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DULCE MARIA

Naquela manhã eu acordei cedo, precisava resolver umas coisas na galeria e depois queria dar uma olhada nas escolinhas perto de nossa casa. Em alguns meses Lucas completaria quatro anos e eu já queria conhecer minhas opções.

Após visitarmos três escolas, a próxima parada foi a Target. Achei estranho quando Consuelo pediu que o marido fosse especificamente àquela loja, que ficava quase a uma hora de onde morávamos, mas, segundo ela, era a mais bem abastecida no que dizia respeito a roupas.

Eu resolvi não discutir, eles adoravam fazer compras para Lucas e certamente sabiam do que estavam falando.

Enquanto Benito foi pegar tudo o que havia na lista feita por sua esposa, eu fui ao setor de roupas infantis munida de minha própria lista. Meu filho vinha crescendo demais e em questão de semanas muitas de suas roupas e calçados já não serviam mais. E ainda tinha os brinquedos, que viviam quebrados.

Como Consuelo dissera, a loja era ótima e eu achei tudo o que estava precisando.

– A cidade está agitada hoje – comentei com uma funcionária que tinha se aproximado para dobrar as roupas que estavam espalhadas.

Era a terceira vez que eu via pessoas reunidas em grupo e fiquei curiosa.

A garota olhou para as quatro moças animadas que se dirigiam ao caixa e sorriu.

– Ah, é porque parece que o nosso presidente bonitão vai inaugurar um hospital comunitário aqui perto.

Às suas palavras, um famoso calafrio atravessou minha espinha e se alojou em meu estômago.

– Christopher Uckermann?

– Sim. Quando estava vindo trabalhar, vi que estavam até montando um palanque na entrada do pronto-socorro.

Só de imaginar que ele estaria na mesma cidade que eu, um nó se instalou em minha garganta.

– Você sabe que horas ele estará aqui? – perguntei num fio de voz.

Ela checou seu relógio antes de responder.

– Imagino que deve estar chegando, pois o evento está marcado para 15h.

– E esse hospital é muito longe?

– Não, deve ficar a duas quadras daqui – disse ela, apontando a direção correta.

Agradeci e comecei a me afastar.

Por um instante pensei em deixar tudo o que tinha pego e me dirigir para lá.

Não, eu não falaria nada com ele no meio de um evento, mas a curiosidade era enorme.

Olhei o relógio e vi que ainda faltavam dez minutos para ele chegar e resolvi me acalmar, não podia agir como uma louca, por mais vontade que tivesse de vê-lo pessoalmente após todos esses anos.

Por isso, fui até o caixa, passei minhas compras e saí da loja, sem nem me preocupar em verificar se Benito estava por perto.

Enquanto caminhava em direção ao hospital, ouvi o som característico de um helicóptero. Na mesma hora, meu coração, que já batia apressadamente, começou a pular.

Seguindo o ritmo que retumbava em meu peito, meus pés aceleraram os passos e comecei a desviar dos transeuntes do jeito que podia.

Logo me vi ante uma aglomerado de pessoas. Muitas estavam à parte, visivelmente descontentes. Imaginei que estas faziam parte da oposição. A grande maioria, entretanto, estava eufórica, gritando o nome de Christopher como se fossem tietes de algum artista teen.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora