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CHRISTOPHER

– Mal posso acreditar que você está aqui com a gente – disse mamãe ao me entregar uma xícara de café.

Tínhamos acabado de almoçar e agora estávamos acomodados na sala de estar.

Eu havia me programado para chegar pouco antes do evento, mas como Anahí tinha limpado minha agenda, preferi ir para Nova York mais cedo. Fazia alguns meses que não encontrava minha família e sabia que conseguiria relaxar quando estivesse na presença deles, afinal, ali eu era apenas Christopher e era muito bom poder me desligar do cargo que ocupava por algumas horas.

– Sei que tenho andado distante de vocês, mas as coisas em Washington são frenéticas, alguns dias eu mal tenho tempo para respirar – comentei.

– Quem diria que o garotinho que vivia correndo atrás da amiguinha do colégio, feito um bobo apaixonado, iria se tornar nosso presidente um dia – Eva comentou.

Décadas se passaram e minha prima ainda não gostava muito de Anahí e jamais perderia a chance de me infernizar por causa disso.

– E como estão as coisas aqui em Nova York?

– Sofríveis – disse ela fazendo uma expressão dramática.

Mesmo tendo herdado os olhos verdes do pai, era impossível não perceber de imediato que Eva era uma Uckermann. Na verdade, se não fosse pela cor de suas íris, ela seria a cópia da tia Lou, com a pele dourada e os cabelos castanhos, mesmo estes sendo um pouco mais rebeldes que o da mãe, característica que combinava muito com sua personalidade extrovertida.

– Seja mais clara – pedi e ela lançou um olhar gelado para o meu irmão.

– Rafael pega e despreza tanta mulher nessa cidade, que está difícil ser um membro do clã Uckermann. Se ele se limitasse apenas a estranhas, tudo bem, mas o safado já pegou todas as minhas amigas e as amigas delas... – Ela balançou a cabeça. – Está até difícil andar pela rua; as menos íntimas me bajulam, achando que conseguirão alguma coisa com ele se nos tornarmos BFF, e as que um dia já foram minhas amigas, hoje me olham com ódio que deveriam dedicar a ele.

Todos gargalhamos.

– Bom, se elas preferem trocar uma mulher inteligente e bem humorada feito você por esse libertino aqui, garanto que está melhor sem elas – garanti e ela se agarrou a mim.

Puxei-a para perto, como fazia quando éramos pequenos.

Tendo se tornado uma mulher muito bem resolvida, Eva estava longe de ser aquela garotinha espevitada que nos provocava o tempo todo, mas nós ainda a tratávamos como tal. Para mim, Rafael e Alexander, ela sempre seria nossa garotinha e, mesmo sendo totalmente independente, Eva adorava isso.

Tia Lou às vezes reclamava de nossa super proteção, mas era da boca para fora, uma vez que ela e Tony agiam da mesma forma.

Lembrar deles me fez perceber que estava com muita saudade dos dois, só que, infelizmente, não seria dessa vez que os veria. Esse evento de mamãe foi resolvido quase de uma hora para outra e era para toda a família lhe dar suporte, mas eles já estavam com uma viagem programada para a Europa, com mais dois casais de amigos e foi impossível desmarcar.

Esse foi um dos motivos que me fez aceitar seu convite, mamãe já se sentiria triste por não ter a presença da melhor amiga, mas ficaria arrasada se eu também não aparecesse.

E eu estava feliz, o projeto era bom e se tivesse meu endosso seria muito mais aceito pelos patrocinadores em potencial, pois sua meta era promovê-lo todos os anos e em várias cidades.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora