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DULCE MARIA

Como de costume, fiquei em dúvida sobre o que usar. Depois de quebrar a cabeça por um tempo, acabei me lembrando das dicas de Blanca

— Quem diria, não é mesmo? — que sempre dizia que, na dúvida, devia-se usar preto.

Revirei minha mala e achei um modelo perfeito. O vestido tinha alças finas, decote quadrado e ficava uns três dedos acima dos joelhos. Consuelo já o ajustara, então ficou perfeito, acentuando minhas curvas e deixando meu corpo lindo.

Também peguei um trench coat, não muito pesado, pois não estava tão frio e para finalizar, optei por uma sandália preta com tiras finas e salto médio.

Escolhi deixar os cabelos soltos, mas enrolei as pontas, adorava o efeito de raiz lisa e comprimento ondulado. No rosto fiz o de sempre, apenas rímel, blush, para dar aquele aspecto saudável na pele e um brilho nos lábios.

Alguns minutos antes, Christopher bateu na porta do banheiro, avisando que me esperaria na sala, e foi para lá que me dirigi assim que acabei de me arrumar, o barulho do salto da minha sandália soando através do corredor quando em contato com o mármore do piso.

Conforme avançava, a música que tocava ficava mais audível.

Ao chegar à sala, Christopher conversava com Poncho, que logo se despediu e me lançou um meio sorriso antes de desaparecer.

— Está linda — elogiou ao se aproximar.

Seu olhar brilhava em apreciação, deixando-me satisfeita por minha escolha.

— Você também — retribuí.

Ele estava usando uma calça escura e uma camisa azul marinho de botões, algo bem casual, para alguém que vivia de terno e gravata.

Num impulso, tomei a liberdade de abraçá-lo. Adorava estar entre seus braços, seu corpo era tão acolhedor.

— Já posso saber aonde vamos? — perguntei ao me afastar.

— Ainda não, mas garanto que vai gostar — falou, pegando minha mão e me levando até o elevador.

Revirei os olhos, sabendo que não adiantaria insistir. Mas foi difícil, ainda era cedo, de forma que fiquei tentando adivinhar onde iríamos antes de irmos jantar.

Diferente das outras vezes, Christopher não tocou no celular e ficou o caminho todo conversando comigo, mostrando os pontos turísticos pelos quais passávamos e fazendo comentários relevantes a respeito deles.

Também contou histórias sobre sua infância em Nova York, revelando que, apesar de ter tido várias atitudes pertinentes à sua idade, fora bem diferente das crianças em geral. Falou que após os sete anos, o que mais gostava de fazer era ir para as Indústrias Uckermann com seu pai ou avô e eu só pude imaginar um menininho de cabelos negros e olhos castanhos, andando pelos corredores da empresa, todo sério, como se já soubesse que um dia teria o mundo em suas mãos.

Quando Poncho parou o carro, minutos depois, fiquei confusa e ansiosa ao ver que estávamos em uma marina.

Christopher me ajudou a descer e após uma breve apresentação, fomos autorizados a entrar.

— Você tem um barco?

— Temos três — respondeu despreocupado —, um fica aqui, outro em Ibiza e o terceiro em Mônaco.

— Poxa, que chato ser rico, não é? — zombei e ele gargalhou.

— É muito bom, só que eu queria ter mais tempo para aproveitar tudo que a minha família conquistou ao longo dos anos. Mas a empresa e a política ocupam praticamente toda a minha vida desde... Desde sempre, eu acho. É um pouco sufocante, na verdade.

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