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Ao descer da van, Felicity foi conduzida por um dos capangas através de um corredor frio e sombrio. A ansiedade crescia em seu peito, mas ela manteve a postura firme, determinada a enfrentar Portia com coragem. Após alguns passos, a porta de uma sala ampla se abriu, revelando sua mãe.

Portia Featherington estava parada no centro do recinto, elegante e calculista como sempre. Ao ver Felicity, seu olhar transpareceu uma breve faísca de surpresa, rapidamente substituída pela sua costumeira frieza.

— Felicity, querida. Não achei que teria que vê-la tão cedo — Portia disse, com um leve sorriso cínico nos lábios. — Certamente, essa não é uma visita apropriada para alguém da sua idade.

Felicity não se deixou abalar. Embora tivesse apenas 14 anos, sua inteligência e maturidade já a diferenciavam. Ela deu alguns passos à frente, cruzando os braços.

— Não finja que se importa com a minha idade ou com o que é apropriado, mãe. Já sei o que você faz e que é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer, até mesmo colocar Penélope em risco.

Portia arqueou uma sobrancelha, admirada com a audácia da filha.

— Então é verdade o que dizem sobre as crianças de hoje em dia... crescem rápido demais. E eu pensava que você não sabia nada sobre os meus assuntos.

— Só porque você não fala sobre eles não significa que eu sou cega, ou burra. Eu sei que você manipulou Penélope durante anos e que nunca a tratou como uma mãe de verdade — Felicity respondeu, sua voz firme.

A frieza no olhar de Portia endureceu.

— Ah, Penélope... sempre a Penélope, a favorita de todos. — Ela deu um passo à frente, o olhar escurecendo enquanto falava. — Vocês todos nunca entenderam o que significa realmente ser uma Featherington, de verdade, sem rodeios. Vocês acham que podem ter tudo, mas nada sabem sobre o preço que eu paguei por isso.

Felicity bufou, mantendo o olhar firme sobre Portia.

— E por que você sempre culpa a gente por isso? A Penélope tentou de tudo para se aproximar de você, para fazer com que você tivesse orgulho dela, mas você sempre a desprezou.

Portia soltou uma risada amarga.

— Orgulho? Vocês não sabem o que significa sacrificar tudo para se manter relevante, para manter o poder. E Penélope... — ela balançou a cabeça, com desprezo — sempre fraca, sempre iludida pelo que chamam de amor. Ela se perdeu, Felicity, e eu não cometerei o mesmo erro com você.

Felicity deu um passo à frente, olhando diretamente nos olhos da mãe.

— A única pessoa que se perdeu aqui é você, mãe. Penélope pelo menos sabe o que é o amor, sabe o que significa se importar com alguém além de si mesma. Você se cercou de poder, mas, no fundo, está mais sozinha do que qualquer um de nós.

Portia hesitou, surpreendida pela profundidade das palavras da filha, mas logo recuperou sua compostura, sorrindo friamente.

— Ah, Felicity, é por isso que eu sempre soube que você teria um potencial maior do que Penélope. Você pode ainda não entender, mas, algum dia, verá que o mundo é cruel. E, quando isso acontecer, você vai agradecer por eu ter lhe ensinado a sobreviver.

Felicity olhou para a mãe, seu rosto mostrando uma mistura de determinação e desdém.

— Eu nunca vou ser como você, Portia. Nunca vou destruir as pessoas que amo só para ter poder.

Portia observou Felicity por alguns segundos, deixando o ambiente imerso em silêncio. Com um sorriso quase maternal, mas cheio de intenções ocultas, ela aproximou-se da filha.

Between Blood and Desire. (Polin ' máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora