Felicity

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Colin entrou na casa de Penélope sem pensar, os passos pesados ecoando no chão. Ele mal conseguia processar o que acabara de ver, as imagens do vídeo e as ameaças de Bianchi ainda girando em sua mente. A família dele já estava lá, todos esperando ansiosos por notícias, mas ele não conseguia encarar ninguém. Sem uma palavra, subiu direto para o escritório de Penélope e trancou a porta.

Lá dentro, o ambiente ainda carregava o perfume suave dela, algo que costumava confortá-lo, mas que agora só fazia sua ausência pesar ainda mais. Ele deixou-se cair em uma cadeira, exausto, e seu olhar foi direto para o quadro em uma das prateleiras: Penélope e sua irmã Felicity, ainda crianças, abraçadas ao lado de Archibald e Portia, todos com sorrisos aparentes. Um retrato de uma família que parecia normal, mas ele sabia que escondia histórias muito mais sombrias.

A ironia daquela imagem quase o fez rir, mas tudo o que sentiu foi um aperto no peito. Colin se perguntava em que momento tudo começou a dar tão errado. Ele se lembrou das palavras de Bianchi no vídeo, tentando convencê-lo de que sempre esteve envolvido no plano contra Penélope, que havia usado a confiança dela desde o começo. Era mentira — mas ver como Penélope reagiu, acreditando nele, o deixou ainda mais atormentado. Ela estava machucada e sozinha, e ele não estava lá para protegê-la.

Em um impulso, ele socou a mesa, respirando fundo para segurar a frustração e o medo. Bianchi havia o manipulado, e agora Penélope estava em suas mãos. Colin passou as mãos pelos cabelos, tentando pensar em um plano, em uma forma de corrigir o erro que havia cometido. Ele sabia que não podia se dar ao luxo de hesitar, que precisava encontrá-la, tirá-la de lá.

De repente, ouviu uma batida na porta.

— Colin? — A voz era de Violet, calma, mas preocupada.

Colin hesitou antes de responder, ainda sem forças para enfrentar o olhar dos familiares.

— Estou ocupado, mãe — murmurou, tentando manter a voz firme.

Mas Violet não desistiu. — Sei que você está sofrendo, filho, mas ficar sozinho não vai ajudar. Abra a porta, estamos todos aqui para você.

Colin ficou em silêncio por um momento, o olhar ainda fixo no quadro de Penélope e sua família. Ele respirou fundo, tentando acalmar a mente e decidir o que fazer, mas a voz de Violet do outro lado da porta o tirava de seus pensamentos. Lentamente, ele se levantou e destrancou a porta, abrindo-a para encontrar sua mãe com um olhar firme, mas cheio de preocupação.

Violet entrou e fechou a porta atrás de si, observando o estado abatido de Colin. Ela se aproximou e colocou a mão no ombro dele.

— Colin, sei que Penélope é tudo para você. E sei que esse sequestro está te destruindo, mas há algo que você precisa saber — começou Violet, com a voz cautelosa. — Tenho algumas dúvidas sobre o que sabemos de verdade sobre Portia Featherington.

Colin franziu o cenho, claramente confuso. — O que quer dizer com isso?

Violet olhou para o quadro que Colin segurava, com a imagem de Penélope e sua família, e suspirou.

— Há alguns anos, Portia foi dada como morta. Mas naquela época, algumas coisas não faziam sentido. Havia rumores, informações vagas que circulavam entre as famílias mais influentes de Londres, como se Portia tivesse… escolhido desaparecer — ela pausou, medindo as palavras. — Recentemente, escutei boatos que sugeriam que ela pode estar viva e atuando nas sombras, em uma posição que poucos imaginariam.

Colin ficou em silêncio, a revelação pesando sobre ele. — Você está dizendo que Portia pode estar envolvida com a máfia italiana?

Violet assentiu, o olhar sério. — O nome Featherington ainda carrega muito peso. E se Portia realmente for a mente por trás de Bianchi, então Penélope está enfrentando algo muito maior e mais perigoso do que imaginávamos.

Between Blood and Desire. (Polin ' máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora