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CHRISTOPHER

Após uma noite péssima, onde mal dormi pensando em tudo que escutei, decidi que a única coisa que me restava fazer era tirar essa história a limpo o quanto antes.

Se Dulce Maria queria ser ouvida, teria essa chance. E eu esperava que ela tivesse um bom motivo para tudo isso, pois, caso contrário, eu a destruiria sem dó nem piedade.

Graças a Deus Natália tinha resolvido ir para a casa dos pais na noite anterior e isso realmente veio a calhar, não queria mentir para ela e muito menos ter que dar satisfação a respeito do que iria fazer.

Assim que cheguei ao Salão Oval para fazer o que havia me proposto, liguei para Poncho.

– Peça que preparem o TangoUckermann3, nós iremos para Nova Jersey logo após o almoço. E, Poncho, envolva o mínimo de gente possível – ordenei e sabia que ele tinha entendido que o o que faríamos era algo pessoal. Ainda assim, quando eu chegasse lá, já haveria dois carros oficiais esperando, cada um com dois agentes, além da ambulância, as únicas coisas que meu pessoal nunca abria a mão.

Por volta meio-dia e meia, eu e minha escolta nos dirigimos ao hangar particular que minha família providenciou quando me tornei presidente.

Se nós já éramos visados, desde que fui eleito a atenção sobre todos nós triplicou, por isso, meu pai teve a ideia de comprar um terreno e fazer uma pista de pouso para que todos, inclusive eu, pudéssemos nos locomover com discrição. Lá, sempre tinha um jato e um helicóptero a minha disposição, e era ele que eu pretendia usar.

O condado de Monmouth ficava a menos de duas horas de Washington, isso significava que durante todo esse tempo Dulce Maria se escondeu bem embaixo do meu nariz. Parece até piada.

Quando estávamos nos aproximando do endereço que Zara me deu, notei que se tratava de uma área nobre, com casas enormes e terrenos maiores ainda; era um lugar muito bonito, com muito verde ao redor, bem condizente com o estilo campestre.

Isso me intrigou, especialmente quando o motorista parou o carro em frente a uma belíssima mansão.

Não quis conjecturar a respeito de onde ela arranjou dinheiro para viver ali, mas foi impossível que as acusações de Blanca não voltassem com tudo.

– Aguarde aqui, senhor, para que possamos verificar – disse Snyder antes de sair do carro.

Assenti e permaneci no lugar, enquanto o Serviço Secreto fazia seu trabalho.

Assim que fui autorizado a sair, parei para olhar ao redor e fiquei impressionado com a beleza do lugar. O terreno era enorme, mas as árvores que o cercavam e o belíssimo jardim, proporcionavam aconchego à propriedade.

Subi os degraus que davam acesso à varanda e um dos meus homens tocou a campainha. Vários segundos se passaram, mas ninguém foi atender, o que já me deixou impaciente. Quando ele tocou pela segunda vez, comecei a me arrepender por ter aparecido sem avisar com o intuito de pegá-la desprevenida.

Mas então a porta se abriu, e lá estava ela, de olhos arregalados, os cabelos pretos no alto da cabeça, vestindo uma regata branca toda manchada de tinta, short jeans e descalça.

Foi impossível não me lembrar do dia em que a vi no orfanato dando aula de pintura às crianças ou quando cheguei à sua casa na hora em que dava faxina.

– Christopher? – murmurou, ainda chocada.

– Precisamos fazer uma varredura na casa, senhora – disse meu chefe de segurança de maneira categórica.

– Ah, tudo bem, podem entrar – ela abriu um pouco mais a porta e mordeu o lábio em um gesto nervoso.

Dois deles entraram e enquanto eu a fitava em silêncio, ela prestava atenção ao que aqueles desconhecidos faziam, franzindo o cenho ao ver um deles verificando cada canto e objeto à procura de escutas.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora