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CHRISTOPHER

– A Sra. Sullivan está aqui para falar com o senhor – disse minha secretária e não pude acreditar que um dia depois de lhe dizer que não queria nem ouvir falar sobre aquele assunto, Zara estava ali novamente.

E eu a conhecia bem demais para me enganar achando que ela queria tratar de outra coisa, então, não iria me iludir.

O problema era que eu ainda estava bem irritado pelo fato de ela e Blake terem marcado um horário para tentar me convencer de encontrar Dulce Maria. Era um absurdo que meu vice-presidente estivesse compactuando com aquilo, mesmo sabendo que estávamos prestes a brigar pela reeleição.

Por quase 20 minutos eles me falaram o quanto ela precisava falar comigo e que eu deveria lhe dar uma chance para explicar os motivos pelos quais foi embora.

Só que, mesmo não tendo um relacionamento dos sonhos com minha esposa, eu não poderia dar brecha para que Dulce Maria me enredasse outra vez.

Há alguns anos eu estaria ansioso para ouvi-la e ajudá-la no que fosse preciso, mas agora, após tanto tempo, após tê-lo visto, eu já sabia como meu coração se comportaria em sua presença e seria burrice dar sorte ao azar.

Por isso, deixei claro para os dois que Dulce Maria fazia parte do meu passado e que era lá que ela deveria ficar, não havia nada que pudesse justificar todo o sofrimento que me fez passar quando foi embora deixando-me apenas uma carta como explicação.

Zara foi mais insistente e eu só não perdi a paciência porque ela era uma pessoa da minha extrema confiança, sem contar que era mulher do meu grande amigo. Contudo, sabia que não conseguiria ser tão polido como no dia anterior. Essa história estava tirando a minha paciência.

Assim que ela passou pela porta e me encarou, percebi uma confiança que não estava ali no dia anterior.

– Seja breve, Zara, tenho um compromisso em 10 minutos.

– Não se preocupe, antes de dez minutos eu termino o que vim falar.

Assenti e continuei sentado, fazendo o possível para me manter impassível.

– Quando minha governanta me falou de Dulce Maria pela primeira vez, eu logo fiquei curiosa para saber quem era aquela garota especial que tinha uma megera como mãe. E desde que a conheci, no baile providenciado por mim, eu soube que ela era a mulher certa para você, então, por mais que esteja com o coração cheio de ódio e mágoa, lembre-se de como Dul era, de sua personalidade e valores, ela jamais iria embora sem ter um bom motivo, e agora que está disposta a contar o que aconteceu, você deveria ouvir.

Mesmo não querendo, as palavras de Zara me fizeram voltar ao passado, visitar lembranças, sorrisos e momentos que vivi com Dul, e se fosse honesto comigo mesmo, teria que admitir que ela nunca me pareceu hipócrita, pelo contrário, chegava a ser sincera e transparente demais, ao menos até deixar uma carta que, pelo que Zara estava falando, não dizia a verdade com relação aos motivos de sua fuga.

– Eu sei que você se deu bem com Dulce Maria desde o início, mas mesmo que ela tenha um motivo legítimo para ter feito o que fez, não interessa mais. Eu sou um homem casado e as razões dela não vão mudar os rumos da minha vida. Por favor, vamos deixar as coisas como estão.

Zara levantou uma sobrancelha, bem na hora em que falei sobre ser casado, pois, seguramente, estava a par das minhas puladas de cerca.

– Christopher, querido, ninguém está pedindo para se separar de Natália, é apenas uma conversa.

– Sinto muito, mas não vai acontecer, se era esse o assunto, você já tem minha resposta final.

Ela me encarou sério e balançou a cabeça, falsamente condoída.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora