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CHRISTOPHER

– Como foi o acidente? – perguntei quando o jato já estava no ar.

Eu ia voltar de helicóptero também, mas acabei desistindo quando vi o quanto Dulce Maria estava cansada, por isso, fomos até uma pista particular onde embarcamos em meu jato e seguimos para a capital.

– Quer falar sobre isso agora?

– Por que não? Temos uma hora de voo até Washington e seria uma ótima forma de aproveitar nosso tempo.

– Tudo bem.

Tirei o paletó, afrouxei a gravata, depois dobrei as mangas da camisa, sob seu olhar atento, e me preparei para escutá-la.

Pelos minutos seguintes Dulce Maria contou todos os detalhes que conhecia.

– Chame de intuição ou de instinto materno, mas eu tenho certeza de que não foi um acidente, Christopher.

– Eu acredito em você.

Depois de tudo o que ela me falou, seria ingenuidade minha pensar que era coisa da sua cabeça. E foi por isso que eu entrei em contato com Rurick Czar e contei o que aconteceu. Se ele e sua agência não descobrissem quem estava por trás disso, ninguém descobriria.

– Por isso fechei a área VIP do hospital, ela ficará à nossa disposição. Ninguém entrará lá sem ser autorizado – garanti.

Imediatamente seu semblante se tranquilizou e vi seus olhos marejarem.

Desviei o olhar, mas não pude deixar de pensar no que ela passou para estar tão fragilizada assim.

– Como foi? – perguntei de repente.

– Como foi o quê?

– Tudo, eu quero saber tudo o que aconteceu desde que recebeu aquele telefonema – enfatizei, olhando para ela.

Dul mordeu o lábio e após um pesado suspiro, começou a falar basicamente o que havia me contado na tarde anterior, mas, dessa vez, com mais detalhes.

– Eu não consigo entender porque não confiou em mim – falei ao fim do relato, inconformado.

– Christopher, você não viu como Maite ficou, não viu o orfanato cheio de policiais e bombeiros, as freiras retirando as crianças... Testemunhar aquilo foi desesperador, me fez perceber que eu não estava lidando com amadores e isso me deixou muito vulnerável. Tudo o que tinha dado por certo desde que te conheci parecia errado, eu me senti errada e comecei a acreditar no que Anahí e Natália me falaram... Aquele era seu sonho e se perdesse as eleições por causa de mim, você me culparia e eu não aguentaria. Por favor, não me julgue, naquela época era isso que eu pensava.

Todos os seus argumentos eram válidos, ainda assim, era frustrante saber que ela me achava tão volúvel a ponto de mudar meus sentimentos assim.

– Você deveria ter me dado a chance de escolher.

– Eu sei que deveria, mas não quis arriscar que me odiasse. – Dul suspirou pesadamente e parecia tão frustrada quanto eu: – Não adianta discutirmos. Eu fiz o que achei que era certo para manter as pessoas que amava em segurança e para que você realizasse seu sonho. Não pense que foi fácil, todas as decisões que tomei foram dolorosas e deixaram cicatrizes que guardo até hoje.

Bom, éramos dois.

– Só para você ter ideia, eu fiquei em depressão por meses e acho que não teria conseguido me reerguer se não tivesse descoberto que estava grávida. Lucas foi minha salvação.

Engoli em seco ao ouvi-la falar daquela forma a respeito do nosso filho. Ele foi uma benção para ela e eu sentia que seria a mesma coisa para mim.

– Por que escolheu Nova Jersey? – perguntei, mudando um pouco o foco.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora