aceito

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Capítulo 5: Aceito

Penélope despertou lentamente, sentindo sua cabeça pesada e latejante. A luz que entrava pelas janelas altas do quarto luxuoso era suave, mas parecia intensa demais para seus olhos. Ela piscou várias vezes, tentando clarear a visão. O corpo estava fraco, os membros pesados, e a tontura fazia seu estômago embrulhar.

Ao se mover ligeiramente, ela percebeu que algo estava errado. Um arrepio subiu por sua espinha, e o coração começou a acelerar. Foi então que ela o viu.

Colin estava sentado em uma poltrona ao lado da cama, imperturbável, o rosto frio como uma máscara. Ele a observava sem piscar, os olhos escuros fixos nos dela. Não havia traço de emoção em seu semblante – nem raiva, nem frustração, nem mesmo a habitual ironia que ele costumava carregar. Era como olhar para uma estátua viva, uma presença que a deixou gelada de pavor.

Penélope engoliu em seco e, instintivamente, levou as mãos ao peito, sentindo a batida acelerada de seu coração. Seu corpo reagiu antes que sua mente conseguisse processar tudo. O choque a tomou por completo, e um grito escapou de seus lábios.

— O que... o que você fez?! — ela conseguiu dizer, sua voz quebrada, ecoando na vastidão do quarto.

Colin permaneceu inexpressivo, imóvel. Seus olhos continuavam a observá-la, mas sua boca não se moveu. Aquilo a fez sentir um misto de medo e raiva. Era como se ele não fosse mais o homem que ela conhecia.

Ela se ergueu com dificuldade, apoiando-se nos braços trêmulos, e tentou focar seus pensamentos. Se ele a havia drogado, havia algo muito mais profundo acontecendo, algo que ela não compreendia. Mas se Colin queria jogar um jogo, ela não iria recuar.

Penélope inspirou fundo, tentando controlar a respiração ofegante. Seus olhos encontraram os dele, e ela sentiu uma onda de determinação atravessá-la.

— Está gostando do que fez? — ela disparou, a voz agora carregada de ironia e desprezo. — Eu espero que sim, porque se achou que me dopar iria me assustar, você claramente subestimou quem eu sou, Colin Bridgerton.

Ele continuou em silêncio, o rosto ainda impassível, o que só a irritou mais.

Penélope se ajeitou na cama, forçando o corpo a obedecer apesar da fraqueza que ainda a envolvia.

— Você acha que pode controlar tudo, não é? — ela continuou, a voz cortante. — Como se eu fosse um peão no seu jogo. Mas deixe-me te lembrar de uma coisa, Colin... eu não sou sua prisioneira. E nunca serei. Seja lá qual for o seu plano, eu vou descobrir. E quando eu sair daqui, você vai desejar nunca ter tentado me manipular dessa forma.

Ela esperava alguma reação, um sinal de que suas palavras tinham perfurado aquela armadura de indiferença. Mas ele permaneceu calado, os olhos ainda fixos nela, como se estivesse estudando cada detalhe de sua reação.

Penélope sentiu um nó no estômago. Não havia como saber o que Colin estava pensando, e isso a deixava mais vulnerável do que ela gostaria de admitir. Ela precisava de respostas – e precisava delas agora.

— Por que, Colin? — sua voz saiu mais suave desta vez, com uma mistura de confusão e cansaço. — Por que você fez isso comigo?

Finalmente, ele se moveu. Lenta e deliberadamente, Colin se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e entrelaçando os dedos. Seus olhos, antes distantes, agora a encaravam com uma intensidade perturbadora.

— Porque você me obrigou a fazer isso, Penélope. — A voz dele era baixa, quase um sussurro, mas carregada de um peso que fez o ar ao redor deles parecer mais denso. — Eu tentei ser razoável, tentei esperar... mas você continuou me desafiando. E agora, eu não posso mais ser o homem que você quer que eu seja. Eu tenho que ser o homem que preciso ser.

Between Blood and Desire. (Polin ' máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora