Assim que chegamos em casa, o sol já estava alto no céu, aquecendo a manhã de domingo. O som alegre da minha família ecoava lá fora, risadas e conversas preenchiam o ar do jardim. Por um momento, eu me senti como se estivesse em um sonho. Era tudo tão familiar e confortável, mas ao mesmo tempo, havia uma tensão que eu não conseguia ignorar.
Nicholas e eu entramos pela porta da frente. Ele segurava as sacolas de compras, e seus músculos estavam tensos, como se a simples presença dele ao meu lado fosse um desafio. Senti meu coração acelerar, lembrando da confissão que ele havia feito na última vez que estivemos juntos. O que eu deveria fazer? Deveria me afastar, como pensava, ou aproveitar a oportunidade de estar perto dele e descobrir o que realmente sentia?
Nicholas deixou as sacolas sobre a bancada da cozinha e virou-se para mim, seu olhar curioso.
— Preciso de ajuda com alguma coisa? — Ele ofereceu, um sorriso esperançoso nos lábios.
Eu hesitei, o coração batendo forte no peito. A verdade é que eu não sabia como agir. O silêncio que havia criado entre nós não era apenas por conta da confusão que sentia, mas também pelo medo de me aproximar dele novamente.
— Ah, sim... — Comecei, mas minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria. Olhei para as sacolas, tentando encontrar uma maneira de me sentir mais confortável. — Eu... preciso preparar o risoto.
— Posso ajudar! — Ele disse, seus olhos brilhando com a ideia de participar. Isso me deixou um pouco mais à vontade. Havia algo reconfortante em sua presença, como se o peso do mundo se tornasse mais leve ao seu lado.
— Está bem, então... — Concordei, ainda hesitante. — Você pode começar a descascar a cebola e picá-la.
Nicholas assentiu, pegando a cebola da sacola. Eu observava enquanto ele se movia na cozinha, sua confiança aparente em contraste com a incerteza que eu sentia. Com as mãos ocupadas, pude pensar um pouco mais sobre o que estava acontecendo.
Enquanto ele trabalhava, ouvi o som das risadas da minha família do lado de fora. Eles estavam todos reunidos no jardim, aproveitando a manhã ensolarada. Um pequeno nó se formou em meu estômago. Queria fazer parte daquela alegria, mas, ao mesmo tempo, não conseguia deixar de me sentir isolada. A presença de Nicholas tornava tudo mais confuso.
— Como foi o mercado? — Perguntou ele, cortando a cebola com habilidade.
— Foi bom... — Respondi, olhando para as mãos dele enquanto cortava. — Encontrei tudo o que precisava.
Uma pausa caiu entre nós, e eu percebi que ainda não tinha falado sobre o que realmente pensava. O silêncio que eu mantinha não era apenas sobre a vergonha de não saber como me comportar depois da confissão dele. Era uma forma de proteção, uma maneira de evitar mais complicações.
Engoli em seco, sentindo a tensão no ar. Seus olhos se fixavam nos meus com uma intensidade quase palpável, como se ele tentasse decifrar cada pensamento que passava pela minha cabeça. O modo como ele me observava me deixava nervosa, um misto de ansiedade e uma estranha expectativa.
— Você está... bem? — Nicholas quebrou o silêncio novamente, seus olhos fixos em mim, buscando respostas.
— Sim, estou bem — Respondi, desviando rapidamente o olhar, como se isso pudesse me proteger de sua atenção penetrante.
— Tem certeza? — Nicholas insistiu, sua voz carregando uma preocupação genuína. — Você parece não ter dormido bem esta noite.
Senti meu coração acelerar. Ele estava tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante. Tentei manter a compostura, mas a verdade era que eu havia passado horas revirando meus pensamentos, sem encontrar descanso.
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Além do laço de Sangue
RomanceOlivia e Nicholas sempre tiveram uma conexão especial. Desde crianças, passavam as férias de verão juntos na casa dos avós, correndo pelo quintal, rindo de piadas bobas e explorando o mundo ao seu redor. Com o tempo, aquela amizade inocente foi ganh...