Acordei naquela manhã com uma sensação que eu não conseguia definir. Era como se uma nova energia estivesse pulsando dentro de mim, e ao mesmo tempo, uma mistura de nervosismo e alegria se entrelaçavam em meu coração. A conversa com Nicholas na noite anterior ainda ecoava em minha mente, e eu me pegava relembrando cada palavra que trocamos.
Enquanto tomava meu café da manhã, uma leve brisa entrava pela janela, trazendo consigo o perfume das flores do jardim. Olhei para Nicholas, que estava à minha frente, e senti meu coração acelerar. Era difícil acreditar que tínhamos nos declarado um ao outro. A forma como ele olhou nos meus olhos, a sinceridade em sua voz... tudo aquilo fez meu mundo parecer um pouco mais brilhante.
Mas, ao mesmo tempo, uma sombra de preocupação pairava sobre mim. Nós éramos primos. O que isso significava para nós? E como nossos pais reagiriam se soubessem? Minha mente girava com dúvidas, mas a verdade era que eu não conseguia tirar Nicholas da minha cabeça. Ele estava se tornando cada vez mais presente em meus pensamentos, e era difícil ignorar a sensação de que havia algo profundo entre nós.
Eu sorri involuntariamente ao lembrar de seu sorriso tímido quando eu confessei que sentia algo além da amizade. Era um momento que eu queria guardar para sempre, mas havia um "porém". As expectativas e as normas familiares estavam sempre à espreita, prontas para nos lembrar das regras que nunca pedimos para seguir.
Enquanto a conversa na mesa continuava, observei cada risada, cada olhar entre nossos familiares. Havia amor e acolhimento, mas a ideia de arriscar nosso relacionamento familiar por conta de nossos sentimentos me deixava apreensiva. Eu queria que tudo fosse simples, mas a realidade parecia um pouco mais complicada.
Depois de alguns momentos, decidi que não poderia deixar o medo controlar meus sentimentos. Nicholas e eu tínhamos compartilhado algo especial, e eu queria explorar isso. Uma onda de coragem surgiu dentro de mim. Se fôssemos realmente capazes de transformar nossa amizade em algo mais, então eu estava disposta a lutar por isso, independentemente das opiniões dos outros.
Durante o café da manhã, encontrei uma maneira de me conectar com Nicholas através de olhares, sorrisos e pequenas brincadeiras. Era como se estivéssemos criando um mundo só nosso, mesmo em meio à agitação da família. Essa sensação me deixou mais confiante e determinada a descobrir aonde nossos sentimentos poderiam nos levar.
Enquanto a conversa fluía e as risadas ecoavam pela cozinha, percebi que, independentemente do que o futuro reservasse, eu estava pronta para enfrentar os desafios que viriam. Eu queria viver esse momento, saborear cada segundo ao lado de Nicholas e permitir que nossa relação evoluísse de maneiras que eu nunca imaginei serem possíveis. Afinal, às vezes o amor era complicado, mas valia a pena ser vivido.
E assim, com um sorriso no rosto e o coração cheio de esperanças, me deixei levar pela alegria do presente, pronta para o que quer que o dia nos trouxesse.
— Alguém tem algum plano para hoje? — Perguntou tio Thomas, com aquele entusiasmo contagiante.
— Que tal mais um dos nossos churrascos lá fora? — Sugeriu meu pai, já sorrindo.
— Acho uma ótima ideia: churrasco, piscina e umas boas risadas — Nicholas concordou, o tom animado. Eu podia ver a empolgação nos olhos dele.
— Perfeito, mas precisamos de alguém para ir ao mercado — Comentou tia Clear, com um sorriso. — Vamos precisar de carne e de cerveja, é claro.
— Eu e Olívia podemos ir — Nicholas respondeu de imediato, me lançando um olhar enquanto os outros na mesa também me olhavam.
— Podemos? — Perguntei, fingindo dúvida, mas acabando por rir ao ver o sorriso irresistível dele. — Tudo bem, nós vamos.
— Ótimo, vou fazer uma lista e mando pra você, Nicholas — Disse tia Grace, já com o celular em mãos, ao que ele assentiu.
Terminamos o café e, ao me levantar para levar minha louça até a pia, percebi Nicholas se aproximar e colocar seu prato ali também, com a tranquilidade de quem já está acostumado com esses momentos.
— Vou ao banheiro primeiro, escovar os dentes e calçar um tênis. Daí a gente vai — Comentei.
Ele sorriu e assentiu. — Te espero na sala, vai lá.
Subindo para o quarto, vejo notificações no celular: mensagens de Louis. O peso da culpa cai sobre mim instantaneamente. Louis sempre foi incrível comigo, e o pensamento de sentir algo por outra pessoa, por Nicholas, me fazia sentir um conflito enorme.
Toda aquela animação de antes desapareceu, e a culpa parecia me esmagar. Não tinha coragem de responder a Louis agora. Deixei o celular de lado e fui direto para o banheiro escovar os dentes, tentando pôr os pensamentos em ordem. Não sabia o que fazer, nem mesmo se seria capaz de conversar com Louis sobre tudo isso.
Depois de me recompor, voltei ao quarto, calcei os tênis e prendi o cabelo em um coque desleixado, alguns fios soltos emoldurando meu rosto. Desci as escadas com passos lentos, ainda perdida em pensamentos, e encontrei Nicholas na sala, distraído com o celular.
— Já podemos ir — Anunciei, chamando sua atenção.
Ele ergueu os olhos e sorriu ao me ver, guardando o celular no bolso enquanto se levantava.
No caminho até o mercado, Nicholas dirigia com aquela despreocupação que eu sempre admirei. O sol da manhã entrava pelas janelas do carro, tornando o ambiente ainda mais leve. Eu estava um pouco quieta, perdida em pensamentos sobre Louis, mas decidi afastar as dúvidas e aproveitar o momento ao lado de Nicholas.
Ele percebeu meu silêncio e, para quebrar o gelo, perguntou:
— Ei, espero que você esteja pronta para ser minha parceira de mercado de novo.
Eu sorri, sentindo a tensão diminuir.
— Vou fazer o possível. Contanto que você não me deixe carregar todas as sacolas pesadas, acho que a gente vai se dar bem.
Ele riu, e então, sem aviso, aumentou o volume do rádio. There's Nothing Holdin' Me Back, de Shawn Mendes, começou a tocar. Mal pude acreditar quando ele começou a cantar, batendo levemente no volante com o ritmo. Era exatamente a cara dele.
— Sério? Você realmente vai cantar agora? — Brinquei, mas ele apenas aumentou a voz, totalmente à vontade, sem ligar para a minha provocação.
E, de repente, ele virou o rosto e me encarou, o olhar cheio de diversão e aquele brilho de sempre. Não resisti. Comecei a cantar também, deixando a melodia e o momento tomarem conta de mim. Nossas vozes enchiam o carro, e rimos juntos quando desafinamos em uma parte da música. Era como se estivéssemos em um mundo à parte, onde nada mais importava.
Senti uma leveza que há muito não sentia. Ao lado de Nicholas, o peso das dúvidas e preocupações desaparecia, e era como se ele trouxesse de volta uma parte minha que eu não via há tempos.
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Além do laço de Sangue
RomanceOlivia e Nicholas sempre tiveram uma conexão especial. Desde crianças, passavam as férias de verão juntos na casa dos avós, correndo pelo quintal, rindo de piadas bobas e explorando o mundo ao seu redor. Com o tempo, aquela amizade inocente foi ganh...