DULCE MARIA
Dois dias haviam se passado desde que chegamos a Washington e Lucas permanecia internado. A febre que surgiu naquela noite aumentou um pouco e por isso foram prescritos outros antibióticos, mas ele estava evoluindo bem e a temperatura diminuía gradativamente.
Para minha surpresa, eu não estava tão desesperada quanto achei que ficaria. Saber que Christopher estava ali comigo tirava um pouco do peso que eu carregava há tantos anos.
Na verdade, desde a longa conversa que tive com ele, ainda no avião, já me sentia mais leve, mas não menos angustiada. Especialmente depois de comprovarmos que o perigo estava realmente nos rondando. Isso me deixava inquieta e apreensiva e percebi que ele se sentia da mesma forma.
A única hora em que o vi relaxar foi quando Lucas acordou e eles puderam, se conhecer. Infelizmente nosso filho estava muito sonolento e eu não acreditava que tivesse entendido muita coisa.
Mas para Christopher não interessava. Parecia que ele tinha resolvido assumir o papel de pai por inteiro, mesmo que seu garotinho estivesse bastante rabugento.
Infelizmente ele não pode interagir muito com Lucas porque a Casa Branca não parava e esses dias que ele passou fora estavam cobrando seu preço e juntando a isso a investigação, seu tempo estava escasso.
Por isso, levei um susto quando ele apareceu naquela manhã.
Lucas já havia acordado há um bom tempo, tomado seu desjejum e pedido o celular para ver desenho.
– Ele parece melhor – Christopher comentou depois de saudar o filho timidamente.
Eu sabia que seria difícil para ambos naquele início, principalmente para Lucas. Por isso estava feliz por Christopher entender e não forçar a barra.
– Sim. Ele ainda teve febre, mas está mais baixa a cada dia.
– Olha – disse Lucas nos interrompendo e apontando o celular.
Eu achei que ele estivesse falando comigo, mas quando o olhei, percebi que sua atenção estava em Christopher que olhou para mim notavelmente nervoso.
Eu o incentivei.
– Aquele é seu desenho favorito. Vá lá e assista ao menos um episódio com ele.
Ainda surpreso, Christopher se aproximou e sem que ninguém pedisse, Lucas se afastou para que o pai se sentasse ao seu lado.
Assim que acomodou, Christopher olhou para mim e deu para ver que estava emocionado, exatamente como eu.
Um episódio se transformou em três e foi lindo ver a interação entre eles.
Quando a enfermeira anunciou que levaria o almoço de Lucas, encontrei a desculpa perfeita para que Christopher conseguisse sair dali. Apesar de não parecer nem um pouco entediado, eu sabia que ele precisava trabalhar.
– Eu tenho que ir, mas volto mais tarde para que você possa descansar – disse depois que a enfermeira deixou a bandeja sobre o aparador.
– Mas não precisa, eu posso descansar aqui mesmo – comecei a argumentar, mas ele balançou a cabeça.
– A partir de agora, a responsabilidade de cuidar de Lucas não é só sua.
Tive vontade de abraçá-lo apertado e agradecer por ele ser daquele jeito, por ter aquela índole.
Sempre considerei Christopher um homem no melhor sentido da palavra e suas atitudes apenas demonstravam que eu estava certa.
Mesmo que nunca ficássemos juntos, se ele tratasse nosso filho com amor, e a mim, com consideração, já seria muito mais do que eu sonhei.
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O político
RomanceChristopher Uckermann foi criado em um ambiente de luxo, riqueza e poder, típico da família Uckermann, famosa pela gestão da maior fábrica de armas do mundo e pela beleza que atravessa gerações. Desde cedo, ele se interessou por política, e seus pas...