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CHRISTOPHER

– Nossa, você está com uma cara péssima – comentou Anahí ao entrar na Sala de Crise.

Eu tinha acabado de finalizar uma reunião e decisões importantes haviam sido tomadas.

Toda vez que eu tinha que lidar com algo que poderia causar a morte de soldados americanos ou de civis inocentes, meu coração se apertava. Nunca iria me acostumar com a ideia de que precisava decidir quem vivia ou morria em determinadas partes do mundo.

– Autorizei um bombardeio à base aliada de um dos terroristas mais procurados.

– Fez a coisa certa – rebateu, sem um pingo de emoção, como se já estivesse acostumada com nossa nova realidade.

Ela continuava tão competente quanto na época das Indústrias Uckermann, mas tinha que admitir que a dimensão dos problemas da Casa Branca a tornaram ainda mais dura do que já era. Anahí não media esforços para resolver e abafar todos os problemas que aconteciam nos bastidores. De certa forma, minha amiga havia se especializado em apagar incêndios.

– Eu sei, mas o problema é que pode haver civis nessas áreas também.

– Infelizmente é verdade, só que você deve pensar que estamos fazendo isso por um bem maior – comentou.

– Sim, você tem razão.

– Mudando de assunto. Sua ida a Nova Jersey teve uma ótima repercussão na imprensa, acho que deveria fazer isso mais a partir de agora.

Passaram-se alguns dias desde a minha visita a Watchung, no condado de Somerset, e quase o mesmo tempo que meu humor voltasse ao normal. Todavia, eu já estava acostumado, sempre que a lembrança dela surgia, meus pensamentos saíam dos trilhos.

– É uma boa ideia, mas estou cheio de compromissos para as próximas semanas e ainda prometi aos meus pais que faria uma visita a eles no fim do mês.

– É, e dessa vez você tem que ir ou sua mãe terá um ataque histérico. Não tenho ideia das vezes que tia Alexandra já me ligou para confirmar se você iria mesmo ao evento que ela está promovendo.

– Posso imaginar – falei com um sorriso. Mamãe era terrível.

Quando eu era CEO das Indústrias Uckermann, meu contato com meus pais já era bem distante, agora, com a presidência e vivendo em outra cidade, as coisas ficaram muito piores.

Mesmo falando com eles toda semana, eu sentia que deveria me aproximar mais de minha família, no entanto, eles conheciam as circunstâncias do meu casamento com Natália e isso não agradava nada a minha mãe, que sempre sonhou que eu tivesse um relacionamento como o dela.

Não que eu vivesse me lamuriando pela decisão que tomei, afinal, minha esposa cumpria seu papel com perfeição, mas os mais íntimos viam que éramos dois estranhos, eu não sentia um pingo de atração por ela e se ela um dia já sentiu qualquer coisa por mim, hoje em dia já não existia mais.

– Pode confirmar com ela.

– Já confirmei, mas se ela ligar novamente eu aviso que você mesmo disse que iria.

Assenti. Iria aproveitar o fim de semana em Nova York para fazer alguma coisa com Rafael. Também queria ver Eva, que havia chegado de viagem e, se tivesse sorte, encontraria Alexander também.

Pensar em meus primos me deixou um pouco triste. Nós sempre fomos muito ligados, mas a vida adulta se encarregou de nos afastar, colocando cada um em seu próprio caminho.

– Sua próxima reunião será com o senador Levy Reynolds, depois disso estará liberado.

Arregalei um pouco os olhos. Eram poucos os dias em que tinha uma agenda com a noite liberada. Comecei a traçar planos e na mesma hora Anahí soube o que se passava em minha cabeça.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora