Ao chegarmos no mercado, Nicholas pegou o celular para abrir a lista que tia Grace havia mandado, enquanto eu empurrava o carrinho. Aquele clima leve ainda pairava entre nós, e eu me senti surpreendentemente tranquila, como se estivesse exatamente onde deveria estar.
— Certo, vamos começar com o básico — Disse ele, lendo a lista. — Precisamos de carne. Bastante carne.
— Ah, então você vai carregar, certo? — Brinquei, empurrando o carrinho com um sorriso.
Ele riu, balançando a cabeça. — Claro, já que sou o cavalheiro aqui, eu carrego as carnes. Mas você pega os acompanhamentos!
Seguimos para o setor de carnes, e eu observei enquanto Nicholas conferia cortes e preços com um ar de especialista. Fiquei ali do lado, segurando o carrinho e tentando não rir do quanto ele parecia sério naquela tarefa.
— Temos linguiça, coxinhas da asa... e, hum, acho que mais umas picanhas — Ele anunciou, colocando os pacotes no carrinho com uma satisfação engraçada.
Seguimos então para os corredores de bebidas, onde ele parou ao lado de várias caixas de cerveja, como se estivesse contemplando uma obra de arte.
— Agora, parte essencial da festa: cerveja. Tia Clear vai ficar feliz.
— Certo, você cuida dessa parte também — Falei, sorrindo enquanto ele carregava duas caixas com cuidado.
Seguimos pelos corredores do mercado, escolhendo alguns acompanhamentos e enlatados, enquanto ele me dizia os itens um a um. Eu aproveitava para pegar alguns outros que achava que faltariam. A cada vez que nossos olhares se cruzavam, eu me sentia mais leve, mais solta, e aquele brilho divertido dele parecia contagiar tudo ao nosso redor.
— Quer apostar que todo mundo vai comer demais e ninguém vai conseguir sair da mesa? — Ele disse, ainda de olhos na lista.
Ri, concordando. — Se o churrasco for como todos os outros, com certeza.
Enquanto ele continuava a listar as coisas, eu percebi que estar ali, em um simples passeio ao mercado, podia se tornar uma memória tão boa quanto qualquer outra. A companhia dele tornava tudo mais interessante, e naquele momento, minha cabeça estava totalmente ali, sem espaço para preocupações ou dúvidas.
Depois de pegarmos tudo da lista, fomos em direção ao caixa. Mas, ao passarmos pela sessão de doces, Nicholas parou de repente, os olhos brilhando ao avistar as barras de Snickers.
— Ei, olha isso — Ele disse, pegando um dos pacotes e exibindo como se fosse um tesouro. — Lembra como éramos viciados nisso?
Eu sorri, lembrando de tantas tardes que passamos dividindo aqueles doces.
— Nossa, sim! A gente juntava todas as moedas que conseguia para comprar esses.
— E depois tentava esconder para não ter que dividir com ninguém, lembra? — Ele riu, colocando alguns no carrinho. — Acho que é nosso dever manter a tradição.
— Dever, claro! — Brinquei, pegando um também. — Vamos só garantir que ninguém ache nosso estoque.
Os Snickers foram a última adição à nossa compra, mas talvez a mais especial.
Na volta para casa, entre uma música e outra no rádio, Nicholas me olhou de canto e comentou:
— Ainda não acredito que você acha que abacaxi combina com pizza. Isso é quase um crime culinário.
Revirei os olhos, mas não consegui conter o riso. — E eu não acredito que você ainda insiste que abacaxi na pizza é errado! É uma mistura de doce e salgado. É perfeito!
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Além do laço de Sangue
RomanceOlivia e Nicholas sempre tiveram uma conexão especial. Desde crianças, passavam as férias de verão juntos na casa dos avós, correndo pelo quintal, rindo de piadas bobas e explorando o mundo ao seu redor. Com o tempo, aquela amizade inocente foi ganh...