Após me arrumar, uma mistura de ansiedade e excitação tomou conta de mim enquanto caminhava em direção à cozinha. O aroma do café fresco se espalhava pelo ar, e a ideia de compartilhar aquele momento com Nicholas me aquecia por dentro. Ao abrir a porta, encontrei Nicholas já à mesa, uma xícara de café em mãos e um sorriso que iluminava o ambiente.— Bom dia! — Ele disse, com uma energia contagiante.
— Bom dia! — Respondi, tentando esconder a inquietação que me acompanhava.
Sentei-me na cadeira em frente a ele, sentindo a vibração do que havia acontecido na noite anterior ainda presente no ar. Um momento de silêncio se instalou entre nós, enquanto eu tentava decidir se falaria sobre a conexão que sentia ou se deixaria tudo como estava, temendo complicações.
Nicholas quebrou o silêncio, olhando para mim com curiosidade.
— Então, o que você tem planejado para hoje? —Perguntou, os olhos brilhando com expectativa.
Hesitei, lembrando-me das chamadas não atendidas de Louis. A culpa me invadiu novamente, e me senti dividida entre a leveza da manhã e o peso da minha realidade.
— Eu... não tenho certeza. Talvez eu vá dar uma volta pela cidade, ou algo assim — Falei, evitando encarar os olhos dele.
Nicholas, perceptivo, percebeu que havia algo de diferente em mim. Havia uma sombra que não se encaixava com a atmosfera ensolarada da manhã. Ele franziu a testa, mas não insistiu. Em vez disso, ofereceu-me um pouco do café que havia preparado, um gesto simples, mas carregado de carinho.
— Esse café está incrível. Você deveria experimentar! — Disse ele, mudando o tom para algo mais leve.
Peguei a xícara e sorri, mas, à medida que o gosto rico e forte se espalhava pela minha boca, a preocupação não me abandonava. O que eu realmente queria? Estar ali com Nicholas, ou era apenas uma fuga da responsabilidade que tinha com outra pessoa?
Enquanto a conversa fluía entre risadas e momentos de silêncio, minha mente se enchia de dilemas. Era inegável a química entre nós, a facilidade de estar juntos, e a conexão que parecia se aprofundar a cada instante. Contudo, o peso da escolha que precisava fazer me deixava inquieta.
Finalmente, a pergunta que me inquietava não saiu da minha cabeça. Com um suspiro, decidi quebrar o silêncio.
— Nicholas, eu... preciso te contar uma coisa.
Ele me olhou, a expressão mudando para uma mistura de curiosidade e preocupação.
— Claro, o que foi?
Hesitei, lembrando-me do quanto ele havia sido gentil e como ele me fazia sentir-me viva. As palavras estavam na ponta da língua, mas um medo me impedia de me abrir completamente.
— Eu só... quero que você saiba que eu estou feliz aqui com você. Esses momentos têm sido incríveis para mim — Comecei, a voz um pouco trêmula.
Nicholas sorriu, os olhos brilhando de expectativa.
— Eu também! Estar com você é sempre bom. Nunca pensei que poderíamos ter algo assim — Disse ele, a sinceridade transparecendo em sua expressão.
Um silêncio carregado de emoções se instalou entre nós. Inclinei-me para frente, minha voz suave.
— Sabe, eu estava pensando... sobre tudo isso. Sobre como as coisas mudaram entre nós.
O olhar dele era intenso, e eu senti meu coração acelerar. Sabia que havia algo mais do que amizade ali, mas a incerteza me paralisava. A ideia de um futuro diferente, com ele ao meu lado, parecia promissora, mas o passado não me deixava em paz.
— Olívia, não precisa se preocupar com isso. O que estamos vivendo é especial, e podemos ir no nosso ritmo — Disse Nicholas, tentando me tranquilizar.
Aquelas palavras trouxeram um pouco de conforto. Permiti-me relaxar um pouco mais, sorrindo para ele.
— Obrigada por ser tão compreensivo. Eu só... não quero estragar a nossa amizade — Confessei, olhando nos olhos dele.
Nicholas balançou a cabeça, um sorriso genuíno se formando em seus lábios.
— Você não pode estragar algo que já é tão especial. Estamos aqui, juntos, e isso é o que importa — Ele disse, e, ao falar, a tensão que havia entre nós começou a se dissipar.
Após um momento, ele olhou para o celular que estava em cima da mesa e sorriu.
— Ah, só um segundo! Minha mãe mandou uma mensagem — Disse ele, deslizando o dedo na tela. — Parece que nossos pais foram para um jogo divertido de golfe com alguns amigos em comum.
Um misto de alívio e curiosidade me invadiu. Isso significava que teríamos a casa só para nós por um tempo, e uma pequena parte de mim se animou com a ideia.
Após um momento, senti que, independentemente do que estava por vir, havia uma nova jornada diante de mim.
Sabíamos que ainda havia muito a ser decidido, mas naquele momento, a simplicidade do café da manhã juntos era suficiente. O dia prometia mais momentos especiais, e isso era tudo o que podíamos fazer: viver um dia de cada vez.
Terminamos nosso café entre conversas triviais, sorrisos e olhares profundos, com momentos de silêncio que, ao invés de serem desconfortáveis, eram preenchidos por uma boa energia.
Tia Clear havia enviado outra mensagem a Nicholas, informando que iríamos almoçar em um restaurante após o jogo de golfe.
Depois do café, lavamos a louça e organizamos a cozinha. Subi para meu quarto para me arrumar, e Nicholas me acompanhou, entrando em seu quarto enquanto eu me preparava no meu. Escolhi uma regata branca e um shorts jeans marrom escuro, deixei meu cabelo solto e passei um perfume. Desci as escadas e me sentei na sala, esperando por ele.
Olhei para meu celular, encarando a imagem de Louis na tela, minha última mensagem pedindo para conversarmos, seguida de duas chamadas perdidas dele. Um suspiro escapou dos meus lábios, enquanto a culpa começava a se espalhar dentro de mim.
Louis estava me ligando e, enquanto isso, eu simplesmente estava ali, na cama de Nicholas, dormindo tranquilamente em seus braços. Uma onda de remorso me atingiu. Respirei fundo e enviei uma mensagem.
"Bom dia! Como você está? Desculpe por não ter atendido, acabei dormindo até tarde. Vou almoçar em um restaurante agora e, quando voltar, te ligo. Beijos."
Enviei a mensagem e deixei a cabeça cair para trás, suspirando enquanto os pensamentos sobre o que eu deveria fazer me invadiam. Mas não tive muito tempo para refletir, pois ouvi passos na escada. Levantei-me e olhei na direção do som. Nicholas descia com um sorriso no rosto e as chaves do carro na mão. Ele usava uma regata preta, com um óculos pendurado nela, e um shorts branco. Seu perfume preenchia o ambiente, fazendo meu coração acelerar.
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Além do laço de Sangue
RomanceOlivia e Nicholas sempre tiveram uma conexão especial. Desde crianças, passavam as férias de verão juntos na casa dos avós, correndo pelo quintal, rindo de piadas bobas e explorando o mundo ao seu redor. Com o tempo, aquela amizade inocente foi ganh...