CHRISTOPHER
Eu estava em choque.
Tanto que não consegui pronunciar uma palavra sequer desde que entrei no carro.
Os seguranças estavam acostumados com meu silêncio, mas Poncho me conhecia há anos e percebeu o quanto estava abalado quando saí daquela casa.
Abalado, sufocado, perdido, completamente sem rumo e ainda incrédulo...
Um filho.
Pela primeira vez em anos, Dulce Maria realmente conseguiu me tirar dos trilhos, por que de todas as coisas que me preparei para ouvir de sua boca, essa nunca chegou a ser cogitada.
Mas não deveria estar tão surpreso. Eu realmente fui imprudente na época em que namoramos.
Depois da primeira vez, ela tomou gosto pelo sexo e me provocava o tempo todo com aquele jeito doce, inocente e ao mesmo tempo sedutor, que me fazia desejá-la a qualquer hora e em qualquer lugar.
Mesmo assim, nunca me passou pela cabeça que isso resultaria em um filho.
Que grande idiota, como se eu não soubesse como as crianças eram feitas.
Parecia um castigo de Deus por ter jogado na cara de Natália que não desejava ter filhos...
Minha nossa, um filho. Um garoto de quase quatro anos!
Eu estava muito confuso. Ao mesmo tempo em que preferia achar que tudo isso era uma grande armação, sentia que no fundo ela não seria louca a ponto de inventar uma história absurda dessas e depois ainda me dar uma escova de cabelo infantil com alguns fios pertencentes ao menino.
Fios escuros como os meus.
Minha mente girava lembrando de tudo o que havia escutado naquele dia e tentando encaixar as pelas daquele quebra-cabeça.
Quem teria coragem de armar um plano tão nefasto para afastar Dulce Maria de mim?
Inferno!
Balancei a cabeça, olhei para fora e vi que já estávamos entrando no hangar.
Sentindo-me estranhamente sufocado, afrouxei o nó da gravata e respirei profundamente, mas ainda assim não parecia entrar ar suficiente.
De repente, uma angústia inexplicável tomou conta de mim e pedi que parassem o carro.
Mesmo achando estranho, o motorista obedeceu e imediatamente eu desci.
Sem dizer uma palavra, caminhei para longe dos meus seguranças precisando me distanciar, esperando que o ar puro me ajudasse a conseguir um pouco de clareza. Mas a única coisa que consegui foi que a voz de Dulce Maria soasse com mais nitidez, suas palavras dançando em minha cabeça, como um castigo por eu ter cedido e ido atrás dela.
Ligações, atentados, ameaças... Um filho.
Eu sabia que devia estar preocupado com tudo que ela me contou, mas naquele momento só conseguia focar na ideia de que eu poderia ter um filho. Um filho de três anos a quem eu nunca vi e que, provavelmente nunca me viu.
O que será que ele pensava sobre mim? Que eu não o queria ou que tinha coisas mais importantes a fazer do que vê-lo nascer, crescer...?
Meu peito apertou e o ar voltou a ficar escasso.
Eu, sinceramente, sentia que estava vivendo em um mundo paralelo. Dulce Maria tinha voltado e trazido consigo o apocalipse.
Eu já podia até ver as notícias nos jornais. De um lado, meus eleitores, implorando para que eu e Natália aumentássemos a família, e do outro, a imprensa sensacionalista, se esbaldando com a notícia de que eu tinha um filho fora do casamento.
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O político
RomanceChristopher Uckermann foi criado em um ambiente de luxo, riqueza e poder, típico da família Uckermann, famosa pela gestão da maior fábrica de armas do mundo e pela beleza que atravessa gerações. Desde cedo, ele se interessou por política, e seus pas...