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ANAHÍ

Fechei a porta de entrada da magnífica mansão e tirei meus óculos para voltar a admirar o lugar onde me encontrava.

Quando eu poderia imaginar que aquele número desconhecido me traria aqui?, pensei, realmente admirada, não pelo local em si, mas por quem morava nele.

No dia em que o celular de Christopher tocou, eu achei que fosse engano, discagem errada não era algo incomum. Entretanto, como era de praxe, pedi à ANS que pesquisasse.

Essa primeira pesquisa nos levou a Joseph Holmes, um bilionário aposentado de Washington.

Até aí tudo bem, um senhor de idade poderia facilmente ligar por engano. Só que a agência não trabalhava com suposições e não deixava pesquisas pela metade, por isso continuaram investigando até descobrirem que a pessoa que usava aquele número se chamava Dulce Maria Espinosa e, isso, sim, foi intrigante.

Não podia ser coincidência que Dulce Maria Saviñon tivesse reaparecido em um dia e, dois dias depois, outra Dulce Maria tivesse ligado no celular particular de Christopher.

Pedi que eles tentassem encontrar outros dados dessa mulher, mas não foi fácil, ela não tinha cartões de crédito, nem conta em banco e isso só podia significar que não queria ser encontrada.

Esse fato me deixou ainda mais curiosa e bastante cautelosa também. Havia uma razão para aquilo e não seria eu a denunciá-la. Por isso, pedi a discrição e não falei das minhas suspeitas; ninguém da ANS ou Serviço Secreto tinha conhecimento do namoro de Christopher com Dul, e preferi que continuasse assim.

Enquanto eles procuravam pelo endereço, eu fui atrás do arquivo pessoal da Srta. Saviñon, juntado na época da campanha, que continha absolutamente tudo relativo a ela. E, lá estava o Espinosa como nome de solteiro de sua avó paterna.

Para mim, não havia mais dúvidas e após pensar por dois dias, decidi ir atrás dela; queria saber como tinha conseguido aquele número e, o mais importante, quais eram suas intenções. Precisava me certificar de que essa volta repentina não causaria problemas a Christopher.

E eu nem me referia ao lado político e sim ao pessoal.

Há muito tempo ele tinha decidido tirar Dulce Maria de sua vida, nos proibindo inclusive de tocar em seu nome. Ele se agarrou ao trabalho para não pensar nela e não era justo que ela voltasse do nada, apenas para fazê-lo sofrer novamente.

Christopher sempre fora muito assediado, não apenas por ser quem era, mas porque possuía o charme típico dos homens da família Uckermann que deixava as mulheres aos seus pés, o que lhe rendeu vários casos, lindas mulheres do mundo inteiro se renderam aos seus encantos, mas foi Dulce Maria, com seu jeito peculiar, quem conseguiu as chaves de seu coração.

Mas isso também teve um alto custo. Por causa de sua fuga, meu amigo se tornou outra pessoa. O homem afetuoso dera lugar a um protótipo de robô, que não se afeiçoava a ninguém. Christopher agora vivia para trabalhar, bebia muito e tinha casos extraconjugais, coisa que jamais imaginei que ele pudesse fazer.

Claro que isso só acontecia porque sua esposa era Natália. Ela podia se vangloriar por ter casado com Christopher, mas não por ter conquistado seu coração.

Eu ainda me repreendia por ter permitido tal loucura, mas na época ele estava com raiva de mim, me culpando pela fuga de Dulce Maria e pouco pude opinar.

Óbvio que eu não podia negar que Natália era a melhor opção para o cargo de primeira-dama, mas todo aquele teatro que eles faziam em frente às câmeras me incomodava e eu sabia que o mesmo acontecia com Christopher.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora