Chapter 31

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A tarde de quinta-feira já estava avançada, e eu me encontrava sozinho em casa. Minha mãe, tia Grace e Olivia saíram logo cedo para o museu, animadas para ver aquela exposição que haviam planejado, e meu pai e tio John foram jogar tênis. Eu nunca fui fã do esporte, então optei por ficar aqui, aproveitando o silêncio... mas a paz que imaginei não veio. Pelo contrário, o silêncio só me dava mais tempo para pensar em tudo que estava acontecendo, principalmente em Olivia.

Essa semana, ela parecia outra pessoa. Cada tentativa minha de iniciar uma conversa resultava em respostas monossilábicas, como se ela estivesse apenas suportando minha presença. E não era só nas palavras; eu sentia um afastamento dela em cada olhar que ela evitava, em cada sorriso que antes era fácil e agora estava distante. Ela parecia estar fugindo de mim em cada canto da casa.

Estava exausto de tentar entender isso sem nenhuma explicação. Será que eu fiz algo? Falei algo errado? Eu queria simplesmente perguntar e resolver isso, mas cada vez que pensava em questioná-la, algo me segurava, um receio de que a resposta fosse pior do que o silêncio.

Meus pensamentos estavam cada vez mais embolados, e eu já estava decidido a confrontá-la assim que ela chegasse. Mas no momento em que essa ideia começou a tomar forma, a campainha tocou. O som me arrancou daquele torpor, e meu coração acelerou um pouco. Quem seria a essa hora?

Levantei-me e fui até a porta, ainda com a cabeça cheia de perguntas sobre Olivia. Ao abrir, vi que se tratava de um envelope elegante, endereçado a mim. No remetente, o nome "Emily" chamou minha atenção de imediato. Emily era a garota com quem eu havia atuado na série e que interpretou minha namorada; uma parceira de cena divertida, alguém com quem eu tinha um contato leve e fácil.

Ao abrir o envelope, notei que era um convite para a festa de aniversário dela. O papel era de alta qualidade, e no interior estavam o endereço e o horário da festa, marcada para o próximo sábado. O convite também pedia para que eu confirmasse minha presença até o fim da semana.

Por um instante, considerei se seria uma boa ideia ir. Uma festa poderia me ajudar a clarear a mente, esquecer um pouco dos problemas... mas parte de mim hesitava, especialmente pelo clima estranho entre mim e Olivia. Fechei o convite, ainda pensativo, e deixei-o sobre a mesa, sem me decidir.

Decidi que precisava de um tempo para relaxar, então subi as escadas novamente, me dirigindo ao meu quarto. Um banho quente poderia ajudar a clarear os pensamentos e aliviar a tensão acumulada. Enquanto a água caía sobre mim, deixei os pensamentos flutuarem, tentando afastar as preocupações e incertezas sobre Olivia.

Depois de me secar, vesti uma camiseta e um moletom confortável. Sentei-me na cama e liguei a TV, zapeando pelos canais em busca de algo que pudesse prender minha atenção. Acabei me perdendo em uma série que costumava assistir.

Depois de um tempo, escutei os sons de alegria e descontração que eram contagiantes, e não consegui me conter. Todos já estavam de volta em casa. Levantei-me, sentindo que era hora de descer e me juntar a eles. O que poderia ser melhor do que um pouco de convívio familiar para arejar a mente? Ao abrir a porta e caminhar para baixo, uma parte de mim ainda estava presa na dúvida sobre Olivia, mas a expectativa de ver todos juntos me motivava a seguir em frente.

Enquanto descia, escutei a voz animada do pai de Olivia, tio John, cheia de risadas.

— Eu juro que a Olivia ficou esperando por mim na frente da faculdade! — Ele contava, rindo. — Era o terceiro dia de aula dela, e eu simplesmente esqueci de buscá-la. Quando ela me ligou, a pobre estava lá, sentada em um banco, como se estivesse esperando um ônibus que nunca chegaria!

A sala estava cheia de risadas, e eu parei no vão da porta, invisível por um momento. Ninguém percebeu minha presença enquanto todos se divertiam com a história. Minha mãe, sempre pronta para entrar na conversa, decidiu acrescentar seu toque de humor.

— E o que você pensou que ia acontecer, John? Que ela ia magicamente aparecer em casa? — Ela exclamou, rindo.

— Exatamente! — John respondeu, fazendo gestos amplos. — Quando finalmente cheguei lá, ela me olhou com uma expressão de quem tinha sido traída por um amigo!

— Ah, eu consigo imaginar! — Disse mamãe, sorrindo. — A Olivia deve ter olhado para você como se dissesse: "Sério, pai? Você me deixou aqui, sozinha, com todos esses estranhos?"

— Foi exatamente isso! — Tio John confirmou, rindo ainda mais. — E a melhor parte? Quando eu pedi desculpas, ela me respondeu: "Você não é mais meu pai, agora sou órfã!"

Todos riram mais alto, e eu não consegui evitar um sorriso ao escutar a história. Era um momento leve, e eu percebi que precisava me juntar a eles. Com um pouco mais de coragem, decidi entrar na cozinha e fazer minha presença conhecida.

Assim que entrei na cozinha, os olhares se voltaram para mim, e os risos diminuíram um pouco, mas a atmosfera leve continuava.

— Oi, pessoal! — Cumprimentei, tentando soar despreocupado. — Parece que a diversão está em alta por aqui.

— Nicholas! — Tio John exclamou, animado. — Você não vai acreditar na história que eu estava contando sobre a Olivia!

— Ah, não me diga que ela ficou presa esperando você na faculdade — Brinquei, tentando manter o tom leve, mas já imaginando o constrangimento que Olivia deve ter sentido.

Todos riram, e eu notei o rosto de Olivia levemente ruborizado.

— Então, como foi o museu? — Perguntei, mudando de assunto e tentando me inteirar do que havia acontecido.

Tia Clear, ainda sorridente, virou-se para mim com entusiasmo.

— Foi um dia incrível, Nicholas! O museu estava maravilhoso, cheio de exposições fascinantes — Disse, encantada. — Olivia adorou cada momento.

Olivia sorriu timidamente, confirmando com um leve aceno, enquanto todos ao redor continuavam rindo da história sobre ela e a faculdade. Aproveitei a deixa para perguntar ao meu pai sobre a partida de tênis.

— E o jogo de tênis, como foi? — Perguntei.

Meu pai, com um sorriso descontraído, deu de ombros e disse:

— Foi divertido! Nada mal para nós dois, embora a gente tenha acertado mais a rede do que o outro lado da quadra — Brincou, arrancando mais risadas de todos.

Eu ri junto, aliviado por poder aproveitar aquele momento leve com a família. Olhei discretamente para Olivia, observando-a rir e relaxar entre os parentes. Mesmo com a distância que eu vinha sentindo entre nós, era bom vê-la assim, tão à vontade.

Além do laço de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora