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DULCE MARIA

— Está pensando nele? — Maite perguntou segurando um balde lotado de produtos de limpeza.

Aquilo era um eufemismo, já que desde o momento em que Christopher entrou no carro e foi embora, não conseguia pensar em outra coisa a não ser no nosso jantar, nosso passeio e, principalmente, no beijo que trocamos.

Eu nunca tinha sido beijada daquele jeito e só de lembrar, já sentia meu estômago se contorcer. Era como se uma revoada de borboletas tivesse feito moradia ali.

Eu fechava os olhos e sentia o gosto dele na minha boca e, para minha desgraça, eu queria mais.

O pior era que, mesmo com todos os meus avisos, parecia que Christopher se sentia da mesma forma, pois antes de ir embora, pediu o número do meu telefone alegando que queria falar comigo enquanto estivesse em Nova York.

Para não expor de forma tão crua a situação em que vivia, optei por contar uma meia verdade e disse que meu celular tinha caído na piscina, mas que iria providenciar outro durante a semana. Não sei se ele acreditou, mas deixou um cartão com seus telefones para que eu ligasse.

O problema é que Blanca havia voltado de viagem e não me deu um segundo de paz; acho que ela nunca ficou tanto em casa como nos últimos dias.

Mas não era apenas isso. Também estava relutante em gastar minhas economias num celular só para falar com Christopher.

Tudo bem que não era apenas por causa dele, eu sentia falta de ter contato com meus amigos, mas era ele quem estava me instigando a colocar o bom senso de lado e fazer algo que não tinha condições de bancar.

Graças a Deus a rotina de sexta-feira não mudou, então, nossa feitora tinha ido ao spa e, apesar de achar que o certo a fazer seria me afastar, estava relutante em deixar Christopher acreditar que não estava interessada ou, pior, que tivesse me assustado com aquele beijo maravilhoso, por isso, depois da faxina, eu daria um jeito de sair para comprar o novo aparelho.

— Estou pensando que devemos acabar essa faxina logo para eu ter tempo de sair para comprar um celular. Blanca está em cima de mim a semana toda, ela cismou que estou diferente e desconfia que eu tenha conhecido alguém. Acha que eu vou fugir antes de conseguir conquistar Christopher Uckermann — falei revirando os olhos.

Eu não tinha comentado com ela sobre nossos encontros e minhas respostas evasivas a deixaram desconfiada. Por isso, desde que voltou de viagem tem feito mil perguntas, não apenas a respeito do que fiz em sua ausência, mas sobre quem encontrei ou conheci. De minha parte, preferia vêla feito uma barata tonta atrás de informações a dar-lhe munição para transformar minha vida e a de Christopher num inferno.

Claro que, quando não conseguiu nada de mim, ela foi atrás de Benito e Consuelo, e apesar de todos eles saberem tudo o que aconteceu, não falaram absolutamente nada, afinal, a conheciam tanto quanto eu e, de forma alguma, iriam permitir que ela estragasse meu "romance".

Sim, os três achavam que se Christopher não estivesse interessado, não perderia seu tempo indo atrás de mim e já nos viam como um casal.

Eu não queria me iludir, mais do que já estava, entretanto, desde aquele beijo estava sendo impossível não fantasiar, tudo o que eu queria era que eles estivessem certos, queria muito beijar aquela boca de novo.

— Já falei para usar meu telefone — ela falou, um pouco irritada pela minha relutância.

— Eu sei, Maite, mas ainda não decidi se quero ligar. E se ele só tiver falado aquilo porque era o que achava que eu esperava ouvir? Se ele tiver se arrependido de ter me beijado, prefiro ficar apenas com as boas lembranças.

O políticoOnde histórias criam vida. Descubra agora