A luz do sol filtrava-se pelas cortinas do meu quarto, e o som do meu celular cortava o silêncio da manhã. Era Louis, meu namorado, ligando. Sorrindo, toquei na tela e aceitei a chamada, sentindo uma onda de animação ao vê-lo na tela.
— Ei, amor! — Eu disse, tentando conter o sorriso.
— Oi, Olívia! — Louis respondeu, o brilho nos olhos dele era contagiante. — Você não vai acreditar na noite incrível que tive com os meus amigos da ONG. Nós comemos pizzas!
— Sério? Que legal! Você sabe que sou uma especialista em pizzas, não é? — Eu ri, lembrando-me das aulas de gastronomia.
— Ah, sim! Eu vou precisar da sua ajuda, porque as minhas ficaram meio... como posso dizer? — Ele fez uma expressão exagerada de quem tinha experimentado algo ruim. — Digamos que um pouco... "duras".
— Hahaha! Eu posso te ajudar a fazer a massa perfeita! É tudo uma questão de técnica e tempo, Louis.
— Então você vai me ensinar, certo? — Ele parecia genuinamente empolgado com a ideia. — Eu prometo que, farei algo digno de um chef.
— Está combinado! Vou fazer uma aula de pizza e te ensinar todos os segredos.
Louis riu e a imagem do seu sorriso iluminou meu dia. O jeito que ele falava sobre os amigos, a diversão que tinha, tudo isso me fazia sentir um pouco mais próximo dele, mesmo a distância.
— Você me faz falta, sabia? — Louis disse, com um olhar que parecia atravessar a tela.
— Eu também sinto sua falta. Não vejo a hora de estarmos juntos de novo. Podemos fazer pizza juntos, é claro! — Eu disse, tentando esconder um pouco da insegurança que sentia.
— Com certeza! E, quem sabe, podemos até fazer uma competição de quem faz a melhor pizza! — Ele piscou.
— Acho uma ótima ideia — eu respondi, rindo. O clima estava leve e divertido. "Assim que eu gosto", pensei, admirando o quanto ele me fazia sentir bem.
O tempo voou enquanto conversávamos, e percebi que não queria que a ligação acabasse. Porém, com um último sorriso e uma promessa de nos encontrarmos logo, nós nos despedimos.
Ao encerrar a chamada, não posso evitar o sentimento de que, apesar da distância, Louis e eu estivemos mais conectados do que nunca. Mas, no fundo, um pensamento me incomodava. Nicholas também estava em minha mente, mesmo com a leveza da conversa.
Olhei pela janela, e a manhã estava linda, prometendo um dia cheio de possibilidades.
Eu havia desistido de sair para o jantar com meus pais e tios. Aquilo seria uma conversa para mim, então preferi ficar na casa deles enquanto todos saíam. Nicholas também não estava aqui, já que ia para a festa de aniversário de sua amiga Emily, o que, de alguma forma, me causou um certo desconforto que eu tentei ignorar.
Ouço batidas suaves na porta do meu quarto. Antes mesmo que eu responda, minha mãe entra e, ao me ver deitada na cama, seu rosto se ilumina com um sorriso caloroso.
— Bom dia, meu amor — Diz ela animada, sentando-se ao meu lado na cama.
— Bom dia, mãe — Respondo, retribuindo o sorriso enquanto tento afastar o sono.
— Todos já estão de pé e já tomaram café, menos você e o Nicholas. Ele também não deu as caras ainda.
— Estava falando com o Louis no telefone — Explico, esticando os braços e me espreguiçando.
— Ah, e como ele está?
— Está bem. Continua focado no projeto da ONG.
— Que maravilha. Louis é incrível, sabia? Um namorado e tanto — Ela comenta com um brilho orgulhoso nos olhos.
— Ele é — Concordo, sorrindo de leve, mas sentindo aquele nó de culpa se formar no peito. Louis sempre foi maravilhoso comigo, e, ainda assim, meus sentimentos estão uma bagunça por causa de... outra pessoa.
— O que acha de tomar um banho e aproveitar o dia de piscina com a gente? — Sugere minha mãe, levantando-se com entusiasmo. — Seu pai e o tio Thomas estão preparando um churrasco lá fora.
— Parece ótimo. Vou tomar um banho e já desço.
Ela concorda com um aceno e sai do quarto, deixando-me sozinha. Suspiro, levanto da cama e arrumo os lençóis antes de pegar um vestido preto de alcinhas, bem leve, para o dia ensolarado. Reúno minhas coisas para o banho e, finalmente, decido sair do quarto.
No exato momento em que abro a porta, a de Nicholas se abre também. Nossos olhares se encontram, e, por mais que eu tente desviar, não consigo evitar notar seu abdômen definido, já que ele está sem camisa. Meu rosto esquenta na mesma hora.
— Bom dia, Olivia — Ele me cumprimenta. Desvio o olhar de seu abdômen e o encaro, notando seus cabelos bagunçados e a expressão curiosa em seu rosto.
— B-bom dia — Gaguejo, sentindo-me estranhamente exposta sob seu olhar intenso, como se ele pudesse enxergar cada mínimo movimento meu.
Nicholas mantém o olhar fixo no meu por alguns segundos, e sinto meu coração acelerar de um jeito que não consigo controlar. Tento disfarçar, cruzando os braços e me preparando para passar por ele no corredor.
— Você... vai descer para o café? — Ele pergunta, com um tom um pouco hesitante, mas sem tirar os olhos de mim.
— Ah, vou tomar um banho primeiro. Minha mãe mencionou algo sobre um dia na piscina — Respondo, tentando parecer casual. Sinto meu rosto corar, mas espero que ele não perceba.
Ele sorri de lado, aquele sorriso que parece desconcertar qualquer um que o veja.
— Piscina, churrasco... parece que temos um bom dia pela frente.
Assinto com a cabeça, tentando manter a compostura, e passo por ele no corredor. A sensação do seu olhar em minhas costas me deixa nervosa. Entro no banheiro e fecho a porta atrás de mim, respirando fundo para tentar me recompor. Olho para meu reflexo no espelho e sinto o peso da confusão nos meus olhos. Louis é alguém que qualquer um adoraria ter ao lado — é atencioso, leal e apaixonado pelo que faz. Então por que, de repente, o sorriso do Nicholas parece ocupar minha mente?
Sacudo a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. A água quente do chuveiro me ajuda a relaxar, e decido que, ao menos por hoje, vou tentar me concentrar em aproveitar o momento com a minha família. Coloco o vestido leve, solto o cabelo e desço as escadas.
Quando chego na área externa, o clima está animado. Meu pai e o tio Thomas estão perto da churrasqueira, rindo e conversando, enquanto minha mãe prepara uma mesa com sucos e petiscos. Nicholas já está lá, conversando com a tia Grace, mas noto que, por uma fração de segundo, ele desvia o olhar para mim quando me aproximo.
— Aí está a nossa bela adormecida! — Brinca meu pai, rindo enquanto me puxa para um abraço.
— Estava precisando mesmo de umas horinhas extras de sono — Respondo, sorrindo enquanto o abraço.
O sol aquece o ambiente, e a música baixa ao fundo cria um clima agradável. Me sento ao lado da minha mãe e converso sobre coisas triviais, tentando ignorar o fato de que, a cada vez que meu olhar encontra o de Nicholas, sinto um misto de nervosismo e empolgação. Ele parece estar se divertindo, mas ainda sinto aquele leve sorriso de canto sempre que olho na sua direção.
Algum tempo depois, Nicholas se aproxima da espreguiçadeira onde estou.
— Vai ficar só aí olhando ou vai entrar na piscina? — Ele provoca, jogando um pouco de água em mim com as mãos.
Dou um gritinho surpreso e rio, tentando evitar a água.
— Ei! Você vai ver só! — Brinco, jogando água de volta.
Antes que eu perceba, ele me puxa e caímos juntos na piscina, rindo enquanto a água nos envolve. Por um instante, enquanto nos recuperamos do mergulho, nossos olhares se encontram de novo, e aquele silêncio se instala entre nós. O barulho ao redor parece desaparecer, e tudo o que consigo ouvir é o som do meu próprio coração.
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Além do laço de Sangue
RomanceOlivia e Nicholas sempre tiveram uma conexão especial. Desde crianças, passavam as férias de verão juntos na casa dos avós, correndo pelo quintal, rindo de piadas bobas e explorando o mundo ao seu redor. Com o tempo, aquela amizade inocente foi ganh...