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CHRISTOPHER

Despertei um pouco desorientado, mas na hora em que senti um corpo quente e feminino junto ao meu, dei-me conta de que estava na Blair House, mais precisamente na cama de Dul.

Fiquei instantaneamente irritado por ter cedido. Mas logo percebi que esta irritação não se comparava à sensação de plenitude que eu sentia.

Ter passado aquela noite com ela, despertou algo forte em mim, ardente, vivo, parecia que aquele gelo que envolvia meu coração tinha começado a derreter e ele estava eufórico com sua presença em minha vida.

Nós nos entregamos à paixão sem nenhuma reserva, mortos de tesão, inebriados de desejo, mas, de minha parte, foi inevitável que um pouco de raiva, da revolta e da mágoa que me acompanhavam por tantos anos aflorassem. Eu queria lhe dar prazer, mas também queria lhe punir por toda dor que me fez passar.

Só de relembrar já comecei a ficar duro de novo.

Calmamente, para não acordá-la, eu me afastei de seu corpo nu e saí da cama.

Embora minha vontade fosse ficar o resto do dia ali, havia muitas coisas para serem resolvidas e teríamos tempo para conversar a respeito do que aconteceu quando nos encontrássemos novamente.

Saí da Blair House e vi que já estava amanhecendo, por isso me apressei. Apesar de Natália tomar remédio para dormir, seu sono funcionava como um relógio e às 7h30 da manhã ela estava acordada.

Ao chegar à Casa Branca, tomei um banho e desci assim que fiquei pronto, pediria que Poncho levasse alguma coisa para eu comer mais tarde.

Estava quase entrando no Salão Oval quando ele me estendeu um envelope.

– Senhor, aqui está o resultado do exame que o senhor pediu.

– Ok, obrigado.

Mesmo sendo apenas um envelope simples com o timbre da Casa Branca, eu sabia muito bem do que se tratava.

Deixei-o em cima da mesa e retardei aquele momento o quanto pude, enquanto era atualizado sobre minha agenda, mas depois que assinei alguns documentos entregues por minha secretária e ela saiu, percebi que não adiantava mais fugir daquela realidade, então o abri.

Meus batimentos foram ao limite e ansiedade parecia apertar meu pescoço com duas mãos, mas quando finalmente li o resultado do exame de DNA que constatava minha paternidade, foi a sensação mais indescritível da minha vida.

Não sei quanto tempo permaneci com os olhos naquelas linhas até que o papel deslizou de minha mão feito pluma e alcançou o carpete.

Eu tenho um filho.

Por mais que meu coração sentisse que Lucas tinha meu sangue, aquele exame era a comprovação de que minha vida nunca mais seria a mesma, assim como meu coração.

Para alguém que semanas atrás afirmara que não queria ter filhos, aquilo era algo grande.

Como seria minha experiência como pai?

Como seria pegar aquele trem andando e tentar dar o mínimo do que eu tive naquela mesma fase?

Sabendo que não conseguiria trabalhar, mandei uma mensagem para Anahí e decidi que iria ao hospital.

– Como você está filho? – meu pai perguntou quando cheguei à sala de descanso do andar.

– Exausto.

– Eu imagino. Descobriram mais alguma coisa em relação ao acidente? – quis saber, preocupado.

Quando eles chegaram na noite anterior, eu expliquei o que havia acontecido, sem entrar em detalhes, pois mamãe surtaria, mas achei que ele tinha o direito de saber.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora