, acompanhada pelo fiel lobo, ela atravessava as ruas escuras, onde a maioria dos habitantes dormia tranquilamente. Era uma forma de escapar das emoções que a atormentavam. Na escuridão, com a cidade vazia, S/n podia deixar a cabeça mais leve, focar em algo concreto — proteger as pessoas, manter a ordem. As ruas eram o único lugar onde ela ainda se sentia útil, onde suas habilidades eram valorizadas.

Os guardas, que já haviam se acostumado a vê-la em turnos imprevistos, a recebiam com um aceno de cabeça respeitoso. Sabiam que algo a incomodava, mas ninguém ousava perguntar. Ela era uma guerreira, uma figura imponente que comandava respeito, mesmo em silêncio. No entanto, por trás dessa fachada, S/n estava à beira do limite. Cada ronda noturna era uma tentativa de fugir dos sentimentos que insistiam em aparecer sempre que ela se encontrava sozinha.

As noites eram frias, e o ar da madrugada parecia cortante em sua pele, mas a dor interna era muito mais difícil de suportar. Certa noite, depois de prender mais alguns arruaceiros bêbados que brigavam em uma taverna, S/n se encostou na muralha da cidade, olhando para o horizonte escuro. As estrelas brilhavam no céu claro, mas nem mesmo aquela beleza natural a acalmava.

Ela soltou um suspiro profundo, os pensamentos voltando para o castelo. Alicent, com sua postura recuada, e Rhaenyra, sempre envolvida em seus deveres reais, pareciam tão distantes, inatingíveis. S/n sabia que não podia culpá-las inteiramente — ambas tinham suas razões, e o reino exigia muito de Rhaenyra. Mas isso não mudava o fato de que a jovem guerreira se sentia mais isolada a cada dia.

A solidão era quase palpável, e patrulhar as ruas à noite parecia ser a única coisa que a impedia de afundar completamente. Ela sentia o peso de todas as coisas que não podia controlar, das emoções que não podia expressar, e das relações que pareciam fora de seu alcance.

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Naquela manhã, enquanto Rhaenyra caminhava pelos corredores do castelo, algo lhe pareceu diferente. Ela não havia visto S/n desde a noite anterior e, por mais que as duas não estivessem tão próximas ultimamente, a ausência da jovem guerreira a incomodava. A rainha, como sempre, mantinha um olhar atento em todos ao seu redor, e com S/n, isso era ainda mais evidente, mesmo que tentasse negar para si mesma.

Rhaenyra tinha consciência de que suas obrigações como rainha haviam criado uma distância entre elas, mas sabia que não era apenas o peso da coroa que a afastava. Havia algo mais profundo, uma confusão crescente em sua mente sobre o que realmente sentia por S/n. Era algo que ela não ousava admitir, muito menos verbalizar, mas os pensamentos sobre a jovem frequentemente invadiam suas noites e momentos de silêncio.

Daemon, com quem um dia tivera uma conexão intensa, agora parecia distante em seu coração. O casamento, que outrora fora uma chama vibrante, agora era uma mera formalidade. Rhaenyra sentia-se presa em algo que antes lhe dava força e, embora tentasse se agarrar àquilo, o encanto havia desaparecido. Ela ainda respeitava e admirava Daemon, mas algo em seu interior não conseguia mais ser tocado por ele da mesma forma.

Ela balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos enquanto continuava seu caminho pelo castelo. "Não é o momento para isso", repetia a si mesma. No entanto, a ausência de S/n estava começando a se tornar incômoda demais para ignorar. E Rhaenyra sabia que essa preocupação, essa constante atenção para com a garota, vinha de algo mais profundo do que o mero fato de S/n ser uma de suas protetoras mais confiáveis.

Corações Em Conflito (Rhaenyra, Alicent e S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora