A festa parecia estar em pleno andamento. Do lado de fora, avistei uma vaga conveniente e pedi ao motorista que estacionasse ali. Desci do carro, ajeitando a camisa antes de pegar o buquê de flores que havia comprado no caminho. Não sabia exatamente o que Emily preferia, então optei por algo seguro: um buquê de rosas clássicas, com tons de vermelho e branco, elegantemente embalado.A casa de Emily já impressionava de longe, mas aquela noite parecia ainda mais deslumbrante. A entrada estava decorada com arranjos florais que combinavam tons de rosa claro e branco, e luzes cintilantes se entrelaçavam nas plantas ao redor, criando uma atmosfera sofisticada e aconchegante. O hall de entrada, iluminado com lustres de cristal, revelava uma decoração que misturava o estilo clássico com detalhes modernos: mesas de mármore com arranjos altos de flores exóticas, pequenos pontos de luz estratégicos que destacavam quadros nas paredes, e uma disposição de sofás de couro e poltronas em tons neutros, estrategicamente organizados para formar áreas de conversa mais intimistas.
Ao entrar, senti os flashes de alguns paparazzi do lado de fora. Sorri gentilmente para alguns deles, tentando manter a compostura. Olhei ao redor e encontrei rostos conhecidos entre a multidão. Cooper, levantou o copo em um brinde à distância, sorrindo com aquele ar despreocupado de sempre. Retribuí o aceno com um leve movimento de cabeça.
Foi então que a avistei. Emily estava deslumbrante, conversando animadamente com algumas pessoas próximas. Ela usava um vestido preto que parecia ter sido feito sob medida para ela, ajustando-se perfeitamente ao corpo, com um decote elegante e uma fenda do lado esquerdo que revelava uma perna torneada. O tecido brilhava levemente à luz do ambiente, e um par de saltos vermelhos completava o visual, acrescentando um toque provocante e sofisticado.
Ela me viu e, com um sorriso, começou a caminhar em minha direção. Por um instante, todo o burburinho da festa pareceu diminuir enquanto ela se aproximava, seus passos firmes ecoando na minha mente. Respirei fundo, sentindo o leve perfume das rosas em minhas mãos, e estendi o buquê, sorrindo enquanto nossos olhares se encontravam.
"Para a aniversariante," murmurei, entregando-lhe as flores.
Depois de entregar o buquê para Emily e trocar algumas palavras com ela, me afastei e deixei que a aniversariante seguisse para cumprimentar outras pessoas. Peguei uma taça de champanhe que um garçom oferecia e dei um gole, tentando me envolver com o clima da festa. Observava o salão cheio, as pessoas conversando, o riso ecoando pelo ambiente. Eu deveria me sentir mais à vontade, afinal, estava entre amigos, mas minha cabeça estava em outro lugar.
Será que Olívia estava em casa? Consigo até imaginá-la, talvez na cozinha, preparando alguma de suas receitas fabulosas. Parte de mim queria ignorar essa imagem, mas ela simplesmente não saía da minha mente.
— Nicholas! — A voz animada de Cooper me trouxe de volta ao momento. Ele se aproximou com um copo de whisky na mão, o sorriso largo. — Sumido, hein? Como estão as coisas?
— Tudo tranquilo, Cooper — Respondi, erguendo meu copo em um brinde casual. — E você? Parece que a festa está no clima que você gosta.
Cooper soltou uma risada e me deu um tapinha no ombro.
— Isso aqui é exatamente o que eu precisava! — Ele disse, os olhos brilhando enquanto olhava ao redor.
Assenti e tentei me manter presente. Mas, por mais que tentasse, minha mente vagava de volta a Olívia. Ela sabia que eu estava na festa, claro, mas será que também pensava em mim? Será que estava sozinha agora, naquela casa silenciosa? E eu aqui, tentando me divertir enquanto a imagem dela voltava o tempo todo.
Dei mais um gole no champanhe, tentando espantar esses pensamentos. Antes que pudesse pensar mais, alguém me chamou para falar sobre um evento que estava por vir. Sorri, troquei algumas palavras, mas a verdade era que, por dentro, a imagem de Olívia não saía da minha cabeça. Por que eu me importava tanto com o que ela estava fazendo
Conforme a noite avançava, eu continuei bebendo. Cada gole parecia aliviar momentaneamente essa inquietação, fazendo o salão parecer mais leve, as risadas mais altas, e as luzes mais intensas. Mas, inevitavelmente, o alívio durava pouco. Olívia continuava a surgir em meus pensamentos como um eco teimoso que nem o álcool conseguia abafar.
A taça de champanhe logo foi substituída por um copo de whisky. Fui bebendo, me forçando a relaxar, a deixar o momento tomar conta de mim. Tentei me misturar, rir das piadas, engajar nas conversas, mas sempre que alguém mencionava relacionamento, risadas ou até mesmo pequenos detalhes de suas vidas, eu me pegava imaginando o que Olívia acharia. Como ela reagiria, o que diria. Mais um gole.
Foi então que senti um toque suave em meu braço. Virei-me e vi Emily, agora ainda mais próxima. O vestido preto justo e o salto vermelho chamavam atenção, e seus olhos brilhavam de um jeito que me deixou alerta, apesar do leve efeito do álcool.
— Ei, você parece distraído hoje — Ela disse, com um sorriso malicioso enquanto passava a mão levemente pelo meu braço. — Achei que não fosse aparecer.
— Ah, você sabe como é — Respondi, desviando o olhar. — Quis dar uma passada pra te parabenizar. Não podia faltar.
Ela se aproximou um pouco mais, me olhando de cima a baixo, a mão dela permanecendo no meu braço, como se quisesse prolongar o toque.
— Fico feliz que veio. — Ela mordeu o lábio, um sorriso malicioso surgindo. — Eu sempre achei você um pouco misterioso... acho que sempre quis desvendar isso.
Senti o cheiro doce do perfume dela enquanto ela se inclinava para mim, e, mesmo com o efeito do álcool, percebi a insinuação. Afastei-me um pouco, tentando não ser rude, mas deixando claro.
— Emily... a gente é amigo, né? — Disse, dando um sorriso leve, tentando desfazer a tensão.
Ela sorriu de volta, mas seu olhar ainda tinha aquele brilho provocante.
— Amigos? Só isso? — Ela inclinou a cabeça, os olhos ainda fixos em mim. — Porque, sinceramente, eu acho que a gente poderia ser bem mais que amigos...
Suspirei, e, antes de responder, minha mente voltou, quase automaticamente, a Olívia. Ela jamais faria uma abordagem assim, e talvez fosse exatamente essa a diferença que eu não conseguia ignorar.
— Desculpa, Emily. — Me afastei um pouco mais, buscando palavras que não soassem rudes. — Eu... acho que hoje só vim pela festa. Pela sua amizade, entende?
Emily ergueu as sobrancelhas, a expressão um pouco surpresa, mas logo sorriu, tentando disfarçar.
— Bom, pelo menos eu tentei, não é? — Ela deu uma risadinha, mas seus olhos me lançaram um último olhar sedutor antes de se afastar.
Fiquei ali, observando-a desaparecer entre os convidados. Mais um gole no whisky. Mas, no fundo, eu sabia que nenhuma bebida daquela festa ia me tirar da cabeça o que realmente me incomodava.
Olhei para o relógio e percebi que já passava das duas da manhã. O tempo parecia ter voado, e o ambiente ao meu redor estava cada vez mais distorcido pelo efeito das bebidas. O salão agora parecia girar levemente, as vozes soavam em tons mais altos e confusos, e as luzes pareciam brilhar mais intensamente, quase a ponto de incomodar.
A festa ainda estava em pleno andamento, mas eu sentia um peso cada vez maior me puxando para fora dali. Por mais que tivesse tentado me distrair, beber até o ponto de entorpecer os pensamentos, nada parecia ajudar. Olívia ainda ocupava minha mente, como um reflexo insistente que eu não conseguia afastar, não importava quantos copos eu tomasse.
Respirei fundo, tentando clarear um pouco a cabeça. As últimas horas passavam como flashes na minha mente: os olhares de Emily, o toque dela, o jeito como tentou se aproximar. Eu ri, sozinho, balançando a cabeça. Ela era atraente, não tinha dúvidas disso, mas a verdade é que, em nenhum momento, senti o impulso de retribuir.
Decidi que era hora de ir embora. Me aproximei de Cooper para dar um aceno de despedida, mas ele estava tão envolvido em uma conversa animada que apenas ergui a mão de longe e segui em direção à saída, os passos um pouco incertos.
Ao deixar a casa, o ar fresco da madrugada bateu no meu rosto, trazendo uma sensação temporária de sobriedade. Chamei meu motorista e, enquanto esperava, olhei para o céu escuro, quase vazio de estrelas. Sentia a mente turva, mas uma coisa era clara: eu precisava resolver o que estava acontecendo dentro de mim.
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Além do laço de Sangue
RomanceOlivia e Nicholas sempre tiveram uma conexão especial. Desde crianças, passavam as férias de verão juntos na casa dos avós, correndo pelo quintal, rindo de piadas bobas e explorando o mundo ao seu redor. Com o tempo, aquela amizade inocente foi ganh...