DULCE MARIA
Eu nunca tinha reparado em como a pintura do teto do meu quarto estava feia até passar metade da semana deitada em minha cama revezando o olhar entre ele e meu telefone, numa expectativa louca de que o lindo aparelho tocasse, anunciando uma chamada ou mensagem de Christopher.
Mas ele não tocou.
Isso me deixou um pouco deprimida e reclusa, mas, evidentemente, não me livrou dos desmandos de Blanca. Contudo, diferente da semana anterior, nesta Blanca quase não parou em casa. Além disso, estava, digamos... eufórica, se é que podia chamar assim, e misteriosa ao mesmo tempo.
Claro que ela não me contou o que estava havendo e nem eu quis perguntar, preferia não me inteirar do que estava aprontando.
Graças a Deus também não soube que Christopher havia aparecido e muito menos que ele havia me dado um telefone. Não queria nem imaginar as loucuras que passariam em sua cabeça.
Aproveitei sua ausência no sábado de manhã para ir ao orfanato. Foi impossível não me lembrar do encontro que tivemos ali e acabei mandando uma mensagem desejando bom dia antes de ir para a sala de pintura.
Várias horas depois, recebi uma resposta um tanto seca de Christopher, apenas falando que estava em um compromisso e me desejando um bom dia também.
Não me apeguei àquilo, pois um homem como ele deveria ser muito ocupado, mas decidi que o melhor era ficar na minha e deixar que ele entrasse em contato, não queria ser inconveniente.
Além disso, Christopher tinha vindo de Nova York só para passar algumas horas comigo, tinha me dado um celular de última geração só para podermos nos comunicar, então bastava eu esperar.
Para não me abater, dediquei todo o tempo vago às telas que eu precisava terminar e às aulas de negócio que ele me indicara.
Além disso, com a ajuda de Maite, fotografei todo o meu portifólio e criei uma página na internet para expor e vender meu trabalho. Decidi usar um pseudônimo, pois assim poderia indicar a pessoas do círculo de Blanca sem correr o risco de ela descobrir.
Essa iniciativa me deixou bastante feliz e bem confiante de que uma hora meu trabalho seria reconhecido.
É claro que não consegui tirar Christopher completamente da cabeça. Seu sumiço ainda me incomodava e machucava.
Nos dois primeiros dias, disse a mim mesma que o presidente de uma empresa do porte das Indústrias Uckermann deveria ser mesmo muito ocupado.
Maite também bateu a tecla nessa justificativa, no entanto, conforme os dias foram passando, minhas esperanças foram caindo por terra e todas as nossas desculpas já haviam se esgotado.
Então cheguei à conclusão de que minha virgindade o tinha assustado. Alguém como ele não iria querer lidar com a responsabilidade de ser o primeiro homem de uma garota, especialmente se não fosse querer nada sério com ela.
Além disso, havia tantos problemas: minha sinceridade brutal, minha mãe interesseira e minha situação financeira, dentre outras coisas.
Óbvio que Christopher Uckermann pesou tudo isso e percebeu que era loucura se envolver com uma garota como eu quando havia tantas mulheres bem resolvidas e muito mais apropriadas no mundo.
— Daqui a pouco seu cérebro vai derreter de tanto pensar — Maite proferiu enquanto eu terminava de me arrumar.
Blanca iria a um jantar na casa de uns amigos e deixou claro que eu a acompanharia.
Na mesma hora percebi que o tal jantar era a razão de seu comportamento estranho e sua imposição me deixou bem irritada; a última coisa que eu queria era sair de casa.
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O político
RomanceChristopher Uckermann foi criado em um ambiente de luxo, riqueza e poder, típico da família Uckermann, famosa pela gestão da maior fábrica de armas do mundo e pela beleza que atravessa gerações. Desde cedo, ele se interessou por política, e seus pas...