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CHRISTOPHER

Eu ainda custava acreditar que estava na casa de Dul Saviñon, sentado em sua sala, esperando que ela terminasse de se arrumar.

Apesar de não ser o tipo de cara que desiste das coisas no primeiro obstáculo, nunca precisei usar minha tenacidade na hora de conquistar uma mulher. Mas a recusa de Dulce Maria Saviñon não me caiu muito bem, e depois de algumas horas pensando a respeito, decidi ir até sua casa para uma última tentativa.

Aquela mulher tinha me intrigado de uma forma inexplicável e sua postura elegante ao me dispensar, acabou me deixando ainda mais interessado.

O fato de ela fazer trabalho social naquele orfanato também lhe rendeu muitos pontos em relação as outras mulheres que conheci. Acho que as únicas coisas que ainda me preocupavam era sua pouca idade e o fato de não ter uma faculdade, algo que, para mim, não fazia a menor diferença, mas para a mídia, correligionários e boa parte do leitorado, dizia muito sobre mim, o que era ridículo.

Claro que talvez meus marqueteiros pudessem dar um jeito nisso, mas antes de tomar qualquer decisão, eu precisava ter mais um tempo com ela para saber até onde iria esse meu repentino interesse.

Sim, Dul era linda, educada, espontânea, humilde, bondosa e extremamente divertida e talvez por ser tão diferente do que eu estava acostumado, tivesse me atraído tanto. Mas isso não queria dizer que esse fascínio iria perdurar, uma vez que nunca tinha acontecido. Exceto com relação a Anahí, que tomou conta dos meus pensamentos desde os quatro anos de idade, até o dia em que ficamos juntos e descobrimos que éramos melhores como amigos do que como amantes.

O engraçado era que não poderia haver duas pessoas mais díspares entre si do que Dul e Anahí. Ao mesmo tempo, as duas se destacavam por serem diferentes das demais.

Dispersei meus pensamentos quando ouvi barulho de salto.

Levantei-me e caminhei até o hall de entrada a tempo de ver Dul descendo as escadas e me deixando totalmente perturbado.

Ela estava usando um vestido preto colado, com um decote que destacava seus seios, sem mostrar demais. Os cabelos, levemente ondulados, estavam soltos, do jeito que eu gostava e o rosto tinha pouquíssima maquiagem, algo que eu apreciava muito também.

Vendo meu olhar de admiração, ela abriu seu sorriso mais característico: doce, com uma pitadinha de malícia, como se estivesse me achando engraçado.

— Estou pronta.

— E linda — completei, e dessa vez recebi um sorriso envergonhado, acompanhado de bochechas coradas.

Ela era adorável.

— Obrigada. Dê-me apenas um minuto para eu avisar minha amiga que estou saindo — ela pediu, mas quando viu meu cenho franzido, explicou que o motorista e a cozinheira que trabalhavam na casa há anos, eram como sua família e que a filha deles era sua melhor amiga.

Assenti, ainda digerindo suas palavras, e ela se foi, sumindo por um corredor, deixando o cheiro do seu delicioso perfume pairando pelo ar.

Sua ausência me fez questionar que tipo de pais ela teve, para considerar como família, pessoas que não eram seus parentes. Tinha certeza de que aquilo era algo que nunca entenderia, uma vez que tanto eu quanto meu irmão fomos criados com muito amor por parte de todos os adultos que nos rodeavam.

Minha mãe ficou três anos sem trabalhar, apenas para cuidar de mim e quando Rafael nasceu, foi do mesmo jeito. Assim que começamos a estudar, ela fazia questão de nos levar e pegar no colégio e nos dias em que não podia, era meu pai quem fazia isso. Não sei quantas vezes ouvi algum deles dizer que encerrou alguma reunião no meio porque precisava ir pegar os filhos na escola.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora